segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Os amotinados franceses

Cansei-me de ler comentários sobre a situação em França, mas despertei do torpor crítico, primeiro, ao ler as declarações de Jorge Sampaio e de Mário Soares, depois ao confrontá-las com a posição do Governo Português expressa pelo Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Fernando Neves.

Como é natural, o que há de comum é a condenação da violência e da intolerância. Mas logo de seguida vêm as teses da integração e da inclusão social pelas palavras de Sampaio e Soares. Aquele fala da necessária “capacidade de integração”, este das políticas de “inclusão”. Nos dois a mesma raiz ideológica que atribui à desigualdade e à exclusão a legitimidade social da violência, transformando os réus em vítimas e passando um pano desculpabilizante sobre as acções dos amotinados. Nem sempre o conflito decorre da lógica estritamente social, das desigualdades e da exclusão, e este parece-me ser um dos casos mais evidentes

Há anos que é prática corrente entre os jovens filhos de imigrantes (que já vão na 2.ª ou 3.ª geração) as incivilidades urbanas, especialmente a destruição pelo fogo de automóveis. A passagem do ano era um dos períodos preferidos em algumas cidades francesas (Toulouse, era conhecida pela regularidade e violência dessas acções). Desses e outros actos ficava sempre o ódio (julgo que recíproco) entre polícias e manifestantes.

O fenómeno não é, assim, novo na sua identificação, mas é novo na sua extensão e na expressão da violência.

É novo também na particular conjuntura política francesa e europeia. A crise de confiança e de autoridade das instituições francesas (um Presidente diminuído, um primeiro-ministro e um ministro a marcarem terreno para as próximas eleições, declarações desastradas e ainda a ameaça de recurso às forças armadas) e europeias alimentam e instigam os amotinados, sendo previsível que as solidariedades étnicas e religiosas façam passar rapidamente as fronteiras, colocando-nos a todos perante uma realidade que se conhecia, receava e que, mais tarde ou mais cedo, muitos sabiam que emergiria de forma mais ou menos violenta.

Não tenhamos dúvidas: o problema não é exclusivo da França.

Perante tudo isto torna-se incompreensível as declarações o “ex” e do actual Presidente da República. O exemplo veio do Secretário de Estado: "O Governo português espera que a situação se acalme e apoia a determinação do Governo francês em restabelecer a ordem". Nestas circunstâncias não pode haver outra posição.

51 comentários:

  1. Fiquei estarrecido... Nem quis acreditar... Mas só posso chegar a uma conclusão... estão os dois mais gágás do que eu pensava!

    Entre o "respeito pelos direitos do homem" de MS, para este senhor pelos vistos homens são só os que andam a assassinar reformados de 61 anos e os que andam a queimar igrejas, carros, lojas e negócios, ou passageiros deficientes motores de autocarros, os outros...AS VITIMAS... esses não são homens ou seres humanos... são estatísticas, são o que militarmente chamamos de "collateral damage"...
    E a excelente tirada de Sampaio com "é preciso deixar as minorias exprimirem-se como se entenderem exprimir...é enriquecedor para o país" só consigo dizer que TENHO VERGONHA DE SER PORTUGUÊS E TENHO VERGONHA SE ALGUMA VEZ ESTES COMENTÁRIOS FOREM OUVIDOS EM FRANÇA!!! Este comentários são comentários que eu esperaria de um F.Louçã, mas daquelas duas caricaturas???!!!... Inadmissível...

    Estes tipo de comentários só pode vir de quem conhece a realidade francesa pelo que lê nos jornais, pelo que lê nos livros, pelo que vê quando vai para França para as palestras ou conferências nas Universidades, pelo que vê quando vai aos meetings internacionais e fica no Ritz, no Georges V ou no Crillon (que diga-se de passagem são hóteis bastante agradáveis), e tudo o que vê da realidade francesa da "racaille" são os pais que trabalham como porteiros, camareiras ou bagageiros... Ou seja, são comentários de alguém que está completamente desligado da realidade e do que é o dia a dia do francês típico!

    Muito mais tenho a dizer sobre este assunto, mas já o fiz no Diário do Anthrax, e por isso não vou repetí-lo aqui... (se pedirem muito faço um Copy-Paste...eh...eh...eh...)

    Apenas concluo a dizer que de tantos iluminados que já ouvi por cá comentar a situação são raríssimos os que foram acertando em alguma análise, nem que fosse por aproximação...

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  2. Por acaso, e se bem me lembro, as duas vezes que andei à frente da polícia de choque foi quando o Soares era primeiro-ministro.
    E foi sensacional! Há alguma coisa mais espectacular para um puto de 15 que andar numa guerrilha urbana?
    Minorias, integração, tolerância,...Bah!

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  3. Caro Tonibler,

    essa tirada é de se lhe tirar o chapéu... os meus aplausos. :)

    Eu por cá também gosto muito de guerrilha urbana, mas é mais doutro tipo... hmmm... um pouco mais clarividente, digamos...

    PS- Esqueci-me de dar o seu a seu dono...que é... ainda bem que o pelouro dos Negócios Estrangeiros estão no Governo, ao menos tiveram uma resposta correcta e adequada à situação. Aqui não posso deixar de lhes dar o meu aplauso. Ao menos neste ponto o Governo mostrou que compreende que em nenhuma democracia se pode funcionar quando o total desrespeito pela lei e pela ordem impera.

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  5. Caro djustino,

    Uma pequena nuance, não sei se propositada ou inadvertida, no seu texto: a desigualdade e a exclusão não "legitimam", como o meu caro diz ser a posição de Sampaio e Soares. "Explicam", será o termo mais apropriado. Todo o seu texto se desvirtua com esta nuance.

    Ao virús (das aves?),

    Não quer explicar melhor qual o motivo de tanta indignação, que pela minha parte não percebi pevas?

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  6. O Samuel, o Huntington é claro, é que tem razão, embora os criticos da sua teoria discordem.

    Caro cmonteiro,

    Não vou responder pelo Virus, mas acha normal dizer: "é preciso deixar as minorias exprimirem-se como se entenderem exprimir...".

    É que se entende que isso é perfeitamente normal, então não haverá qualquer problema se eu, um dia destes, resolver alugar um CANADAIR, enchê-lo de estrume fresquinho e despejá-lo sobre a AR, pois estou a exprimir-me como entendo que me devo exprimir e acho que sou uma minoria.

