sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Uma maioria, um governo, um presidente

Não sei se o velho sonho de Sá Carneiro expresso na frase "uma maioria, um governo, um presidente" alguma vez se concretizará no quadro das soluções governativas do centro do espectro político português.
Sei apenas que essa combinatória só se concretizou à esquerda e de forma limitada. Primeiro com Guterres e Sampaio, mas sem maioria absoluta, depois num escasso período de um ano prestes a completar-se, com Sócrates e Sampaio.
Está por avaliar que consequências poderá ter este último ano. Sei, entretanto, que consequências teve a primeira experiência. Com um presidente, um governo, uma maioria relativa na Assembleia e uma maioria clara nas autarquias, assistimos a um dos períodos mais negros e mais irresponsáveis da história política portuguesa, pelo qual pagamos hoje e continuaremos a pagar nos anos vindouros.
O sonho de Sá Carneiro foi transformado num pesadelo e poderia tornar-se numa reedição revista e ampliada caso não se concretizasse a candidatura de Aníbal Cavaco Silva.
Com Guterres, Vitorino, Soares ou Alegre, o projecto de Sócrates não passaria, a médio prazo, de uma versão aggiornata do Guterrismo e do pesadelo. Afinal, com algumas honrosas excepções, a tralha é a mesma.
Com a esperada vitória de Cavaco Silva, Sócrates poderá sentir-se obrigado a governar o País e a fazer as reformas que todos reconhecem como necessárias e urgentes. Esperemos que Sócrates saiba ler os resultados do próximo domingo e retire as devidas consequências.

5 comentários:

  1. Caro djustino,

    Tirando a parte do apelo ao voto, deixe-me dizer que está a ser injusto com Jorge Sampaio. Jorge Sampaio durante a vigência do governo de Durão Barroso, de que fez parte, passou a vida a apelar ao entendimento dos maiores partidos o sentido de se conseguir um entendimento face às medidas que o PS então criticava e que hoje aplica. Fê-lo com Barroso, mas fê-lo com Guterres tb. E era o partido dele que o ignorava.
    E como Jorge Sampaio sabia o que era necessário, tb Manuel Alegre, ou mesmo Garcia Pereira, o saberiam fazer.
    Não está na côr, está na pessoa. Cavaco é pessoa para isso? É. Mas os outros também (tirando aquela lesma sem escrúpulos cujo nome será esquecido na segunda-feira).

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  2. Vamos ver se não dirão de Cavaco aquilo que os PS's disseram de Sampaio...(isto se Cavaco bater Manuel Alegre, claro...)

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  3. Quais devidas consequências?
    Demitir-se?
    Deixar Cavaco governar a partir de Belém?
    Deixar de ir de férias para a neve?

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  4. Sobre as presidenciais ver http://memoriasdeadriano.blogspot.com/.

    Boa reflexão.

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  5. Na recta final da Campanha Eleitoral desta 1ª Volta, Cavaco Silva responde ao Questionário de Proust

    Qual a sua ideia de felicidade perfeita?
    Um Governo, uma Maioria, um Presidente.

    Qual é a personagem histórica que mais admira?
    EU

    Qual a sua característica mais marcante?
    Vaidade e Arrogância.

    Qual a característica que mais deplora nos outros?
    Humildade e Compreensão.

    Qual sua característica mais deplorável?
    Não ter os músculos do Governador da Califórnia, para resolver isto como realmente queria...

    Qual a sua ocupação preferida?
    Fazer de sonso.

    Qual a qualidade que mais admira num homem?
    A ambição

    E numa mulher?
    Que se ponha ao serviço da ambição do homem dela.

    Quais os seus escritores favoritos?
    Não sei, porque raramente consulto a ficha editorial do “Financial Times”

    Qual é o seu lema?
    Uma mentira muitas vezes repetida começa a parecer uma verdade.

    Com qual figura histórica mais se identifica?
    EU

    Qual a sua maior extravagância?
    Fingir que não sou eu.

    Qual a sua viagem predilecta?
    Boliqueime-Lapa

    O que mais valoriza nos amigos?
    Que se ponham todos ao meu serviço, enquanto preciso deles, e que depois não reclamem, quando os afasto.

    Qual o seu herói preferido na ficção?
    Pinóquio.

    O que lamenta não ter feito?
    Não ter limpado a tempo o sebo a… Desculpe, não posso responder a isso, nesta fase da Campanha Eleitoral.

    Qual o maior amor da sua vida?
    Eu

    Onde e quando foi mais feliz?
    Lisboa, entre 1985 e o Dia do Levantamento da Ponte.

    Qual a sua maior realização?
    Ter conseguido tirar 3 cms. de alcatrão na camada de desgaste de todas as estradas deste país, e ter assim tornado algumas pessoas bem mais ricas e mais felizes.

    Mentir, às vezes, é necessário?
    Sempre.

    Se pudesse voltar à vida como outra pessoa, quem seria?
    Eventualmente, o Dr. Oliveira Salazar.

    Como gostaria de morrer?
    De aqui a 100 anos, como ele, na cadeirinha, mas sem saber que estava a morrer.

    Qual pergunta falta fazer?
    Vai mesmo haver sangue.

    E qual seria a resposta?
    Q.B.

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