quarta-feira, 19 de julho de 2006

“Ricos, pobres e ataques cardíacos”…


Quando perguntamos aos alunos quais as pessoas mais susceptíveis de virem a sofrer um enfarte do miocárdio ou acidente vascular cerebral, se as mais ricas ou as mais pobres, a resposta é, invariavelmente, as mais ricas! Respondo, logo, que não. Os principais contribuintes desta forma “simpática” de matar, já que as alternativas não são nada agradáveis (falando como se tudo ocorresse lá para os 90, 100 anos!) são os que têm menos rendimentos e nível escolar mais baixo. As razões são fáceis de explicar e têm a ver com comportamentos, estilos de vida e recursos.
Está suficientemente documentado que a melhoria do nível cultural e económico se acompanha de uma redução significativa da mortalidade por este grupo de doenças.
Agora, um interessante estudo veio demonstrar que, após o acidente cardiovascular, os mais ricos têm mais probabilidade de sobreviver face aos de menores recursos. A explicação assenta no facto dos mais abonados poderem seguir tratamentos mais rigorosos e mais caros.
Apesar de termos verificado uma redução significativa, nos últimos 25 anos, não se prevê que possa continuar, por vários motivos; assiste-se a novas e problemáticas formas de pobreza, os recursos e acessos aos cuidados podem vir a sofrer alterações significativas, contribuindo para que este fenómeno possa recrudescer, matando muitas pessoas antes do “tempo”. É certo que a melhor forma de sair deste mundo é com um “valente e mortífero acidente cardiovascular”, mas, desde que ocorra lá para os 90, 100 anos! Agora, “fomentá-la” antes do tempo não me parece ser muito saudável. Afinal, economia, política e cultura são mais determinantes para a prevenção cardiovascular do que se poderia imaginar…

1 comentário:

  1. Conheci ha muitos anos um indivuduo que na sua cultura transmontana dizia: "Os pobres sao pobres e burros" (sem despreso para a raca assissina)

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