... as quotas.
No início, o pagamento da quota era um acto voluntário.
Pagava quem queria.
Não havia multibancos ou sistemas de cobrança por vales postais.
O sistema era simples. Ia-se à secção do Partido - naqueles tempos duas a três vezes por mês - o tesoureiro abordava-nos - "cravava-nos" - e pagávamos a quota.
Depois o sistema evoluiu.
Passou a haver cobradores. Iam à nossa casa.
O dinheiro revertia sempre para a Secção.
Um dia, lá pelos anos 80, escreveram nos estatutos que só se podia votar se as quotas estivessem em dia.
Mas não havia problema.
No dia das eleições da Secção, pagávamos a quota e votávamos.
Então descobriram que havia manipulação dos cadernos eleitorais.
Que, nas Secções, havia pessoas que impediam outras de votar.
Faziam os cadernos eleitorais à sua medida.
Então, em 1996, tomaram duas medidas drásticas!
Os cadernos são elaborados pela Sede Nacional.
E as quotas são cobradas pela Sede Nacional, que fica com uma parte da receita para pagar o novo sistema.
E escreveram nos regulamentos que, para se poder votar, as quotas deviam estar pagas até ao dia da convocação das eleições - ou seja 30 dias antes destas.
Passámos a ter os senhores das malas que vinham à Sede Nacional com milhares de contos e pagavam as quotas de centenas ou milhares de militantes. Depois convocavam as eleições!
Afinal, tratava-se de um bom investimento... Quantos mais militantes, mais delegados à Assembleia Distrital e ao Congresso. Logo mais poder. Para já não falar do que se passava nos orgãos concelhios em matéria de escolhas e candidaturas às várias eleições locais.
Como é natural, estes "beneméritos" encarregavam-se de assegurar que a sua Secção era a maior do Distrito e de informar os militantes que lhes tinham pago as quotas...
O novo poder rapidamente se tornou uma ameaça.
Afinal, ganhava quem tinha mais dinheiro, porque pagava mais quotas e ficava com mais delegados.
Agora dizem que é necessário acabar com esta pouca vergonha.
Estou totalmente de acordo!
Mas será que ao deixarmos nas mãos de uns quantos senhores instalados na Sede Nacional do Partido todo o poder de controle dos cadernos eleitorais e do pagamento de quotas, estamos a criar um sistema mais transparente?
Quem garante que este sistema não é igualmente manipulado?
Gostaria de voltar às origens.
As quotas não devem ser obrigatórias.
Constituem receita das Secções.
Para se votar basta estar inscrito no Partido há mais de um ano.
Caro Vitor Reis
ResponderEliminarNo Reformista está a proposta de alteração estatutária a esse ponto que enviei para a comisão de revisão de estatutos, com a qual me vou candidatar ao congresso (entre outras) e a qual irei defender no congresso se como espero for eleito.
Como verá a solução é fácil. Que a coragem politica seja maior que financeira.
Mas o PSD precisa de quotas ??
ResponderEliminarestamos a brincar às associações probretanas ou quê?
Mas então os dinheiros dos empresários facínoras não chegam ?
Segundo a Lei de Financiamento dos Partidos, está lá qualquer coisa que têm a haver com as quotas. De facto, é mais fácil numa auditoria do TC ou de outro órgão responsável pelo escrutínio do financiamento dos partidos (para que haja transparência e financiamento público do Estado aos Partidos) que o processo de cobrança das quotas sejam da responsabilidade da sede nacional.
ResponderEliminarQuanto a haverem pessoas na sede nacional que podem condicionar o voto dos eleitores, bem, eu não me preoucupo com isso, porque vivemos num partido democrático, onde há alternância na liderança, o que contempla os ditos senhores que controlam os cadernos eleitorais.
Ademais, prefiro que sejam eles a expedir os ditos cadernos eleitorais, porque é dessa maneira que as secções não discriminam quem pode ou não votar - há CPSecção adversas à CPNacional como é o caso da de Oeiras que podem condicionar a eleição de delegados ao Congresso Nacional.
A Finlândia adopta este sistema desde 1967.