O voto diletante é um luxo a que continua a entregar-se uma parte não negligenciável dos que se consideram bem pensantes. Apesar de entrar pelos olhos dentro que o País precisa de políticos de qualidade, de quem seja capaz intervir com a palavra certa, de quem tenha experiência e provas dadas, enfim, de quem inspire confiança e contribua para a estabilidade, apesar disso há quem prefira refugiar-se no voto-que-não-decide-nada. Não por fidelidades partidárias, que essas ainda as podia perceber, mas por avaliações completamente marginais ao que está para decidir: quem é, de facto, o candidato que poderá desempenhar melhor o cargo de Presidente da República? Objectivamente, a grande parte dessas pessoas descrevem Cavaco Silva ou, nos casos mais exóticos, para não dizer irresponsáveis, consideram que ainda não é desta que podem eleger alguém digno da sua exigência. Mas depois entram com aquelas considerações de gente mimada, tipo “não simpatizo com a pessoa” ou “o tom de voz”, ou “a dentada no bolo rei”, ou a rigidez na postura, ou sei lá que mais detalhes absolutamente irrelevantes. Mas, se as ouvirmos falar do Director do seu emprego ou da Administração da empresa, não hesitam em dizer que preferiam um “tipo capaz” em vez de um simpático que não sabe o que faz, que estão desmotivados com “a falta de rumo”, que um incompetente não pode valorizar o trabalho dos outros… Se tivessem que votar para a sua empresa em dificuldades, em quem votariam? Num poeta simpático e com uma bela colocação de voz que vive de sonhos passados ou num homem decidido, estruturado, exigente e que sabe o que é preciso para andarmos para a frente?
É que há um tempo para divagar e um tempo para decidir.
Acredito que a grande maioria não tem dúvidas sobre isso e que Cavaco Silva vai ganhar, já no Domingo.
Com todo o respeito pela opinião, permita-me só um comentário: não há sonhos passados, os sonhos não têm data, talvez por isso sejam sonhos, mas também é preciso que haja sempre no mundo homens que sonhem...
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarO seu artigo gira todo em torno de um suposto super-homem que pela sua competência irá resolver todos os problemas do país. A questão é que vamos eleger um Presidente da República e para que não restem dúvidas, abaixo transcrevo as competências constitucionais deste órgão:
CAPÍTULO II
Competência
Artigo 133.º
(Competência quanto a outros órgãos)
Compete ao Presidente da República, relativamente a outros órgãos:
a) Presidir ao Conselho de Estado;
b) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o dia das eleições do Presidente da República, dos Deputados à Assembleia da República, dos Deputados ao Parlamento Europeu e dos deputados às Assembleias Legislativas das regiões autónomas;
c) Convocar extraordinariamente a Assembleia da República;
d) Dirigir mensagens à Assembleia da República e às Assembleias Legislativas das regiões autónomas;
e) Dissolver a Assembleia da República, observado o disposto no artigo 172.º, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado;
f) Nomear o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 1 do artigo 187.º;
g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;
h) Nomear e exonerar os membros do Governo, sob proposta do Primeiro-Ministro;
i) Presidir ao Conselho de Ministros, quando o Primeiro-Ministro lho solicitar;
j) Dissolver as Assembleias Legislativas das regiões autónomas, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nelas representados, observado o disposto no artigo 172.º, com as necessárias adaptações;
l) Nomear e exonerar, ouvido o Governo, os Representantes da República para as regiões autónomas;
m) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o presidente do Tribunal de Contas e o Procurador-Geral da República;
n) Nomear cinco membros do Conselho de Estado e dois vogais do Conselho Superior da Magistratura;
o) Presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional;
p) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, quando exista, e os Chefes de Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas, ouvido, nestes dois últimos casos, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Artigo 134.º
(Competência para prática de actos próprios)
Compete ao Presidente da República, na prática de actos próprios:
a) Exercer as funções de Comandante Supremo das Forças Armadas;
b) Promulgar e mandar publicar as leis, os decretos-leis e os decretos regulamentares, assinar as resoluções da Assembleia da República que aprovem acordos internacionais e os restantes decretos do Governo;
c) Submeter a referendo questões de relevante interesse nacional, nos termos do artigo 115.º, e as referidas no n.º 2 do artigo 232.º e no n.º 3 do artigo 256.º;
d) Declarar o estado de sítio ou o estado de emergência, observado o disposto nos artigos 19.º e 138.º;
e) Pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República;
f) Indultar e comutar penas, ouvido o Governo;
g) Requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de normas constantes de leis, decretos-leis e convenções internacionais;
h) Requerer ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade de normas jurídicas, bem como a verificação de inconstitucionalidade por omissão;
i) Conferir condecorações, nos termos da lei, e exercer a função de grão-mestre das ordens honoríficas portuguesas.