    Da mesma maneira que não deverá haver qualquer problema se os moços do PNR - que são mesmo uma minoria - resolverem ir bater tachos e panelas (mais no que encontrarem pela frente), para o Rossio, pois estão a exprimir-se da forma como entendem que devem exprimir-se. Mas aqui deve haver qualquer problemazito caso contrário não estariam a querer ilegalizar este partido não é?.

    Enfim, é a vida.

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  8. Ao Antrax,

    Não brinque comigo. O Jorge Sampaio falava nisso, claramente dentro de um contexto de integração social e culural das minorias e não estava a referir os tumultos. Faça o favor de ir lá ouvir melhor.

    Por amor de Deus.

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  9. Caro cmonteiro,

    piu...piu...priuuu...piu... oopss!... Em bom português agora...eh...eh...eh...

    O motivo da minha indignação é ver pessoas de 61 anos assassinadas por quererem proteger o que é seu (mesmo que sejam caixotes de lixo), é ver igrejas queimadas na Europa por muçulmanos (e eu até sou mais para o ateu que religioso), é ver escolas onde as crianças desses bairros têm aulas arderem, é ver esquadras da polícia partir em fumaça apenas porque são o símbolo da lei e ordem... e por aí poderia continuar mas creio que o meu amigo já percebeu qual a ideia, não percebeu?

    Vamos ser claros NÃO GOSTO DE NENHUMa PARTE DE UMA MINORIA, OU ETNIA, OU MAIORIA QUE VEM VIVER NA MINHA SOCIEDADE E EM ÚLTIMA ANÁLISE PRATICA SISTEMÁTICAMENTE ACTOS CRIMINOSOS (ISTO APLICA-SE AOS EUROPEUS TAMBÉM). E depois com base na história da exclusão social desculpa-se-lhes tudo... inclusivé o assassínio... isso para mim é que é racismo... vindo de quem venha, sejam eles brancos, vermelhos, azuis ou pretos... Para mim não é a côr da pele que faz o criminoso, é a cultura e a mentalidade, e criminosos brancos também os há...

    Agora pegando na deixa do Anthrax... porque é que quando os "iluminados" do PNR querem fazer manifestações todos lhes chamam de racistas e idiotas (o que muitos assim que abrem a boca até o são) e quando são estes jovenzitos "excluídos socialmente" todas as alminhas piedosas os querem desculpar?

    Nã...é só o meu mau feitio a falar outra vez... não há aqui nenhuma razão para indignação...

    Já agora se quiser perceber a razão da indignação dê um saltito ao Diário do Anthrax e talvez fique mais esclarecido... Se preferir eu faço um Copy-Paste do meu comentário aqui...

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  10. caro djustino,

    Já escrevi umas coisas sobre o assunto depois de ter lido o seu artigo. Obviamente que de forma simpática pus a qestão do "inadvertidmente" quando sabia que tinha sido "propositadamente", porque já sabia que vinham de lá as velhas teorias ligando a esquerda à desculpabilização. O que é falso.

    O que está em causa são modelos de sociedade e não modelos de segurança social, e foi a isso que o PR se referiu, e a implementação de modelos neo-liberais do "cada um que se safe" continua a ter méritos por comprovar, como pode ter constatado em New Orleans quando o vento pôs a descoberto as desigualdades sociais e mostrou os mesmos conflitos, ou em Los Angeles nos anos 90. A ajudar, em França existe um clima latente de conflito civilizacional, de racismo e de xenofobia, agravado pelo facto de grande parte dos emigrantes ou dos seus filhos, todos árabes mas já franceses, terem uma grande permeabilidade a ideologias radicais. Não menos radicias no entanto que o Estado francês teve ao obrigar os muçulumanos a tirar o véu, ou a expulsar como se de criminosos se tratassem familias inteiras dos prédios de Paris. Não ligar estes recentes eventos e todo um comportamento social que em França exclui, renega e segrega, ao que está a acontecer agora, é não querer lidar de frente com o assunto.

    E é isto que está a acontecer meu caro, ou acha mesmo que 12 noites de conflitos, incendios, milhares de carros destruídos se explicam apenas pela «cultura adversarial»!?

    Durmamos nós descansados sobre a teoria dos "putos-ranhoso-mal-educados", não façamos nada a montante (e falo de modelos de sociedade e não de segurança social, que não é para aqui chamada, ao contrário do que se pretende) e amanhã vamos te-los a fazer o mesmo.

    E o problema vai ficando, enquanto as nossas consciências dormirem em paz e o problema for resolúvel à bastonada.

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  12. Ainda bem que o Dr. "D" consegue colocar aquilo que penso, de forma académica. :) Mas tenho fé que isto ainda lá há-de ir com o tempo e com a experiência.

    Por isso, aproveitando o comentário, faço dele as minhas palavras. Desculpar os "pobrezitos", dizendo que é a falta de integração e "coitadinhos" não se podem exprimir, é -de alguma forma - legitimar as acções praticadas e isso, nunca. Não há, nem nunca poderá haver negociações ou cedências a arruaceiros.

    Sei perfeitamente qual foi o contexto das palavras do PR e sei que não falava dos tumultos, mas não tiro nem uma palavra ao que disse anteriormente, por uma razão muito simples; isto é uma Democracia, ou se exprimem todos, ou não se exprime ninguém, porque o principio ou é universal ou não é.

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  13. Caro djustino:

    Concordo com a sua análise.
    Que acha desta?

    A realidade da emigração dos anos sessenta em Portugal.
    A meu ver, que conheci essa realidade pois nasci numa aldeia em que o fenómeno também se verificou e julgo poder tornar extensível de modo a formar uma petite téorie, a mon insu, quem emigrou de Portugal para a Paris da década de sessenta, por cá trabalhava por conta de outrém, nas mais diversas atividades: pedreiros ( que não eram livres, eram mesmo só pedreiros); carpinteiros; mecânicos; electricistas; empregados fabris. Essencialmente, actividades dedicadas à construção civil ou outras indiferenciadas, incluindo pequenos "caixeiros" como dantes se chamavam aos empregados de comércio.
    Foram sózinhos, ou em grupo. A "salto", e isto quer dizer, sem passaporte e com riscos de prisão, reais e palpáveis.
    Floresciam então os "engajadores" e os "passadores" que se reciclaram depois no contrabando raiano ou viraram taxistas refastelados.
    Por cá, em Portugal, cada notícia de abalo em grupo dava inquérito da Pide, com indagação directa e imediata junto do presidente da Junta de freguesia, para saber como foi possível e quem ajudou.Isto era real e foi presenciado por mim.

