Vital Moreira insurge-se no seu Causa Nossa contra o facto de Cavaco Silva e os seus apoiantes terem cantado "Grândola Vila Morena" "numa sessão de propaganda eleitoral naquela cidade alentejana". Indigna-se ainda com o " oportunismo eleitoral" do acto.
Para uma certa esquerda que se julga dona da simbologia da liberdade e da revolução, um acto de campanha torna-se assim numa "sessão de propaganda" e na manifestação de "oportunismo eleitoral". Se fosse Mário Soares, apoiado por Vital Moreira, seria um "acto patriótico" de exaltação da liberdade e dos valores da democracia.
O que Vital Moreira não perdoa é que Cavaco entre num santuário da esquerda e tenha apoio popular, que tenha a apoiá-lo um "ex-capitão de Abril", actualmente presidente da Câmara de Grândola, e ainda tenha a coragem de cantar o que se transformou num hino de que a esquerda quer ter o exclusivo.
Vital Moreira e uma certa esquerda comportam-se como donos da liberdade numa atitude tão anti-democrática e mesmo totalitária quanto os desvarios que se seguiram à Revolução. Há coisas que dificilmente mudam na cabeça das pessoas e estes tiques são um bom exemplo do que não muda na cabeça de Vital Moreira.
[Actualização]
Para não contrariar a regra o indefectível Jerónimo também se mostrou chocado com a "Grândola Vila Morena" na boca dos apoiantes de Cavaco Silva.
[Actualização, 8.01.05]
Bastou chegar ao fim-de-semana para ler a edição do Público de Domingo e acrescentar mais um distinto dono: Mário Mesquita.
Não reparou o Vital na abusiva utilização do espaço público que constitui o facto de Cavaco Silva ter pisado as pedras da calçada. Parece impossível que uma calçada construída com o suor do operário alentejano queimado pelo Sol das searas e resultado da exploração da mão-de-obra barata local, seja agora aproveitada para uma acção de campanha completamente oportunista. Esse tal de Cavaco ainda não compreendeu os valores de Abril e da conquista da Liberdade.
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