Artigo 135.º
(Competência nas relações internacionais)
Compete ao Presidente da República, nas relações internacionais:
a) Nomear os embaixadores e os enviados extraordinários, sob proposta do Governo, e acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros;
b) Ratificar os tratados internacionais, depois de devidamente aprovados;
c) Declarar a guerra em caso de agressão efectiva ou iminente e fazer a paz, sob proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e mediante autorização da Assembleia da República, ou, quando esta não estiver reunida nem for possível a sua reunião imediata, da sua Comissão Permanente.
........................
Tire agora as suas conclusões.
Cumprimentos,
Antonio A Felizes
http://regioes.blogspot.com
Caro IC, uma coisa é ter capacidade de sonhar e de manter vivas as memórias do que vale a pena não esquecer; outra, muito diferente, é alimentar nostalgias, ficar preso ao que já passou como se o futuro ficasse sempre diminuido perante a grandeza do passado e nos bastasse habitar nessa memória.
ResponderEliminarCaro AAFelizes,
não acredito em super homens nem em super cargos, por isso acho que temos todos que contribuir para que o País avance aproveitando os que, tendo as necessárias qualidades, se dispõem a dar o seu contributo. Não concordo nada com a desvalorização do cargo de PR, e não seja por aí que se fundamente um voto em quem nada poderia, de facto fazer. Um mau PR ou uma "figura de estilo" podem fazer uma grande diferença nos destinos da Nação e exemplos não faltam infelizmente...
Marga, a imagem além fronteiras é garantida pela competência e pela autoridade com que se abordam os assuntos importantes, pelo menos é com essa imagem que eu acho que nos devemos preocupar. A outra de que fala é a aparência que, de facto, não resiste às circunstâncias que requerem as tais qualidades de que fala logo no início do seu comentário.
Jorge Lúcio o que me preocupa é que aquilo a que chama "esquerda" prefira um discurso "mais genuíno (em quê???) ainda que algo (!!) demagógico" a um projecto concreto bem sustentado por uma pessoa a quem não se regateiam méritos e provas dadas.Não é um debate de simpatias nem há tempo para tirocínios de quem não tem nenhuma experiência do exercício em concreto da governação. Não encontrei no seu comentário nenhum argumento contra CS mas apenas uma análise de possíveis tácticas eleitorais esquerda-direita!
ResponderEliminarJá vos disse que Manuel Alegre é sócio do Sport Lisboa e Benfica e já foi candidato aos seus orgãos sociais???
ResponderEliminarE ganhou...?
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarSe Manuel Alegre tivesse ganho para um cargo nos orgãos sociais do Sport Liboa e Benfica, não estava agora a candidatar-se a um cargo menor como ser Presidente da República. A nação ainda está acima do estado.
Concordo inteiramente com o post da Dra.Suzana Toscano. Portugal está num momento da sua história em que é preciso decidir, em que é preciso trabalhar e nesse sentido só o Prof.Cavaco Silva tem a competência e a ambição necessárias para desempenhar da melhor forma o cargo de Presidente da Républica. Quanto aos poderes que o Presidente da Républica tem, eu, por mim, estou farto dos comentários de alguns notáveis e outros menos notáveis de que o Presidente da República nada pode fazer, mas que 5 minutos a seguir, vêm dizer que é um perigo se o Prof.Cavaco Silva ganhar as eleições. No dia 22 de Janeiro, estou absolutamente convicto, de que os Portugueses vão votar em quem se candidatou porque " acredita que Portugal vai vencer ", dizendo não às utopias, radicalismos e desactualizações de outros candidatos.
ResponderEliminarO currículo de Manuel Alegre? A Trova do Vento que Passa, A Flôr de Verde Pinho, o preâmbulo da CRP, o Quadrado, Sócio do Sport Lisboa e Benfica, defendeu a tourada de Barrancos perante 229 deputados contra o direito à identidade cultural, atacou António Guterres contra 80% da assembleia da república contra o crime de guerra comitido pelos governantes portugueses e, principalmente, "a mim ninguém me cala". Um Homem, um Presidente da República!
ResponderEliminarTonibler, vá lá que o Grande Benfica não o quis...Sempre é um alerta!E, se não servia para o Benfica, também não serve para o País, acho que estamos de acordo =))
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarNão acredito que esteja a sugerir que uma realidade de 14 milhões de almas como é a do Sport Lisboa e Benfica seja de menor importância que uma nação de 10 milhões.
Caro Jorge Lúcio,
Bem, atendendo à qualidade dos orgãos sociais mais recentes da República Portuguesa....
Caro Pinho Cardão:
ResponderEliminarMuito se engana...