Todos têm consciência da importância do convívio entre as pessoas. Quanto maior for a rede de contactos, que permita a troca de impressões e a discussão dos mais variados assuntos, melhor é a sociedade e mais saudáveis são os indivíduos. Os contactos são criados ao longo da vida, através dos laços familiares e de amigos. Num mundo tecnológico, em permanente evolução, seria de esperar uma maior facilidade e, até, um aumento do número médio de contactos. No entanto, tudo aponta para uma redução com consequências difíceis de quantificar.
Um estudo recente, efectuado nos E.U.A., revela um encurtamento dramático do número de confidentes nos últimos vinte anos. A evidência aponta para uma redução significativa, constituindo os familiares a base da rede. Quanto maior for o número de laços mais segura é a comunidade e mais activa é a participação cívica e política.
De acordo com a investigação, o número de pessoas que não tinham ninguém com quem discutir matérias importantes mais do que duplicou. A fragilidade dos laços também diminuiu. Tudo aponta para que o papel desempenhado pelos clubes, organizações de vizinhos e diferentes tipos de associações tenha diminuído, originando um fenómeno, que foi abordado há cerca de meia dúzia de anos, designado por “bowling alone”.
A par das causas já descritas acresce outros factores, tais como o aumento de número de horas dedicadas ao trabalho e a influência da Internet. O isolamento social é uma realidade e, apesar do facto de ter aumentado as conversas sobre assuntos interessantes entre os membros da família, tudo leva a crer que a redução do número de familiares, por motivos óbvios, ligados a um envelhecimento generalizado, e as permanentes alterações dos núcleos familiares ainda vão complicar mais este fenómeno.
O facto das tecnologias modernas facilitarem contactos, encurtando as distâncias, poderão ter algum efeito minimizador, mas não substituem a dinâmica e a alegria de debates vivos ou partilhas de confidências.
Podemos considerar os blogs como uma forma de interacção social, mas não se substituem ao frente-a-frente e à criação de fortes laços de amizade que permitem partilhas mais profundas. Também não são espaços privilegiados para se fazerem amizades, o que não quer dizer que ao fim de algum tempo não se crie alguma empatia, mas é raro, por causa do anonimato e ausência da voz, da expressão facial e, sobretudo, dos olhos que são indispensáveis à criação de laços fortes,
É preciso dinamizar e estimular redes de debate, de convívio e quaisquer outras, onde os seres humanos possam dar largas à sua imaginação e criatividade, fortalecendo elos de amizade. Deste modo, ganharíamos a todos os níveis, na segurança, na saúde, no bem-estar social, na política, na produtividade, enfim, seria um contributo para a felicidade humana. Mas para que tudo isto aconteça, seria necessário reorganizar muitas áreas da nossa vida, desde o trabalho até ao uso “excessivo” das novas tecnologias – sem falsos conceitos moralistas, como alguns pretendem conotá-las – passando pelo fortalecimento de velhas e novas formas de associativismo. Senão, um dia destes, ainda acabamos a jogar “bowling” ou, no caso português, “jogar à malha” sozinhos…
O melhor é marcar mesmo um jogo da malha è velha maneira, acompanhado dos tradiconais "condimentos" nacionais...
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