Popeye - Jennifer Lopez

De acordo com a revista Única, Jennifer Lopez anda desesperada por não conseguir gerar um filho. E, vai daí, à boa maneira popeyeriana, começou a comer espinafres de todas as formas e feitios. Será mais uma propaganda dos produtores de espinafres? Ou a senhora acredita mesmo nas virtudes do vegetal?
Esta notícia fez-me recordar a criação do mito Popeye-espinafres.


É usual dizer-se que, em política, uma mentira repetida mil vezes acaba por se transformar em verdade. Mas, em ciência basta três vezes, parafraseando Bellman, de Lewis Carrol, que diz o seguinte: “O que disser três vezes é verdade”.
A este propósito, Skrabanek descreveu a origem dos espinafres como fonte de energia e que levou à criação de uma figura que encheu o imaginário de muitos, o famoso Popeye, que, nos momentos cruciais, recorria à lata dos seus legumes para vencer os seus opositores.
O mito Popeye-espinafres nasceu na década de trinta do século passado, fruto de um erro de colocação do ponto decimal, aumentando em dez vezes o teor de ferro. Foi um saltito para a indústria dos espinafres martirizar as pobres criancinhas com aquele gosto amargo. Vá lá, em contrapartida mitigavam as doces torturas maternais com as histórias do marinheiro.
Hoje em dia, a facilidade e a rapidez da transmissão de conhecimentos, leva à interiorização de conceitos susceptíveis de criar comportamentos que, nem sempre são os mais correctos.
A área da saúde é particularmente sensível, por razões evidentes. Muito do que é apresentado é visto como verdades absolutas, quando, muitas vezes, não são mais do que interessantes hipóteses. Os responsáveis pela divulgação apresentam-nas – sem que tenham essa intenção – de uma forma considerada categórica aos olhos da população.
A comunicação social desempenha por vezes o papel da criação de novos mitos, tipo Popeye, “obrigando-nos” a engolir novas formas de espinafres, os quais, não sendo necessários, são também “amargos”, além de nos atormentar por vezes a vida, com a ansiedade e sentimentos de culpa.
A área da alimentação é muito sensível à criação de mitos. Recentemente, têm aparecido produtos que nem sabemos se são alimentos, ou medicamentos, ou onde acaba um e começa o outro. Começam a ter saída, baseando-se no eventual efeito protector da saúde ou corrigindo problemas. Casos de iogurtes magros que, sendo ricos em cálcio, protegem-nos da osteoporose, evitam doenças cardíacas, mas que têm teores elevados de açúcar, ou leite com óleos que existem nos peixes (!) e que fazem bem à saúde, enfim, um cardápio para todos os gostos. Mas temos que ser justos; pelo menos, não são amargos. Nestes casos, o ponto decimal é desviado intencionalmente, mas na cabeça dos próprios consumidores.
Afinal é mais fácil controlar as mentiras da política, do que as inverdades científicas…


- Oh Popeye! Espinafres?