sexta-feira, 7 de abril de 2006

Dêem-nos mimos, não paternalismos

Excerto de uma entrevista hoje dada ao DN da regressada ao BE, Joana Amaral Dias:

P: "Como é que o machismo na política se faz sentir?"

R: "De todas as formas possíveis e imaginárias... Desde o paternalismo que existe dentro da Assembleia da República em relação às deputadas mulheres, até à própria participação nos trabalhos. Já existem poucas mulheres, mas as que falam são ainda menos. Até à preferência óbvia das televisões por comentadores políticos homens. A televisão é bastante mais machista que a imprensa escrita. Esse machismo reflecte-se em todas as esferas da actividade política. Vai desde as comissões de trabalhadores até ao Parlamento, passando pela intervenção pública na televisão".

Desta resposta fiquei a saber que:

a) as deputadas mulheres são objecto de paternalismo machista e logo na Assembleia da República;
b) existem poucas mulheres o que é prova não de discriminação como se dizia, mas do mais destilado machismo;
c) as deputadas que existem, são quase silenciadas - presumo que reprimidas na sua espontânea vontade de intervirem -, mais uma expressão de puro machismo parlamentar;
d) a televisão é dominada pelo sexismo, sobretudo no comentário político;
e) até nas comissões de trabalhadores - oh surpresa! - o machismo domina.

Percebo agora porque temos de nos colocar ao lado de quem exige quotas para as mulheres. Por mero e automático efeito da paridade imposta, para além de se multiplicarem, de facto, os lugares ocupados no feminino:

a) o paternalismo dos deputados transformar-se-á em mimos recíprocos;
b) as mulheres passarão utilizarão o verbo, livre e espontaneamente;
c) a SIC Notícias verá o seu comentário político assegurado por mulheres para além das omnipresentes Maria José Nogueira Pinto, Helena Roseta ou Odete Santos e o Mário Crespo terá a companhia permanente de uma moderadora que partilhará como ele o tempo das perguntas, controlado ao segundo;
e, last but not least:
d) as comissões de trabalhadores verão mulheres na vanguarda da luta por melhores condições de vida e de trabalho!

Exultemos.

5 comentários:

  1. Penso que a Joana Amaral Dias estará a confundir paternalismo com a condescendência natural dos homens em aceitar as asneiras que ela diz. Se calhar alguns deputados até respondem, "oh, sim, filha, o que tu quiseres....".

    Talvez com a Odete Santos não exista este "paternalismo", mas diz mais asneiras. Digo eu, que não sou deputado...

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  2. Anónimo18:26

    Puro machismo, meu caro Tonibler

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  3. Caro JMFA,

    quando é que a Odete Santos se queixou de paternalismo???? A Helena Roseta ainda se queixa de paternalismo? Ou era só na altura da constituinte??

    Se calhar o machismo não é meu, só meu ou sequer um defeito...

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  4. enquanto as mulheres apoiarem o enraizamento do machismo em casa, escusam de falar porque não vale a pena.

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  5. Bom... há uma outra hipótese que ainda não vi trabalhada e que é, a caracterização das mulheres que estão na AR.

    Não desfazendo na condição feminina, pode ser que sejam as mulheres erradas que estão na política.

    E.g. Acham que era possível "calar" ou mesmo "paternalizar" uma mulher como a Fátima Felgueiras?

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