Sempre me fez a maior confusão a versão da morte de Catarina Eufémia que enfrentou heroicamente a morte, grávida de pouco tempo, mãe de três filhos, e levando ao colo o menino de oito meses. Uma mãe que sabe que vai correr perigo de morte não leva consigo a criança, uma mulher grávida não devia ter aceite o perigo de encabeçar um grupo de mulheres revoltadas, nem as outras a deviam ter exposto a tal perigo.
O facto é que Catarina Eufémia não deve ter avaliado o perigo do que fazia, não teria sido um assomo heróico e revolucionário com que a pintaram para fins políticos o que a moveu, mas sim a atitude corajosa de quem achou que tinha o direito de mostrar a sua razão e a sua necessidade de um aumento de ordenado. Não contava com a morte.
Era esta a sua inocência, não precisava a história de lhe acrescentar uma falsa gravidez, como se o inocente fosse a criança e ela a revolucionária assassinada. A revolução vingaria a revoltosa e choraria o inocente, isso era o que convinha mais, como se a morte de alguém que afirma os seus direitos não desse tema para uma lenda arrebatadora de novas militâncias.
Não há agora dúvidas sobre a não gravidez de Catarina Eufémia e ainda bem. Afinal morreu só uma inocente, muito mais inocente do quem lhe construiu a história sem saber o que é ser mãe.
É importante?
ResponderEliminarSe a suposta gravidez de Catarina Eufémia foi suficientemente importante para ser divulgada durante décadas como sendo um facto, então a notícia de que, afinal, não estava grávida também é importante.
ResponderEliminarA conclusão é só uma: nem originais conseguem ser _ no Couraçado de Pontemkine, na escadaria de Odessa, também era uma cidadã mãe que consigo trazia um carrinho com o filhinho que foi carregada pelos algozes brancos dos Romanov.
ResponderEliminarCartilhas! cassetes!
Bem observado.
ResponderEliminarAqui perto, em Baleizão, nem todos estão de acordo com a versão do PCP. Mas silenciam a verdade, pois ali é o PC quem mais ordena. Fale-se com familiares de Catarina e perceberão o que quero dizer.