    Assim, os portugueses que abalavam estavm habituados por cá a uma vida de muito poucos privilégios.
    Trabalhavam num horário das 8 às 18, com uma hora e meia para almoço; trabalho ao Sábado ( a semana inglesa só surgiu nos anos setenta). Regalias sociais mínimas, se tanto. Assistência social reduzida e sem SMN ou vislumbre de apoio social digno desse nome.
    Havia Casas do Povo, que se foram construindo, com médico e enfermagem para atender os casos da aldeia. Funcionava bem. Os médicos ainda eram Joões Semana e as pessoas adoeciam menos e morriam mais.
    O salário era de miséria porque o PIB começava só então a crescer nas casas dos 5, 6%, mas a distribuição começava primeiro pela meia dúzia de famílias que agora mandam outra vez.
    O SOusa Tavares era da oposição e o filho, agora, é da família dos Salgados, Ricardos e Manuéis por ligações de casamentos e que então eram os tenentes das tais famílias.

    Os emigrantes, na Paris dos anos sessenta, não iam experimentar condições de vida concretas, mais duras do que já aqui experimentavam no dia a dia.
    As casas deles, por cá, eram tugúrios sem aquecimento que não o das lareiras a lenha; não tinham luz eléctrica numa boa parte dos casos e se tinham poupavam na conta; água corrente era uma miragem, pois vinha dos poços particulares e das fontes públicas. Os motores Rabor e Efacec qie tiravam a água dos poços, só se massificaram na produção anos mais tarde e foi por isso que um Narciso Miranda que experimentou bem este modo de viver e sabe muito bem como é, foi para a fábrica da Via Norte, trabalhar como operário qualificado.

    A comida também era pobre de variedades, mas rica em proteínas e sabores. Aí, provavelmente, os emigrantes perderam umas coisas e ganharam outras. Em vez do caldo de couves pela manhã, acompanhado a tijela de vinho, começaram a ganhar outros hábitos mais refinados, como o gosto pelo brie e pela baguette.
    O que encontraram em França, não foram residências HLM, pois era isso que eles iam para lá construir.
    Não encontraram quase nada e tiveram que se desenrascar em bidonvilles e em apartamentos baratos de de subúrbio, aos montes, como agora acontece com os imigrantes de leste, numa escala mais suave.

    Assim, o que tinham de útil e podiam dar e vender, era a força de trabalho. E nisso, foram melhores do que muitos. Tinham vontade, pois por cá também trabalhavam e por isso não viram novidade alguma, a não ser nos melhores salários e nas melhores condições de vida nos locais de trabalho.
    E tinham algo que era comum a todos: vinham de uma mesma civilização que ia à missa ao Domingo e obedecia a valores comuns pregados em comunidade.
    Franceses e portugueses, nisso, entendiam-se e só os separava a pobreza de uns em contraste com a afluência dos outros.
    Mas isso não é novidade, pois há disso em todo o lado e por cá também havia- como continua a haver.

    Assim, o paralelo a fazer entre a emigração portuguesa dos anos sessenta e os problemas actuais, têm um enquadramento e permitem perceber todo um mundo de diferença e também porque é que os portugueses se integraram e prosperaram e estes desgraçados árabes vegetam no isolamento social.
    Não há milagres na sociedade e tudo tem explicação.

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  14. Oh meu caro Virus, a melhor propaganda a um blog é o que o seu autor consegue escrever. E o que vejo não é grande coisa.

    Durma descansado sobre a sua teoria do «bom comportamento» (como se os imigrantes quando vão para o seu destino tivessem lido previamente um manual) e continue a manda-los para ghetos fisicos e sociais, e vá reforçando as forças da ordem, porque uma coisa sem a outra não pode ser.

    E tente comportar-se bem. Somos visita. Isto não é nosso. OK?... ok.

    Já agora uma questão de principio em relação ás manifestações de extrema direita, que com grande pena sua não têm mais aderência: O racismo como ideologia explícita é proibido. Está na CRP.


    Ao Anthrax,

    Uma das desvantagens da democracia é exactamente essa: dizer asneiras em nome do direito à opinião. E os outros terem que ouvi-las. E quem as profere saber que as disse, e em nome desse direito dizer que não retira uma vírgula. Um pouco anárquico tudo isto, mas o óptimo é inimigo do bom...


    A djustino,

    Vê o que lhe dizia sobre racismo latente?...

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  15. Caro josé,

    PARABÉNS. A melhor explicação de tudo o que vi até agora, e a melhor comparação. O meu caro sim... percebe exactamente de tudo o que estou a falar!

    Caro cmonteiro,

    Algumas dicas sobre a vida e a sociedade em França:

    1- Sabia que a mesma lei que proíbe a utilização do véu proíbe também a exposição pública de cruzes de cristo, estrelas de david, e qualquer outro símbolo de conotação religiosa nos locais considerados públicos (refiro às escolas, repartições de finanças etc. e tal).

    2- Sabia que as mesmas famílias inteiras que expulsam dos prédios de Paris são os chamados "squatters" que ocupam indevidamente prédios insalubres e em condições de ruína, que fazem as ligações eléctricas aos prédios vizinhos e que depois quando ardem, vêm todos gritar "Aqui d'El Rei" que o Estado não fez nada para lhes garantir a segurança, e por isso morrem ás dezenas nesses mesmos prédios que V.Exa. acusa agora o Estado de os querer despejar?

    3- Sabia que o Estado francês subsidia em boa parte a construção de mesquitas em vários locais em França, com o objectivo de ajudar à integração dos muçulmanos na sociedade?

    4- Sabia que o Estado francês não dá um tostão para as instituições católicas para a construção, manutenção ou recuperação de igrejas que tenham sido construídas após a separação Estado/Igreja-Religião, uma vez que estas igrejas já não pertencem ao Estado?

    5- Sabia que dos cerca de 1300 jovens detidos desde o ínicio dos motins 1 em cada 2 são jovens com menos de 16 anos? Onde é que eles querem arranjar trabalho, na direcção do BNP ou da Société Generale?

