Pronto: em termos de “trabalho”, o Programa acabou hoje. Porém, como o voo da Continental para Lisboa só parte de Newark às 8 horas da noite, isso significa que tenho ainda o dia de amanhã livre até cerca das 5 da tarde, hora a que o Marc já hoje me informou que partiremos para o aeroporto.
Este último dia do Programa começou um pouco mais tarde do que o habitual – a primeira reunião foi às 11:45 horas – o que me possibilitou despachar para Lisboa, através do FedEx, uma boa parte da documentação e outra “papelada” que me foi sendo entregue ao longo dos dias, nas diferentes reuniões e encontros, e que certamente me faria regressar a Lisboa com excesso de peso na bagagem. Por isso, resolvi encaminhar a documentação para Lisboa pelo correio Expresso, e aí a para a semana.
Por volta das 11 horas apanhámos o metropolitano rumo à New York University (conhecida como NYU), na parte mais ao sul de Manhattan, que fica muito próxima da Washington Square, em que se ergue mais um monumento (são tantos, espalhados pelo país inteiro!...) em homenagem ao primeiro Presidente dos EUA, George Washington.
Às 11:45, já estava connosco a Professora Carmen Ess, Program Officer, International Visitor Program, Department of State (que é quem organiza os Programas do género do meu, quando os convidados vêm a New York), iniciou-se a conversa com o Professor Nouriel Roubini, Co-Founder/Chairman, Prof. of Economics Stern School of Business NYU. O Professor Roubini é, tal como O. Blanchard, com quem me encontrei no MIT, em Boston, também uma "celebridade" actual da economia, nomeadamente da macroeconomia. Teve igualmente uma participação “mais política”, salvo erro no segundo mandato do Presidente Clinton, quando assessorou Larry Summers, que foi Secretário de Estado do Tesouro (o Ministro das Finanças dos EUA).
Foi muito intensa e interessante a conversa – e breve também, pois o Professor tinha outros compromissos, pelo que antes das 12:30 já tínhamos terminado. No entanto, com a mente super-organizada que tem, e sempre muito concentrado nos assuntos, houve oportunidade de discutir as questões económicas mais “quentes” hoje em dia – e também algumas que eu próprio fui introduzindo na conversa. Assim, falou-se da economia dos EUA, da Ásia, da globalização enfim, e do comportamento recente e das perspectivas para a economia global. Mas onde nos detivemos mais tempo foi mesmo na Europa: a Zona Euro, os seus problemas, as assimetrias entre os países que a compõem, a entrada dos países do Leste da Europa na UE, e, por fim… claro, a economia portuguesa em que, mais uma vez, pude constatar uma opinião muito próxima da minha quanto à origem dos problemas que enfrentamos e… quanto aos remédios para os podermos resolver!
Para mim, foi óptimo que se tenha conseguido agendar esta reunião, pois era uma das prioridades que tinha mencionado ao Department of State.
A seguir despedimo-nos da Professora Carmen Ess e rumámos ao Financial Disctrict, onde tivemos um almoço de trabalho na sede do Bank of New York com os Drs. Kevin J. Bannon, Executive Vice President and Chief Investment Officer, e Christopher Van Houten, Vice President. Foi uma conversa muito viva, em que nos foi apresentado o Bank of New York e, nomeadamente, a forma como se encontra organizado, como contacta com os clientes, as suas vocações, etc.
Depois, a pedido dos nossos anfitriões, eu fiz uma breve descrição do actual estado da economia portuguesa, as causas da situação que enfrentamos e aqueles que, em minha opinião, serão os remédios para podermos dar a volta à situação.
Discutiu-se, ainda a economia global e, nomeadamente, os problemas (desequilíbrios) da economia norte-americana – que, pela dimensão que possui, e o forte crescimento económico que tem revelado tem sido, verdadeiramente, o motor da economia mundial. Claro que também se falou das consequências (negativas) que poderiam (poderão?) advir para o mundo se uma conjugação de factores levasse a um abrandamento económico considerável dos EUA. Nomeadamente, se os consumidores americanos – pressionados, por exemplo, por uma eventual queda dos preços no mercado imobilário – deixassem de consumir da forma como o têm vindo a fazer…
Por volta das 14:30 tornámos a apanhar o metro para voltar a upper Manhattan, nomeadamente a Times Square, onde se situa aNasdaq, a bolsa de valores que rivaliza com a NYSE. E assim, depois de ontem termos assistido à abertura da sessão em Wall Street, hoje assistimos ao fecho daNasdaq, acompanhados pela Dra. Paulina McGroarty, Managing Director, Nasdaq Internationaln Ltd. (que se encontra sedeada em Londres, mas foi a nossa anfitriã principal aqui em Times Square) e pelo Dr. John Correia, Director, Market Intelligence Desk, Corporate Client Group, The Nasdaq Stock Market (de ascendência portuguesa – ou melhor nascido em Portugal, mas emigrante nos EUA logo com um ano de idade… -, e com quem ainda troquei algumas palavras na nossa língua).
