É interessante o facto de muitas pessoas desejarem conhecer os seus antepassados mais distantes. Dizem alguns entendidos que ajuda a fortalecer a identidade de uma pessoa. Talvez sim, talvez não! Encontrar pessoas distintas pode ajudar, mesmo recorrendo às profundezas do tempo, a integrar algumas das suas facetas mais positivas, o que constitui um ganho. Em contrapartida, se esbarrarem num estafermo qualquer, saltam por cima, como se nunca tivesse existido, ou então remetem-no para uma falha momentânea da linha de montagem da sua pessoa.
Um dos aspectos que não consigo aceitar é a pretensa “nobreza genética” daqueles que consideram ter como antepassado um qualquer “nobre”. Divirto-me à brava com estas pretensões genéticas. Apesar da descodificação do genoma humano, que eu saiba, ainda não foi encontrado nenhum gene ou genes específicos que permitem identificar e caracterizar os “nobres”. Mesmo nas chamadas linhagens reais, caracterizadas por fortes cruzamentos “endogâmicos” seria interessante efectuar alguns estudos genéticos a fim de analisar o parentesco. Estou convicto da existência de muito sangue plebeu introduzido à socapa. Quem sabe se não terá sido este facto o factor determinante que evitou tamanha degenerescência?
Este breve comentário emergiu após ter lido uma pequena crónica sobre genealogia e o facto de D. Duarte Pio ter uma linhagem que esbarra no faraó Ramsés I (século XIV a.C.)! Ao longo de tantos séculos, os “genes ramsémicos” deverão ter tido uma fortíssima diluição tipo homeopática, pelos vistos! Parece que não é possível recuar mais no tempo, o que impossibilita conhecer outros tipos de antepassados, nomeadamente a fina-flor da nobreza do Paleolítico Superior.
Aceito a transmissão da “nobreza”, mas só da humanística, através do “ADN” cultural, familiar, social e escolar. Quanto aos genes, o melhor é misturá-los, o máximo possível. Sempre é um bom contributo para a biodiversidade humana e reduz o risco da patetice…
Excelente conclusão, meu caro Professor.
ResponderEliminarMas olhe que pelo número de múnias que paira por aí deve mesmo haver por cá muito nobre descendente do velho Ramsés...
1- Fantástico post com uma fantástica conclusão, como já nos vem habituando, caro Professor;
ResponderEliminar2- Tendo em conta que os faraós procriavam dentro da família, vejo enfim uma explicação para a forma de ser do D.Duarte...
Lindo! Foi um prazer ler o que escreveu!
ResponderEliminarObrigado!