    6- Sabia que os pais destes jovens, na sua esmagadora maioria, trabalha e muitos deles têm negócios próprios? Então porque é que eles não se integram sequer na própria sociedade muçulmana?

    Se quiser eu contínuo...

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  16. Cmonteiro,

    eu vivo no planeta Terra... Outros vivem em Urano...

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  17. Racismo latente?... Puxa que injustiça. Quer que lhe comece a falar dos "Falcões Humanitários", dos "arco-iristas" e dos "falsos moralistas"? Ou isso é um bocado anárquico também?

    Para sua informação, tanto eu como o Vírus, para além de democratas, somos liberais e não advogamos qualquer tipo de ideal de extrema direita. Somos também da escola realista e de tendência anglo-saxónica. Para nós, a Revolução Francesa é um problema mal resolvido que caiu mal no estômago dos políticos continentais do século XVIII e até hoje continua a dar azia.

    Por isso, caro cmonteiro, não nos tome por "patetinhas" politicamente desorientados que não sabem em quais dos quadrantes se incluem e «dizer asneiras em nome do direito à opinião» é uma estrada de 2 sentidos.

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  18. Ainda bem que me avisa para eu não os tomar por patetinhas, porque estava prestes a faze-lo, mas sendo assim vou suspender...

    Ainda teoriza à volta da Revolução Francesa e eu é que sou de Urano?

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  19. Caro cmonteiro,

    o patetinha vai fazer um esquema que julgo ser compreensível por qualquer ser vivo e inteligente, mesmo vindo de Urano:

    ASSASSINIO (NO GERAL)= MAU
    AGREDIR BÉBÉS DE 13 MESES = MAU
    AGREDIR DEFICIENTES = MAU
    PEGAR FOGO A IGREJAS = MAU
    PEGAR FOGO AUTOMOVEIS = MAU
    PEGAR FOGO A ESCOLAS = MAU
    DISPARAR CONTRA A POLÍCIA = MAU
    PEGAR FOGO A AUTOCARROS = MAU
    DESTRUIR CENTROS COMERCIAIS = MAU
    MANIFESTAR DE FORMA ORDEIRA = BOM
    MANIFESTAR (TIPO GHANDI) = MUITO BOM

    Estou errado? Sou de extrema direita? Sou racista? Não sei... mas nunca precisei de ir à igreja para aprender estes valores. São valores incutidos pelos meus pais, e valores esses dos quais me orgulho muito...

    Se cumprir a lei e respeitar as pessoas e ideias, independentemente do sexo, idade, credo ou raça, é ser racista então sou racista e com muito orgulho... possívelmente o mesmo já não poderá V.Exa certamente dizer...

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  20. Caro Vírus,

    Vou deixar de suspender a classificação, porque o meu caro ainda não compreendeu que ninguém está a desculpabilizar, apenas está a alertar que futuramente é preciso inverter caminho e prevenir resolvendo o problema a montante, com mais e melhor integração.

    Se apenas encontra a palavra "BOM" e "MAU" para abordar o assunto, então confirmo a sua auto-classificação.

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  21. "Mano" Pinho Cardão :) Não se apoquente que nós somos pacíficos. Para além disso, estas discussões animam os fórums. Aliás, se o cmonteiro se deixasse ficar com as provocações, não havia dinâmica e "nós" (os rookies) não tinhamos ninguém para "metralhar".

    Caro cmonteiro

    F.y.i. é V.Exa. o "Patetinha" e "Patetinha" com letra grande, diga-se, porque "Patetinha" não é para quem quer, mas sim para quem pode.

    Não, não teorizo à volta da Revolução Francesa mas à volta das consequências que esta teve, principalmente nos Estados do sul da Europa e não, também não creio que seja proveniente de Urano. Mas acredito piamente que anda a comer ananases na Lua.

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  22. A seguir já sei que vou ter que levar com o Jonh Locke e a sua versão portuguesa, João Carlos Espada, tudo isto a propósito de Paris no século XXI...

    Está certo.

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  23. Caro cmonteiro,
    à parte de toda e qualquer ofensa pessoal deixe-me que acrescente que não levei nenhuma a peito, nem lhe levo a mal por defender aquilo em que acredita... bem ou mal (de acordo com o meu ponto de vista mal) tem o direito de o fazer... mas se conhece (ou talvez não) tão de próximo como eu a realidade francesa se calhar, independentemente da côr da pele, da côr política, ou da côr religiosa, não apreciaria certamente aquilo que se passa pois nada o justifica.

    Por fim, para si, e para todos os que "compreendem e aceitam" o que se passa a uns milhares de quilómetros de distância deixo esta frase:

    "QUANDO TUDO O QUE SE TEM PARA PENSAR É UM MARTELO, ENTÃO TEMOS A TENDÊNCIA DE VER TODOS OS PROBLEMAS COMO UM PREGO!"

    E isto é válido para todos nós, da Terra, passando por Marte e até Urano e Neptuno.

    Por vezes para combater o fogo é preciso utilizar o fogo... até os bombeiros sabem isso!

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  24. Ai cmonteiro! Se eu descubro que anda ali para os lados da UCP, o Locke vai ser o menor dos seus problemas! Vai é levar com os volumes do "Democracy in America" pela «goela abaixo»!

    Tirando isso, jamais me atreveria a dar-lhe com o Prof. Espada - por quem tenho grande respeito diga-se desde já - até porque nem sempre estou de acordo com ele.

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  25. Caro Vírus,

    A distorção repetidas vezes do que os nossos adversários dizem, não muda o sentido do que está escrito.

    Se o meu caro continua a não perceber que para que estes fenónemos não subsistam, é necessário integrar as comunidades, então mande-me o email que eu mando-lhe um desenho.

    A minha preocupação não são estes que andam a fazer distúrbios. Estes são incorrígiveis. Mandem-nos para as Berlengas. O problema está na próxima geração.

    OK? Consegue perceber ou vou repetir tudo outra vez?

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  26. Caro djustino,

    Perdoe-me o desassombro com que lhe respondo, mas concluir que é preciso repor a ordem, é tão fácil que não tem contestação. Explicar que esta onda de vandalismo é meramente uma "moda" entre os jovens, é ainda mais fácil e alivia-nos de responsabilidades. Tentar evitá-la futuramente é que é verdadeiramente difícil. E isso as opiniõs aqui expressas não abordam, porque é fácil levar o assunto para a falta de autoridade do Estado. Subjacente a isso desperta-se dentro de alguns o racismo e xenofobia latente, como aqui está bem demonstrado.

