O Relatório da Estabilidade Financeira referente a 2005 do Banco de Portugal, agora publicado, revela dados interessantes, nomeadamente pela relação que permite fazer entre as finanças públicas e a economia real, análise normalmente arredada das preocupações dos macroeconomistas.
Uma conclusão é que, em 2005, o endividamento das empresas não financeiras aumentou de 91,4% para 94,4% do PIB, sendo este valor o maior da Zona euro. Conclui-se ainda que esse endividamento não ocorreu para fazer face a necessidades de fundos para investimento, mas sim para cobrir “necessidades de financiamento de existências e de fundo de maneio e para reestruturação da dívida”.
Ou seja, trocado por miúdos, as empresas estão a sentir dificuldades no crédito de fornecedores e ao mesmo tempo a sentir dificuldades nas cobranças das vendas efectuadas. Sem liquidez, estão a reestruturar, isto é, a dilatar prazos de pagamento das dívidas bancárias. Em síntese, as empresas estão metidas num verdadeiro colete de forças financeiro e de tesouraria, que se traduz em ninguém pagar a ninguém.
Por sua vez, o endividamento dos particulares também continua a aumentar, significando 117% do rendimento disponível e 84% do PIB, o segundo maior da Zona euro, concluindo-se por aqui que o consumo privado não está em condições de dar grande ajuda às empresas.
Sendo esta situação de aumento do endividamento já conhecida dos anos anteriores, a política financeira do Estado deveria ir de encontro à necessidade de dar algum fôlego às empresas e aos particulares, através da política fiscal, diminuindo, ou pelo menos, não aumentando os impostos. Mas aconteceu o contrário. O impostos subiram, não só o IRS, mas todos os impostos indirectos que, sem dar conta, pagamos de manhã à noite, quando abastecemos de combustível, fumamos um cigarro, comemos no restaurante, compramos no supermercado ou adquirimos uma viatura e o respectivo selo…O dinheiro assim apropriado pelo Estado constitui um real entrave ao desenvolvimento económico, que passa essencialmente pela maior actividade das empresas e por maiores disponibilidades em poder dos particulares.
Dir-se-á que o dinheiro assim “extorquido” em impostos não se perde, apenas fica na posse de um outro destinatário, o Estado. Não é verdade. Uma parte perde-se no custo da máquina fiscal e outra na utilização meramente “política” e as mais das vezes “irracional”, dos fundos arrecadados. Por isso, a situação descrita pelo Banco de Portugal.
E assim vamos vegetando!...
Uma conclusão é que, em 2005, o endividamento das empresas não financeiras aumentou de 91,4% para 94,4% do PIB, sendo este valor o maior da Zona euro. Conclui-se ainda que esse endividamento não ocorreu para fazer face a necessidades de fundos para investimento, mas sim para cobrir “necessidades de financiamento de existências e de fundo de maneio e para reestruturação da dívida”.
Ou seja, trocado por miúdos, as empresas estão a sentir dificuldades no crédito de fornecedores e ao mesmo tempo a sentir dificuldades nas cobranças das vendas efectuadas. Sem liquidez, estão a reestruturar, isto é, a dilatar prazos de pagamento das dívidas bancárias. Em síntese, as empresas estão metidas num verdadeiro colete de forças financeiro e de tesouraria, que se traduz em ninguém pagar a ninguém.
Por sua vez, o endividamento dos particulares também continua a aumentar, significando 117% do rendimento disponível e 84% do PIB, o segundo maior da Zona euro, concluindo-se por aqui que o consumo privado não está em condições de dar grande ajuda às empresas.
Sendo esta situação de aumento do endividamento já conhecida dos anos anteriores, a política financeira do Estado deveria ir de encontro à necessidade de dar algum fôlego às empresas e aos particulares, através da política fiscal, diminuindo, ou pelo menos, não aumentando os impostos. Mas aconteceu o contrário. O impostos subiram, não só o IRS, mas todos os impostos indirectos que, sem dar conta, pagamos de manhã à noite, quando abastecemos de combustível, fumamos um cigarro, comemos no restaurante, compramos no supermercado ou adquirimos uma viatura e o respectivo selo…O dinheiro assim apropriado pelo Estado constitui um real entrave ao desenvolvimento económico, que passa essencialmente pela maior actividade das empresas e por maiores disponibilidades em poder dos particulares.
Dir-se-á que o dinheiro assim “extorquido” em impostos não se perde, apenas fica na posse de um outro destinatário, o Estado. Não é verdade. Uma parte perde-se no custo da máquina fiscal e outra na utilização meramente “política” e as mais das vezes “irracional”, dos fundos arrecadados. Por isso, a situação descrita pelo Banco de Portugal.
E assim vamos vegetando!...
"As empresas astão a sentir dificuldades...", isto é, as pequenas médias e micro empresas, as tais que geram 95% do emprego e asseguram 2/3 da produção. Empresas que não merecem a atenção do governo que continua a entreter-se na contabilização dos subsídios aos grandes investimentos.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão,
ResponderEliminarQuanto desse crédito está colateralizado com depósitos a prazo? Isto o Banco de Portugal não sabe, primeiro porque ninguém lhe diz e depois porque não quer saber. Este crédito não é crédito, é um mero serviço de fuga ao fisco e os depósitos a prazo de não residentes também subiram bastante.
O crédito de particulares sobe essencialmente devido à própria evolução da banca que, finalmente, começou a olhar para o crédito em carteira. Ainda vai subir muito mais porque, em carteira, é crédito muito mais seguro que todo o resto. Há 4 anos seria impensável ver crédito a particulares desta forma quase absurda.
Estou a ver que não concorda com a minha tese de que os impostos estão a mandar o país para a economia informal e que isto é o melhor que nos acontece.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarLucida análise, a deste post.
Nesta matéria de incentivo ao endividamento dos particulares que tem vindo a ser exacerbado por agentes financeiros e não financeiros com a total complacência das "autoridades", dei-me recentemente conta de uma prática muito curiosa.
Os vendedores de bens duradouros passaram a praticar preços iguais para quem pague a pronto e para quem pague a prestações.
Quer isto dizer que quem pague a pronto é penalizado pois está a pagar um preço superior.
Tenho verificado, com algum espanto, confesso, que esta prática se está a generalizar.
Isto também significa que as empresas estão a estimular comportamentos dos consumidopres que agravam as necessidades de financiamento das próprias empresas.
Admito que por tras destas práticas estão técnicas de marketing que procuram a todo o custo promover as vendas. Entendendo que vale a pena "forçar" o pagamento em prestações mesmo àqueles que estão dispostos a pagar a pronto e que assim se sentirão estimulados a comprar mais e mais.
Por este caminho, vamos transformar o País num oceano de dívidas.
CAros,
ResponderEliminarSugiro que vejam estes http://tonibler.blogspot.com/2006/06/vida-das-empresas-para-alm-do-defice.html dados do Banco de Portugal. Crise nas empresas, qual crise?