A associação sal, hipertensão e doenças cardiovasculares está bem definida e dificilmente encontraremos algum português que não a conheça. Apesar de tudo o consumo de sal continua bastante acima do recomendável agravando ou dificultando quaisquer medidas terapêuticas e preventivas. Aliás, é muito comum ouvir a reacção de desagrado quando se aconselha alguém a comer muito pouco sal. Muitos ficam apreensivos com tamanho “castigo” e invocam de imediato que comem muito pouco, não comem muito, qual quê! – Ai senhor doutor se me tira o sal eu não consigo comer. - Ai que eu morro! – O que vou fazer à minha vida? As expressões são das mais diversas traduzindo nalgumas pessoas, e não são poucas, uma apetência louca para o mesmo. Há alguns que acatam as regras e não mostram grande desconforto. Sempre me intrigou o porquê desta dualidade que qualquer médico confronta no seu dia a dia. Reacções muito diferentes. Não será, como alguns pretendem explicar, que nos primeiros tempos de vida nos habituamos ao sal e depois não conseguimos passar sem ele. Afinal, parece que tudo começa na barriga da própria mãe. Ou seja, as crianças que nascem com baixo peso têm maior apetência para o consumo do sal face aos que nascem com peso normal. Este fenómeno foi muito bem estudado por um investigador que tem seguido muitas crianças ao longo de vida testando-as desde os dois meses de idade. Não é que, de um modo geral, os de mais baixo peso à nascença sentem mais prazer em bebidas com teores de sal mais elevados? Parece que a apetência para o sal é programada nos primeiros tempos de vida intra-uterina. As razões para o baixo peso à nascença são múltiplas, mas além desta “causa” há uma outra que tem a ver com o período de vómitos e enjoos verificados nos primeiros tempos e que muitas mulheres sentem de forma particularmente violenta. As perdas de sal motivadas pelos vómitos desencadeia um conjunto de mecanismos de defesa por parte do organismo materno, destinados a minimizar quaisquer carências, mas que acaba por se repercutir no próprio filho ou filha. Claro está que esta alteração à programação poderá acompanhar o ser em formação para o resto da sua vida “obrigando-o” a ingerir mais sal do que o necessário. Sendo assim, e a verificar-se esta interessante hipótese, poderemos, um dia, concluir que afinal os tais indivíduos que têm tanta dificuldade em deixarem de comer sal (e têm mesmo!) não são “culpados”. Foi a mãe que andou a vomitar por tudo quanto era sítio, que, quando nasceu, era pequenino. – O que é que o senhor doutor quer? Eu não tenho culpa!
Agora já sabe, se vomitou ou vomita muito durante a gravidez ou se o catraio quando nasceu era pequenito então a probabilidade de vir a ser um consumidor de bacalhau salgado ou usar o saleiro às refeições é muito grande.
Caro Massano Cardoso, o hábito do sal, seja determinado no útero seja por tradição culinária, é corrente entre nós. Mas a verdade é que é terrível passar a comer tudo insosso de um dia para o outro. E pergunto-me se não é tão mau como o sal a mais, porque se uma pessoa já está doente e fraca e ainda por cima a comida lhe dá repugnância por não ter gosto nem cheiro, como pode um infeliz melhorar? Isso acontece geralmente no hospital, em que a hora da refeição é tudo menos agradável e muitas vezes a doença não tem nada que ver com o sal. E, se tiver, o corte radical é aconselhável? Há tempos fui ver um amigo que teve uma acidente e viu-se sem cigarros e sem sal, veio de lá arrasado...
ResponderEliminarNem me fale da comida dos hospitais...É um bom sítio para fazer uma cura de emagrecimento´!
ResponderEliminarMesmo quando não é esse o objectivo! =)
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