    Portanto se bem concluo, o meu caro djustino aborda isto como uma "moda" e sugere que como precaução (para além do óbvio reforço policial) façamos o quê? Esperemos que ela passe?

    É que isso é o que se vem fazendo de há 25 anos para cá em França, como o um sacerdote francês (honestamente não me lembro do nome) ontem explicou, e tal como ele bem preveniu e avisou... Voilá! Aí está a «moda»!

    Tudo o resto: autoridade do Estado, civismo, meninos-bem-comportados, putos-ranhosos, os maus da fita, é demasiado fácil e ao contrário do que os meus caros afirmam, demasiado desculpabilizador das responsabilidades que cabem a todos, e até aos criminosos.

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  27. Cmonteiro,

    é melhor repetir tudo outra vez porque o patetinha do planeta Terra não percebeu... se calhar é porque estamos a falar idiomas diferentes... eu falo passarinhês, o meu caro deve estar a falar Uranês... e esse eu não percebo sem o meu tradutor universal... deixei-o na minha nave espacial que foi para a revisão em Andrómeda!

    Mesmo assim eu vou tentar em passarinhês mais uma vez... ou seja, não há integração possível se as pessoas não se quiserem integrar, aquilo que aqueles jovenzitos sonham é uma tentativa de assimilação da cultura ocidental pela cultura islâmica extremista e radical, e não a verdadeira cultura islâmica que tem valores algo semelhantes aos nossos.

    A única coisa que aqueles jovens vão conseguir integrar optando pelas atitudes que tomaram vai ser a sua integração no sistema prisional francês, e nas bases de dados criminais, o que como calcula vai ser um excelente currículo para quem procura trabalho e quer uma oportunidade na vida... A próxima geração? Acha realmente que qualquer coisa que façamos hoje vai resolver alguma coisa? A 1ª geração foi integrada e grandemente aceite pela sociedade, e tá-se a ver o resultado da 2ª geração, porque é que julga que a 3ª vai ser pior? Só se começarem a explodir coisas (género Iraque) e aos tiros declarados no meio da rua aos civis e à polícia... já faltou mais... nãã... fui eu é que não percebi... repita lá outra vez...

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  28. Já agora caro Cmonteiro,

    explique-me lá onde é que foi buscar essa do racismo e da xenofobia que aqui está bem patente? É que fora o meu caro penso que ainda mais ninguém aqui se apercebeu disso, por isso se nos fizesse o grande favor de explicar onde foi buscar essa brilhante ideia nós agradecíamos...

    Eu não sou psicólogo (e isso já se viu bastante bem eh...eh...eh...) mas essas análises simplistas de chamar xenófobo e racista a quem defende que a reposição da ordem por todos os meios possíveis, e quem não está de acordo com as políticas de integração que o nosso excelso colega advoga como o ElDourado dos problemas sociais, roça mais um certo tipo de paranóia da vitimização e da perseguição...

    Portanto se nos fizesse o favor de explicar, nem que seja por desenho, ou para o e-mail x1593960@clix.pt, agradecíamos, pois talvez assim conseguíssemos ver a Luz (e não estou a falar do Estádio-o antigo), como o colega já viu!

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  29. Sem quase me atrever a entrar neste forum, sempre me resolvo a
    meter a minha colherada:
    A chamada "exclusão" começa logo
    na mais tenra infância, e, dela,
    é vítima a criança "diferente".
    Negra , ou albina, ou cigana,
    ou com um ligeiro defeito físico,
    ou demasiado gorda ou demasiado
    magra, etc, etc.
    A marginalização é feita pelas
    outras crianças, que tendem a
    deixá-la de fora das suas brincadeiras. Esta criança vai
    juntar-se a outras( se as houver)
    igualmente postas de parte.
    Quem ensina estes gestos cruéis?
    É o chamado instinto de sobrevivência. E é igual em todo
    o mundo. Caberia aos Educadores
    contrariar esta atitude, explicando
    como pode causar sofrimento.
    No geral, a educação é dada por
    quem tem poucas noções de verdadeiro civismo. E cresce-se,
    marginalizando ou sendo marginanalizado, com felizes
    excepções. Dos últimos, há uma
    grande parte que consegue fazer
    agulha e integrar-se.
    E há os que, mesmo sendo-lhe
    proporcionadas oportunidades para
    isso, as recusam, iniciando um caminho de auto-destruição.
    É racismo o que está por detrás
    dos motins em França.
    No caso, racismo de pele escura,o
    que parece ser polìticamente
    incorrecto reconhecer.
    O que se ouve é que são as
    consequências do racismo de pele
    branca (e isto também é verdade).
    Psicologias baratas, àparte, o
    desejável nem sempre é o possível,
    e o normal é um governo ir
    empurrando os problemas mais
    difíceis para quem vier a seguir...
    No momento, resta proteger os
    cidadãos cumpridores, tentando
    punir os prevaricadores.
    O que é capaz de não ser tarefa fácil, dada a faixa étária dos
    criminosos.

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  31. Grande Dr. "D"! Excelente análise. Estou perfeitamente de acordo.

    A única coisa sobre a qual ainda não pensei mais aprofundadamente é a história dos contextos pós-nacionais, visto haver bastantes pontos a ter em consideração (e pouco tempo para pensar neles), antes de ter uma opinião definitiva. E isto porquê? Eu não sei se é possível sustentar a afirmação de que o Estado-nação está em crise. Sei que à partida, o mundo da globalização é um bocado incompatível com o conceito tradicional de soberania, mas o conceito de Estado-nação não é igual ao conceito de soberania, da mesma maneira que a Europa não é constituida, unicamente, por Estados-nação.

    Na Europa, há Estados-nação, Estados com várias nações, Estados exíguos, etc mas que não deixam de ser Estados. E dentro de cada Estado há 1 povo ou vários povos e há também a população. Por isso ao falar-se de cidadania, penso que esta não deve - forma alguma - ser associada à questão da nação. É como lhe digo, ainda não me debrucei a sério sobre isto, agora que estas questões têm muito impacto no modelo de sociedade que se pretende criar ou implementar, isso têm.

