segunda-feira, 3 de abril de 2006

Mais achas para a fogueira...


O tema e o texto do David Justino sobre a blogosfera tentam-me a não lhe dar tréguas.
Aqui fica um excerto muito interessante de um livro que li recentemente. É de Agustina Bessa Luís, “Os Espaços em Branco” (Capítulo VIII):

“Diz-se que o romance está no seu declínio e que o herói fechou os olhos para sempre. Não mais os espadachins e os protectores do povo, mesmo quando ladrões de estrada. Não mais o gracioso efebo que corteja uma donzela do quarto andar. Acabaram sem lágrimas os enamorados e a tísica que os leva na aba dos lençóis. Adeus aos príncipes que encontram uma ceifeira na curva do caminho. Tudo agora se resume a um olhar investigador pelos sites da Internet e o resultado é um diagnóstico que amortalha os aprendizes das letras que esperam um dia produzir um romance.
Porém, nem tudo está perdido. A sociedade, porque é feita de homens, não muda. Mudam as vaidades mas não mudam as suas artes. Nós sabemos que ninguém se considera verdadeiramente notável sem escrever um livro. É uma questão de afirmação e de diferenciação individual. (…)”

Os livros, o gosto de ler, a forma nobre de comunicação, o efémero da blogosfera. Muitas achas para a fogueira…

6 comentários:

  1. Também gostava de colocar mais uma para ajudar à dissertação da Blogosfera.

    Já repararam os autores do 4-R que raramente concordam uns com os outros na blogosfera, ao contrário do que seria a nossa percepção sem blogosfera?

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. Mas a inversa também pode acontecer!

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  4. Caros Tonibler e Just-in-time,esse é um tema que também daria pano para mangas e que já me ocorreu várias vezes. Trata-se da questão dos "rótulos", que é a maneira "à la minute" de arrumar as pessoas e os seus pensamentos de acordo com gavetas muito bem arrumadinhas para não dar trabalho a quem procura.Isto não é uma crítica aos nossos muito estimados comentadores deste post, bem pelo contrário, é muito interessante a observação de que se pressupunha uma concórdia ou uma discórdia só porque as pessoas em causa são adeptas deste ou daquele partido (ou clube, ou religião, etc). A rotulagem está muito associada aos sound bites, à escrita limitada a x caracteres, à entrevista na esquina da rua da qual só passam as palavrinhas mais simples de apreender, à justa para permitir colar o rótulo. O resto, que é o percurso mental, a "esgrima" (esta é para o Tonibler) de argumentos, enfim, tudo o que enriquece uma ideia e lhe dá força, isso leva mais tempo a dizer, a ouvir, e a responder. Têm razão os dois, fora dos blogues já não há muitas surpresas, e mesmo aqui... Deixemos o DJ aceitar o repto de Tonibler e JIT.

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  5. Cara Suzana,

    Gostava de lhe enviar uma coisa interessante, mas para isso precisava que me disponibilizasse um endereço de e-mail. Se quiser pode contactar-me através do anthrax04_05@hotmail.com

    Ficarei a aguardar.

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  6. Permita-me uma pequena participação, para observar que para muitos, o escrever é, antes de tudo, um prazer, só depois uma utilidade.

    E, segundo um conhecido e mui judicioso provérbio árabe, só verdadeiramente nos realizamos, depois de termos gerado um filho, plantado uma árvore e escrito um livro, magnífica trindade benfazeja, diria, a provar aos mais cépticos que daquela distante península arábica também nos chegaram boas coisas.

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