De vez em quando sou levado a comentar o papel de certos alimentos e bebidas na prevenção das doenças.
O papel do vinho e, recentemente, também, da cerveja na prevenção das doenças cardiovasculares generalizou-se a ponto de todos ou quase todos saberem das suas virtudes “milagrosas”. Mas, será que é bem assim? Os investigadores procuram o segredo das mesmas nas diferentes substâncias químicas. Muitas são consideradas como sendo as responsáveis. No entanto, é preciso tomar em linha de conta outras variáveis. As pessoas menos saudáveis não bebem tanto, os que bebem que uns desalmados morrem antes do tempo “evitando” a morte por doenças cardiovasculares! Mas há outros factores que distinguem as diferenças protectoras entre o vinho e a cerveja. Os produtores da última fazem todo o esforço por a “vender” de um modo idêntico ao vinho. Mas parece que há diferenças. Os consumidores moderados de vinho têm hábitos mais saudáveis. Um estudo recentemente publicado veio revelar que estes comem mais azeitonas, mais fruta, mais legumes, usam mais óleos vegetais e consomem menos gorduras saturadas do que os consumidores de cerveja. Por outro lado os perfis de compras nos supermercados entre os dois tipos de consumidores de bebidas alcoólicas são também diferentes. Os adeptos da cerveja compram mais comidas pré cozinhadas, mais açúcar, carne de porco, manteiga, salsichas e soft drinks. Em contrapartida, os enófilos têm tendência para comprar mais fruta, vegetais, aves, azeitonas, queijo com teor baixo de gordura, leite e azeite. O fenómeno foi observado na Dinamarca, França e Estados Unidos e envolveu mais de 3,5 milhões de compras.
Aqui está uma razoável explicação para um fenómeno que anda a ser aproveitado de uma forma pouco saudável, e para o qual contribuem alguns responsáveis da área da saúde.
Com estas atitudes é impensável ser convidado para fazer parte dessas confrarias. Deixá-lo! Não é por isso que vou deixar de apreciar um bom vinho, mas daí a considerá-lo como um preventivo vai uma grande distância.
Socorro vou morrer cedo! Nunca provei um só grama de alcool na vida... Será por isso? Terei caido num pote de vinho à nascença? E que tal comentar o meu blog, professor/ tutor?
ResponderEliminarPor acaso, é uma patetice que num país muito mais avançado que esses que citou na análise de "carros de compras" este estudo não exista para nós. Se o Prof. Massano Cardoso pedir à Modelo Continente eles certamente lhe dão acesso aos dados e tem aí um estudo relativamente rápido face aos hábitos dos portugueses. Eles sabem isso de cor e salteado.
ResponderEliminarEstes hábitos de consumo são muito "nacionais". Um consumidor de vinho americano é completamente diferente de um português.
Cara Maria João
ResponderEliminarNão vai morrer cedo, não senhora.
Os dados dos diferentes estudos têm uma particularidade interessante: são aplicáveis (quando são!) a grupos de indivíduos, mas perdem toda a sua força quando se extrapola para cada um. O mal de muitas interpretações é precisamente "individualizar" os resultados.
Olhe, por exemplo, para que alguém beneficie de uma terapêutica preventiva, pode ser necessário tratar 30 pessoas para que uma (é verdade) possa realmente beneficiar. E, neste caso, posso afiançar-lhe que é muito bom, porque muitas vezes é necessário ministrar uma determinada substância a 100 ou mais. Neste caso não será muito aconselhável.
Quanto a ter, eventualmente, caído dentro de um pote de vinho à nascença, não acredito. Pode ter caído, isso sim, dentro de um pote cheio de elixir da juventude e da saúde....
Caro Tonibler
Atendendo às características dos produtos enunciados não é de esperar tantas diferenças entre nós e alguns desses povos. Em investigação é muito comum a presença de variáveis de confundimento que nos baralham as nossas interpretações. Considero interessante a abordagem dos autores relativamente ao efeito “protector” das bebidas alcoólicas. Como sabe tudo isto começou já há alguns anos a propósito do famoso parodoxo francês. Os franceses comem muito queijo e outras gorduras saturadas e têm taxas de enfarte mais baixos do que outros países. A explicação dada na altura teria a ver com o consumo de vinho, o qual compensaria os efeitos perniciosos das gorduras saturadas. Em termos epidemiológicos não foram correlacionados a nível individual, queijo com vinho versus não queijo e não vinho, vinho sem vinho, queijo sem queijo, entre outros.
Caro Mário GS
A propósito do seu comentário gostaria de dizer o seguinte: sabemos que o queijo combina muito bem com vinho. É um facto. Muitos peritos escolhem os melhores vinhos para acompanhar os bons queijos. Ora não vale a pena escolher os melhores vinhos, pela simples razão de que ao comer queijo ficamos “insensibilizados” às qualidades sápidas dos vinhos. Ou seja, não conseguimos distinguir um bom vinho de um menos bom! Neste caso quando estiver com os seus amigos a comer um bom queijo pode aproveitar para se desfazer não de um zurrapa qualquer, mas, daquela colheita menos boa. Garanto-lhe de que não vão dar por nada…