    Quanto à crise de autoridade do Estado francês, ah isso parece-me muito, muito claro. Mesmo que não se conhecesse nada de política interna francesa, bastava analisar todos os discursos da política externa para se chegar lá (e para os mais incrédulos, já fiz isso mais do que uma vez - por obrigação - dá muito trabalho, mas chega-se lá).

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  32. Cara sininho,

    Na janela de comentários não é necessário mudar de linha quando a frase chega ao limite do espaço disponível, porque senão o seu texto aparece dessa forma, tipo poema encravado.

    Retive que qualquer francês branco se sente neste momento discriminado pelos pretos e magrebinos imigrantes em França. Se não fosse dramático seria hilariante.

    Quanto ao assunto em concreto dizia que?...

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  33. Estes comentários para o que o josé chama a atenção, o djustino e a sininho no seu excelente texto, são uma verdadeira lufada de ar fresco e uma análise cuidada.

    Tocam no essencial da questão... e onde o caro cmonteiro mais uma vez demonstra a sua total falta de conhecimento entre da realidade e sociedade francesa é quando afirma (mais uma vez de uma forma assustadoramente simplista) que retém que qualquer francês branco se sente discriminado pelos pretos (conforme o meu caro cmonteiro que chamou, e depois eu é que sou racista) e magrebinos. Deixe-me que lhe explique uma vez mais uma coisa que parece ainda não ter percebido:

    1- O que existe é um choque entre culturas, ou quem preferir de religões.

    2- O racismo não é dos "pretos" como lhes chama, mas sim dos africanos e norte-africanos de origem muçulmana. Caso não saiba os franceses oriundos das Antilhas também são "pretos" e não podem com os "pretos" de África, e sabe porquê? Porque são de religiões diferentes, os das Antilhas são católicos, a esmagadora maioria dos africanos (de países de influência gaulesa) são de religião islâmica.

    Se desejar posso continuar, mas não vale a pena, pois ainda não obtive comentários do meu caro aos 6 pontos que referi anteriormente...

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  34. Sobre este assunto não perder este post "Culpa porquê?" em http://www.memoriasdeadriano.blogspot.com/

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  35. Pelo que me parece do que vou lendo, as opiniões extremam-se entre aqueles para quem a questão social é o cerne das razões do conflito, e os outros para quem a questão cultural, "justificada" nas evidências que dos distúrbios emergem, é a causa de todos os males. Pelo meio, ficamos os que acreditamos numa síntese de tudo isto, sendo que alguns de nós ainda se interrogam sobre o que, prevalecendo neste binómio, ou ciclo vicioso, se quisermos, pode ser resolvido, ou, pelo menos, não potenciado, pelo modelo de sociedade que importa estruturar, para fazer face a esta realidade.
    Cá por mim, inclino-me para a preponderância da questão cultural como causa deste conflito, entendendo os motins de Paris como um dos braços da tenaz islâmica sobre o Ocidente, neste caso particular sobre a Europa, terreno fértil e propício a diversificadas formas de terrorismo urbano, seja por via da acção armada, seja pela desregulação do equilíbrio sócio-cultural. Arregimentadas por esta força islâmica catalisadora, cujas motivações são de natureza política, religiosa e cultural, e transcendem as objectivas condições de vida dos seus actores, aparecem as franjas dos desfavorecidos das sociedades desenvolvidas – os imigrantes, os naturais originários de outras etnias, todos os enteados da "fortuna", sejam eles os jovens párias, a mestiçagem complexada, os muito pobres, sendo irrelevante nestes a cor, a etnia, ou a cultura.
    Talvez por pensar assim, me parece redutor centrar, ora no fragilizado modelo social europeu, ora no neo-liberalismo fulgurante, uma possível explicação para os actos de violência a que assistimos. Ser capaz de ultrapassar este maniqueísmo na análise do problema, imprescindível, apesar de tudo, e encontrar abordagens inovadoras e diferenciadas para enfrentar o confronto natural nas sociedades multiculturais e multiraciais em que as sociedades nacionais da Europa se tornaram, em maior, ou menor grau, parece-me um dos grandes desafios colocados à Humanidade. Sobretudo porque, tudo o indica, a pressão das presenças africana, islâmica e muçulmana sobre o tecido social europeu vai intensificar-se, no horizonte temporal dos próximos vinte anos. Parece, portanto, recomendável que os filósofos sociais, os sociólogos, os políticos, os economistas, os católicos e os muçulmanos, o cidadão comum, enfrentem, desde já, uma verdade comezinha e terrível: quando postos em presença povos, raças e culturas, o conflito é um processo natural, e a ausência dele, artificialmente imposta por regras de um pretenso desenvolvimento civilizacional, não pode ser assegurada apenas a partir de processos de integração parcialmente assumidos pelas diferentes partes.
    Se é ser racista ter presente que o racismo sempre existiu e que sempre eclodiram conflitos de natureza racial e cultural quando dois ou mais povos se propuseram estabelecer relações de integração e de inclusão, fosse pela via pacífica, fosse pela via conflitual, então parece-me que todos teremos que aprender a ser racistas, como etapa necessária à compreensão e ultrapassagem deste problema. Se é ser xenófobo, estabelecer medidas proteccionistas à entrada de estrangeiros em determinado território, como forma de assegurar aos indivíduos que o habitam as melhores condições de vida, então teremos de cumprir a nossa etapa de xenófobos, enquanto não formos capazes de determinar o papel que reservamos ao Estado e aos indivíduos, na regulação e distribuição dos bens disponíveis.
    Sabemos como, em tempos passados, o espaço europeu resolveu este tipo de conflitos; não é por acaso que a história da Europa é uma história de guerras, de sujeições e de abusos entre os vários povos que a constituem. Sabemos, também, como a sociedade americana, que já nasceu numa dinâmica de imigração, resolveu os desafios da multiculturalidade, simultaneamente a sua fraqueza e a sua força. Acontece que numa Europa há muito apostada em políticas securizantes, e só na aparência concorrenciais com a pujança das outras culturas que, entretanto, foram emergindo, e mudaram o equilíbrio geo-estratégico mundial, Europa essa de que a França é o melhor expoente, não aprendemos nada, ou muito pouco, preocupados que estivemos a assegurar modelos sociais e culturais de que quisemos ausentes o risco da afirmação individual e da livre iniciativa, do conflito de vizinhança e do choque cultural, apostados em dinâmicas de integração assentes em falsas premissas, como o igualitarismo e a negação de processos de assimilação efectiva.
    O resultado vê-se e, ao que parece, dos discursos e das primeiras reacções, não estamos preparados para lidar com o conflito. Entre o chicote preconizado pelos arautos dos nacionalismos exacerbados, e a outra face oferecida pelos defensores da inclusão "democrática", mas não dignificante, há outras vias, vias a percorrer sem desfalecimento, até por motivos interesseiros, se outros não houvesse. Mas, lamente-se, ou não, entretanto ao chicote o que assim deve ser tratado, sem deslocados complexos e falsos moralismos, e à outra face o que a merece. Manter tudo como está é que não.Já não temos tempo.

