A Convenção Quadro da Organização Mundial de Saúde para o Controlo do Tabaco foi ratificada, a 8 de Novembro, por Portugal. Este documento exige, entre outras, a tomada de medidas legislativas.
O anúncio, por parte do Ministério da Saúde, de alteração da legislação de forma a impedir que se fume nos locais públicos e a venda a menores de 18 anos, é bem-vindo, mas, estranhamente, tarda em conhecer a luz do dia. Até parece que há alguns travões ao processo.
A luta contra o tabagismo assume importância mundial, já que se trata da principal causa de morte evitável. As medidas instituídas nalguns países, nomeadamente as de carácter proibitivo, estão a dar resultados surpreendentes. A par destas disposições, a educação e o esclarecimento dos mais jovens são vitais para contrariar este comportamento. Evitar que um jovem comece a fumar é mais prático e fácil do que levá-lo a desistir.
Os interesses ao redor do tabaco são de grande monta. O próprio Estado, na sua hipocrisia pseudo preventiva, não descura a cobrança dos impostos sobre o mesmo. Aliás, já anunciou aumentos para o próximo ano, o que não é despropositado como medida dissuasora, mas não deixa de ser alvo de críticas de lutas de classes. O reputado cronista, Ruben de Carvalho, já se insurgiu contra o facto do imposto ser maior no “vulgo cigarro, bem como ao chamado tabaco de corte fino destinado a cigarros de enrolar, isto é, a popularíssima "onça" que vemos os mais idosos enrolarem com fascinante proficiência nas propriamente ditas "mortalhas" de papel”. Acontece que não há aumento do imposto nos charutos e cigarrilhas, facto inexplicável e que traduz injustiça fiscal. Para mim podia e devia ser aumentado de forma substancial nestes casos. O que me preocupa mais é a forma encapotada de continuar a publicitar e estimular o seu consumo. É proibida a publicidade. Pois é! Mas, acontece que através dos filmes, sobretudo para os jovens, se consiga fazer passar a mensagem. Não se via desde 1950 cenas de consumo de tabaco como agora. Um estudo, publicado na revista médica Pediatrics, descreve “10,9 cenas de tabaco” por hora de filme em 2002, valor superior ao observado nos filmes em 1950! Foi em 1982 que se observou as cifras mais baixas, metade da observada em 2002.
Stanton Glantz, professor de medicina na Universidade da Califórnia, calculou que os filmes levam, anualmente, cerca de 400.000 jovens adolescentes a entrar no mundo de tabagismo. Um aspecto curioso diz respeito à diferença do número médio de cenas de tabaco entre os filmes classificados para jovens e os filmes de adultos. Neste último caso o número de cenas é manifestamente inferior. Alguém acredita que se trata de uma simples coincidência? A indústria tabaqueira não se coíbe de utilizar todas as formas possíveis e imagináveis para se alimentar. Os jovens são os alvos preferidos.
Se os velhinhos vierem a ter dificuldade na compra da sua “onça” de tabaco, motivado pelo próximo aumento do imposto, e por essa razão deixarem de fumar, ainda poderão beneficiar em termos de saúde.
Bem...Li até ao fim à espera da notícia 'Afinal fumar faz bem!'...
ResponderEliminarAgora que deixei, só faltava mesmo a notícia 'fumar faz bem, mal fazem as pastilhas elásticas...'.
Mas não, vá lá...
Pois, também estava a ver se me acontecia o mesmo mas o Prof. Massano não costuma pregar essas partidas. Boa sorte com as pastilhas elásticas, espero que acabe por deixar essas também e que se sinta realmente melhor por já não ter dependências. o pior é que, no meu caso, já vou alternando as ditas com um ou outro cigarro. Outra vez. mau sinal...Desejo-lhe mais sucesso, o melhor mesmo é não arranjar desculpas...
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