Mesmo no estertor do governo do Sr. Eng. António Guterres, a equipa do Ministério do Ambiente de então, dirigida pelo actual Primeiro-Ministro, propôs a aprovação de uma resolução do Conselho de Ministros destinada a concretizar, no prazo máximo de 2 anos, o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT).
Coube ao governo que lhe seguiu constituir a equipa, cuja escolha para a coordenação recaiu no Professor Doutor Jorge Gaspar. Como lhe coube obter os meios, em conjuntura de fortíssimos constrangimentos, de modo a levar a bom termo a tarefa de dar exequibilidade a um dos mais importantes momentos da Lei de Bases do Ordenamento do Território e do Urbanismo e do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial.
Chegou a ser, por diversas vezes, anunciada a eminente apresentação a discussão pública desse fundamental documento que terá de ser discutido aprovado pela Assembleia da República para vigorar como lei.
Estranhamente, a preocupação que tão veementemente se afirmava na tal resolução do Conselho de Ministros - na preparação da qual terão participado alguns dos actuais governantes com responsabilidades directas nestes domínios - esfumou-se. E do trabalho do Professor Gaspar e sua equipa nada se sabe.
Mas talvez as declarações feitas ao último Expresso e que comentámos aqui, façam alguma luz sobre a razão do desaparecimento.
É que a dita resolução do Conselho de Ministros continha directrizes políticas claramente contrárias ao pensamento que pelos vistos orienta a actual política de ordenamento do território e de coesão nacional (que até agora só serviu para justificar a existência das SCUT´s).
Coube ao governo que lhe seguiu constituir a equipa, cuja escolha para a coordenação recaiu no Professor Doutor Jorge Gaspar. Como lhe coube obter os meios, em conjuntura de fortíssimos constrangimentos, de modo a levar a bom termo a tarefa de dar exequibilidade a um dos mais importantes momentos da Lei de Bases do Ordenamento do Território e do Urbanismo e do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial.
Chegou a ser, por diversas vezes, anunciada a eminente apresentação a discussão pública desse fundamental documento que terá de ser discutido aprovado pela Assembleia da República para vigorar como lei.
Estranhamente, a preocupação que tão veementemente se afirmava na tal resolução do Conselho de Ministros - na preparação da qual terão participado alguns dos actuais governantes com responsabilidades directas nestes domínios - esfumou-se. E do trabalho do Professor Gaspar e sua equipa nada se sabe.
Mas talvez as declarações feitas ao último Expresso e que comentámos aqui, façam alguma luz sobre a razão do desaparecimento.
É que a dita resolução do Conselho de Ministros continha directrizes políticas claramente contrárias ao pensamento que pelos vistos orienta a actual política de ordenamento do território e de coesão nacional (que até agora só serviu para justificar a existência das SCUT´s).
Para melhor se perceber o que anoto, vale a pena - tendo em presença o eco das recentes posições dos governantes trazidas às páginas do Expresso - transcrever para aqui dois passos da referida resolução do Conselho de Ministros ainda em vigor:
"Estas tendências [de concentração nas grandes metrópoles], como é sabido, são responsáveis não apenas por assimetrias perturbadoras da coesão territorial mas também por excessivas pressões urbanísticas sobre áreas ambientalmente sensíveis e pela ocupação de solos com vocação agrícola ou florestal, para além de propiciarem o crescimento das áreas suburbanas na periferia das grandes metrópoles, muitas vezes desqualificadas do ponto de vista urbanístico e insuficientemente servidas de espaços verdes, equipamentos, acessibilidades ou transportes públicos e, como tal, longe de favorecer a qualidade de vida das populações, com todas as consequências sociais daí decorrentes".
(...)
(...)
"Ultrapassar a actual situação de desequilíbrio, considerando as oportunidades e os desafios do desenvolvimento sustentável e de uma maior coesão económica e social ao nível nacional, implica que se considere o território como um recurso que é necessário gerir e valorizar globalmente com equidade, embora atendendo às especificidades das diferentes regiões, numa visão integrada, com o objectivo de garantir maior qualidade de vida e maiores oportunidades para as populações urbana e rural".
Assim era e assim agravamente continua a ser volvidos que foram quatro anos.
Veremos se o governo ao menos tem a coragem de ser consequente, alterando esta RCM, substituindo-a por outra mais conforme com a sua nova visão das políticas territoriais.
Esse comportamento consequente é um imperativo de transparência, do qual depende o exercício do direito à participação que nestes domínios não pode deixar de ser pleno e esclarecido e não toldado por uma prática que nada tem que ver com as directrizes das leis que temos.
Caro JM Ferreira de Almeida,
ResponderEliminarNa minha opinião esta questão da Gestão Territorial não se vai resolver nem com RCMs nem com um qualquer PNPOT.
Reitero o que disse num comentario anterior sobre esta mesma temática, a Regionalização apresenta-se quiçá, como a derradeira oportunidade para uma efectiva gestão estratégica do territorio, e desta forma evitar o previsivel colapso socio-económico e demográfico de amplas parcelas do território.
Cumprimentos,
AAF
Meu Caro AAF:
ResponderEliminarJá igualmente lhe confessei o meu cepticismo relativamente a essa ideia de que a regionalização é a panaceia para todos os males, designadamente para as desigualdades territoriais.
Como também assumo que afastei muitas das minhas reservas iniciais à ideia da regionalização.
A questão da equidade territorial, a meu ver, não passa no imediato por aí. A instituição concreta de regiões administrativas deve proceder de um amplo debate que está longe de estar feito. Contributos como o seu são importantes para formar opinião esclarecida, evitando que seja como da outra vez, isto é, uma regionalização feita a régua e esquadro, a verdeira antítese da descentralização e da subsidariedade em que deveria assentar.
Até lá muito de importante se irá passar. Será aprovado novo quadro de apoio comunitário (agora com outra designação) e as opções que em relação às prioridades de investimento permitirá perceber se hoje se nao se está a caminhar, verdeiramente, para sistemas urbanos que apostam na concentração em meia dúzia de cidades médias do interior e no investimento no litoral e nas grandes metrópoles...
Por isso é que era mutissimo importante que o governo desse a conhecer o projecto que tem de PNPOT. Ou que pelo menos revelasse que destino teve o trabalho feito pela equipa que elaborou uma proposta, que proposta era essa e que juizo sobre ele faz o ministério mais directamente responsável.
Caro JM Ferreira de Almeida,
ResponderEliminar"A questão da equidade territorial, a meu ver, não passa no imediato por aí. A instituição concreta de regiões administrativas deve proceder de um amplo debate que está longe de estar feito. Contributos como o seu são importantes para formar opinião esclarecida, evitando que seja como da outra vez, isto é, uma regionalização feita a régua e esquadro, a verdeira antítese da descentralização e da subsidariedade em que deveria assentar".
Partilho inteiramente estas suas ideias extensiva também à expectativa relativa ao próximo quadro comunitário.
Tanto quanto eu sei, a estratégia do Governo passará por progressivamente dotar as CCRs de maiores responsabilidades e tem, neste momento, quase pronto um primeiro pacote de delegação de competências. Depreendo que esta estratégia não se encaixe no seu pensamento sobre esta matéria, pois vai um bocado de encontro à tal tecnocracia da régua e esquadro.
Cumprimentos,
AAF
O melhor é desertificar de vez o país e concentrar o povo todo no litoral e aproveitar o remanescente para turismo de aventura.
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