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  36. Por acaso nenhum de vós tem acesso às explicações sociológicas tiradas por ocasião dos confrontos de Maio de 1968, nas mesmas cidades, não?
    Seria interessante comparar, para vermos se estes putos também vão ser designados como da geração de 2005, vistos como heróis e eleitos para o Parlamento europeu(já não vai existir, mas pronto...).

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  37. Quem é que está a ver estes putos como heróis camarada Toni?

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  40. É curioso não concordar comigo porque estou a dizer algo semelhante à 42 mensagens (agora 43)

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  41. Caro crack,

    mais um excelente post que nos faz reflectir sobre a realidade multicultural/religiosa com que a Europa secular se confronta actualmente.

    Caro cmonteiro,

    não se pode concordar com alguém que afirma a pés juntos que o racismo só tem um sentido que é das maiorias->minorias, e ao mesmo tempo ainda julga hilariante o facto de alguém alertar para uma realidade que é a de que afinal o racismo tem dois sentidos, logo por força daquilo que diz não está de certeza a dizer algo semelhante à 42 (agora 43) mensagens. Ou então estamos todos enganados...pois... deve ser isso... nós é que não tinhamos percebido a mensagem!

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  42. Claro que não percebeu. Mas isso já eu tinha percebido há muito.

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  43. Bom... ao menos o caro colega Cmonteiro já percebeu alguma coisa...ao menos um de nós!

    Eu cá por mim só sei que nada sei...

    O colega pelo que já vi só sabe que tudo sabe... que bom para todos nós... haja alguém com visão na Terra, qe nós por cá não percebemos nada disto! Não é meu amiguinho?

    Só uma pequena questão, depois de aterrar alguma vez saiu e viveu fora deste pequeno quadradito à beira-mar plantado? É porque existe todo um mundo lá fora... para além dos livros, da televisão e dos Morangos com Açucar! Outras culturas, outras religiões, outras raças, e temos todos de nos respeitar uns aos outros, não é só uns a respeitar os outros.

    Caso não tenha tido a oportunidade de saber, aqui neste cantinho do planeta nós (ocidentais se assim lhes quiser chamar ) estamos em maioria, mas noutros cantos a conversa é outra, e tanto quanto eu me lembro não me recordo de ver outros europeus ocidentais, que por lá vivem a amotinar-se na terra dos outros, a queimar mesquitas, carros, casas, assassinar à pancada reformados e a agredir bébes de 13 meses...enfim, o direito à expressão que tanta gente por cá "compreende".

    E já agora se isto aqui é assim tão mau, e cheio de racismo então porque é que querem continuar todos a vir para cá? Pelo que concluo, mal como já se percebeu para o colega dependendo da côr da pele, ou do credo temos interpretações diferentes da lei (Deus queira que não seja Juíz), do género:

    1- Um "branco" mata um "preto" (palavras suas, recordo) é certamente um crime racista, que espelha o racismo latente na nossa miserável sociedade. Logo não é legítimo porque na CRP o racismo não é tolerado.

    2- Um "preto" mata um "branco" é certamente um crime explicado pela exclusão social a que este (o "preto") se sente vetado e não será mais que uma forma de exprimir a sua revolta para com a sociedade na qual ele (ou alguém por ele) se insere. Logo será legítimo, porque já não é um crime rácico, portanto aos olhos da CRP já é tolerado.

    Grande analista han? Já percebi tudo...

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  44. Estava à espera que o meu comentário fosse o nº. 50, mas afinal tenho de me contentar em ser o nº 49. É como a pontuação dos testes de Q.I. Falta-me um bocadinho assim, para ser um génio e por isso devo contentar-me em ser, somente, "highly intelligent". Mas ainda não perdi a esperança. Tenho fé que um dia chegarei, pelo menos, aos 160 pontos.

    Tirando isso, grande crack! Isso é que é um bom ponto de vista! Bem estruturado e bem apresentado.

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  45. Ao djustino:
    O tipo de comentários do "Arrebenta" são, de facto, intragáveis para mentes de vereador.
    Paciência,
    como dizia o Guterres:
    é a vida :-)

    http://great-portuguese-disaster.blogspot.com/

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  46. Caro Vírus, o meu caro não pára de dizer disparates e aproveita agora a ocasião para despejar cá para fora lugares comuns. Não pode dar uma folga nas patetices que não cessa de escrever?

    É que só por falta de atenção, má-fé ou falta de capacidade de interpretação de um texto é que poderá ver algo que eu não disse: Fazer a apologia do crime.

    Em relação à CRP ela veio a propósito da sua indignação sobre as proibições das manifestações de extrema-direita. Então eu explico; Uma coisa é ser um racista e xenófobo envergonhado como o meu caro. Isso é permitido, porque não se assume a não ser nestas alturas em que se troca os argumentos por manifestos, e se vêm em pessoas como eu uns anjinhos defensores dos pretos-criminosos-mauzões, atacando-os.

    Outra coisa é preconizar, enquanto instituição, associação, agrupamento, teorias declaradamente racistas.

    Agora veja lá se se comporta e deixa de armar em menino birrento que quer botar cá para fora uns lugares comuns do imaginário fascizóide e apanhou esta discussão a jeito.

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  47. É impressionante como o meu caro Cmonteiro transformou uma discussão e troca de ideias num ataque pessoal e de mau gosto...