E não podia ser maior o contraste: como na Nasdaq tudo é feito electronicamente, não existia a azáfama de véspera, e só alguns convidados e visitantes assistiram ao encerramento, onde também se bateram palmas nos 20 segundos anteriores às 16 horas, quando os mercados financeiros encerram em New York.
Neste momento, a Nasdaq, que foi criado em 1971, como alternativa à NYSE, já contém mais empresas listadas do que Wall Street e o volume de acções transccionado suplanta também a da rival. Não tem ainda é o peso histórico dA NYSE mas, segundo a Dra. Paulina McGroarty, vai na boa direcção… Como proporciona condições financeiras bem mais vantajosas às empresas que se queiram listar nela registar (relativamente à NYSE), tem vindo a ser cada mais procurada; por outro lado, devido ao facto de todas as negociações serem feitas electronicamente, o tempo de cada operação é significativamente mais baixo do que na NYSE, o que proporciona igualmente a realização de um maior número de transacções.
Finalmente, não podia deixar de referir que o Nasdaq Composite Index não é o índice das empresas tecnológicas, ou representativo da chamada “nova economia”, como muitas vezes é apresentado; não: ele está aberto, e é integrado por empresas de todos os sectores de actividade, desde os mais tradicionais aos mais modernos. É assim que encontramos listadas no Nasdaq empresas tão conhecidas como Microsoft, Intel, Ericsson, Apple, Volvo, Starbucks Coffee, Reuters, Staples, Ryanair, NEC, United Airlines, Commerce Bank, etc, uma variedade que, em termos de sectores é caracterizada da seguinte forma: Information technology (27%), Financials (22%), Health care (18%), Consumer (16%), Industrials (10%), Energy and utilities (3%) e Materials (2%).
Enfim, a ver vamos se a supremacia que, pelos vistos, já hoje a Nasdaq detém sobre a NYSE – mas que não é ainda muito visível – se irá, ou não materializar de forma definitiva.
No final da visita, já próximo das 5 da tarde, acabei por ser entrevistado pelo canal de televisão Bloomberg (edição Brasil), como convidado “especial” da Nasdaq nesse dia, sobre a situação e perspectivas para a economia brasileira, os mercados emergentes e, enfim, a economia global. A entrevista, de mais ou menos 6 minutos, foi conduzida em português pela jornalista Camila Fontana Correa, brasileira, e que cobre os mercados financeiros para a Bloomberg aqui em New York. Julgo que irá para o ar no Brasil na próxima segunda-feira, Maio 15, e depois talvez passe também no canal Bloomberg internacional (aquele que podemos visionar em Portugal). Enfim, passe onde passar, acho que foi uma boa experiência para mim e, se é que me é permitida a opinião (mesmo em causa própria...), julgo que a entrevista não terá corrido mal (o Marc, pelo menos, gostou bastante…).
Já passava das 17 horas quando saímos das instalações da Nasdaq. Aí, aproveitei para dar mais uma voltas na zona e comprar algumas coisitas que alguns amigos meus me tinham encomendado; às 18:30 regressei ao hotel para, pouco depois, sair com o Marc, jantarmos rapidamente (mais uma vez, japonês…) e vermos o show mais recente que está em exibição na Broadway – desde Maio 10, isto é, há dois dias apenas! –, o musical da Disney “Tarzan”, baseado no clássico de Edgar Rice Burroughs, com músicas e letras de Phil Collins. E, como já podem adivinhar, é um verdadeiro espectáculo! As canções são excelentes (como seria de esperar, pelo menos na minha opinião, vindas como vêm, de Phil Collins…) todo o elenco é fenomenal, mas o mais extraordinário de tudo são os efeitos especiais e visuais criados pela Disney: absolutamente fantásticos!... Claramente a rever, logo que surja oportunidade…
E pronto, amanhã é o dia de regressar a casa, que já lá vão três semanitas!...
Por isso, é agora hora de dormir, para amanhã fazer as malas com sossego (e pela última vez!...) e ainda aproveitar o tempo livre para… enfim, amanhã se verá para fazer o quê!
De qualquer modo, espero poder fazer o relato do último dia aqui nos EUA, ainda amanhã e… nos próprios EUA, quando já estiver no aeroporto de Newark, à espera do embarque para Lisboa. Suspeito que terei que esperar algum tempo e, portanto, aproveitarei para finalizar a “aventura” em que embarquei com este “diário”.
Só espero que a Internet funcione – se não, só em Portugal, já no Domingo, Maio 14!
Um bom regresso, meu caro Miguel.
ResponderEliminarTenha uma boa viagem!
ResponderEliminar