A Grande Farsa II

Um editor de um jornal desportivo, uma mulher-a-dias, o presidente de uma grande holding, um mago vidente e uma jovem paraplégica são hóspedes de um estranho e enigmático hotel.
Não sabem como ali chegaram, muito menos quando irão partir ou que direcção irão tomar. Naquele hotel, os hóspedes encontram-se em coma e aguardam que os médicos "lá em baixo" os consigam reanimar, ou não, e que assim se decida o seu destino. Enquanto esperam, estes homens e mulheres, que partilham experiências e angústias no átrio do hotel, são acompanhado pelo dr. H, uma personagem misteriosa que lhes comunica "a hora da partida", e pelo Rapaz de Branco, um anjo que apesar de não pronunciar uma única palavra é compreendido e respeitado por todos.
Não é um filme de terror, é sim, segundo o DN , o argumento da peça, Hotel dos dois Mundos, que se estreia hoje na sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II. Com tal argumento, em que os protagonistas não sabem de onde vieram nem para onde vão e que, apesar de estarem em estado de coma, falam como se nada fosse no átrio do hotel, e até partilham experiências entre si, é de adivinhar um êxito igual ao das peças que vêm fazendo o reportório do D. Maria II, materializado em 30 espectadores por sessão, apenas metade dos quais pagantes. Estes, no entanto, serão devidamente recompensados, já que a peça, no dizer da encenadora, Cucha Carvalheiro, "deita por terra o sentimento de angústia em relação à morte".

Desconfio bem porquê: depois de ver tal peça, a morte poderá constituir um enorme alívio!...