    Enfim o que vale é que nós por cá (os patetinhas dos meninos fascistas birrentos e de racismos escamoteados) já percebemos com que linhas se cose, e também já percebemos que o nosso excelso colega de blog, que apesar dos nomes com que alegremente me rotula não deixo de lhe agradecer a sua maravilhosa contribuição para este excelente debate, quando não tem argumentos viáveis e racionais se escuda no seu intelectualismo de esquerda liberal e na ofensa pessoal para tentar fazer passar o seu ponto de vista.

    Mas esta sua reacção exarcebada mais não faz do que dar razão aos que neste tema defendem o oposto. Não deixa de ser um caso interessante para analisar como o nosso colega tão rápidamente perde o decoro e recorre de dedo rápido ao "gatilho" quando confrontado num debate sério com ideias, e factos, sucessivamente estruturados.

    Já reparou que não rebateu sequer um único ponto dos que aqui apresentei, e outros dos nossos interlocutores? Porque será?

    Será do guaraná?

    Lamento que tenha acabado por transformar este debate num caso pessoal, não penso que seja essa a intenção dos que promovem estas saudáveis e agradáveis trocas de ideias... Aqui deixo-lhe mais um pensamento (se é que poderá servir para alguma coisa, mas em inglês)

    "IF YOU CAN'T STAND THE HEAT, THEN YOU'D BETTER GET OUT OF THE KITCHEN!!!"

    É que por aqui ela já estaria a começar a arder, o meu caro a atirar mais gasolina para o fogo...

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  48. Caro cmonteiro:
    Na sua resposta ao Vírus, acusa-o de "xenófobo e racista envergonhado, com um imaginário fascistóide".Não consegue,pois, entender qualquer argumento que arranhe, ao de leve, as suas idéias feitas.Este debate ficou, assim, uma espécie de conversa de surdos: "Como disse? Náo percebi. Ora repita lá..." De certeza também não vai entender o que vou dizer, a seguir: Vejo, em tudo o que tem escrito, um profundo sentimento de RACISMO. E não estou a falar em côr de Pele. Não encare isto como uma ofensa. É,tão sòmente, uma mera opinião.

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  49. Caro Vírus,

    Vou tentar responder a uma pergunta sua. Pergunta-me o meu caro o seguinte:

    "E já agora se isto aqui é assim tão mau, e cheio de racismo então porque é que querem continuar todos a vir para cá?"

    Bem... tem razão. Não consigo responder. Superioridade dos seus argumentos deixa-me sem palavras.

    Uma boa tarde.

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  50. Grande cmonteiro,

    certamente há aqui alguma confusão, a última coisa que eu me arrogo é a da superioridade de qualquer um dos meus argumentos!

    Ao contrário do meu caro eu não rotulo ninguém por achar que tenho mais razão que os outros... eu ouço (neste caso leio), tiro conclusões, certas ou erradas são as conclusões que a vida me ensinou a tirar, e comento...

    Espero dos meus interlocutores nada mais nada menos que isso... e estou preparado para ouvir de tudo de cada um... ao nível intelectual de cada um... encaixo o embate com um sorriso e ando para a frente... o ódio e a raiva não são produtivos nem contribuem para a paz de espírito ou riqueza intelectual.

    Sabe meu caro, muitas coisas na vida dependem do ponto de vista de cada um e das experiências e vivências de cada um... é preciso saber respeitá-las com dignidade, rectidão, espírito democrático (como aquele que Mário Soares tão bem conhece, recorda-se?) e sobretudo respeitanto a liberdade e o direito À existência dos outros, sem recorrer sistemáticamente ao insulto e ás palavras e rótulos fáceis, a esses eu rio-me deles... aliás frequentemente sugiro-lhes de me dar uns açoites (de preferência de chicote)... para acabar com a birra... mas ainda não tive sorte!... Ninguém se quer candidatar... pode ser que um dia...

    Até lá um grande abraço... e continue a mandar postais...

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  51. Continue a mandar postais uma ova! Agora é a minha vez!

    Mas afinal, o Vírus é racista e xenófobo porquê? Porque está a obrigar a olhar a realidade de frente e exerce a liberdade de expressão a que tem direito, sem qualquer medo e sem qualquer recurso a meias-palavras?

    Digam-me lá, que raio de conceito de Democracia é aquele, em que o dissentimento é punido e transformado em crime? Mas que tipo de conceito de Democracia é este em que uma minoria conta mais do que uma maioria e pior, é que a minoria ainda tem a pretensão de ditar regras e fazer chantagem (i.e. se não fazem o que eu quero, pego fogo a todos os carros que encontrar pela frente, durante o tempo que for preciso porque vocês têm medo).

    Para mim, quando alguém acusa outro de ser racista e xenófobo por simplesmente falar contra a corrente, significa que está a querer estabelecer – logo à partida – de quem é que o outro deve gostar e quem é que o outro deve odiar, porque se assim não for arrisca-se a não só a ser tratado como um delinquente intelectual, como também como deficiente mental que não sabe o que diz, pateta e ainda racista e xenófobo. Para mim, caro cmonteiro, o seu conceito de Democracia não só parece uma farsa, como também revela muito pouca tolerância à diferença. Da mesma maneira que o revelaram os senhores que, em 1993 quando a França baniu a imigração dos polígamos e autorizou a expulsão de território francês dos que já lá estavam, também não gostaram da ideia.

    Nesta altura, os adeptos do politicamente correcto e os adeptos do terceiro mundismo vitimista começaram logo a chiar que a legislação era um atentado aos direitos humanos e à pluridade étnico-religiosa e mais, os legisladores foram acusados de racistas e xenófobos quando a poligamia é proíbida para os nacionais de qualquer país da europa. Pessoas como estes senhores são, para além de hipócritas, falsos porque são os mesmos que em nome da inclusão social, fazem coisas fabulosas como pintar os prédios de Chelas em várias cores garridas – que se vejam bem à distância - para que todos os cidadãos saibam identificar bem, as zonas onde não devem nem andar, nem comprar casa a não ser que sejam amantes de desportos extremamente radicais. E são também estes senhores que em nome dessa mesma inclusão social, dão casas camarárias aos “menos favorecidos” enquanto o resto dos cidadãos, como são muito “mais favorecidos”, se quiserem peçam um empréstimo para comprar uma, senão azarucho.

    É... esta cena de se dizer tudo o que se pensa é tramado...

    ... chatice, o Arrebenta ficou com o nº 50.

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