domingo, 3 de setembro de 2006

Pouco católico...

... este título do Jornal de Notícias de hoje.

2 comentários:

  1. Cartão VERMELHO para a comunicação social do nosso país!

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  2. Crónica dos péssimos exemplos por nós dados aos vindouros


    Pronto, a Festa já acabou, era altura de lá ir eu, adoro o fecho da alegria dos outros, quando todas as luzes se apagam, e apenas as sombras começam a divagar pelos muros.
    Confesso que foi mais a fome do que a curiosidade que me moveu: porque eu sei que, sempre que a Festa acaba, há nos latões uns coiratos óptimos, uns restos de côdeas de pão, umas latas ainda com um morno fundito de cerveja...

    O problema é a crise: quando eu pensava que ia ali estar sózinho, já se tinham instalado mais três cães, dois moldavos e uma velha recolectora, por acaso, com ar de gaja que tinha votado toda a vida no Salazar. Enfim, um arreganhar de dentes, um ladrar para um lado e para o outro, derrubámos os contentores, felizmente, havia lá comida para todos.

    Mesmo morta, a Festa do "Avante" ia fazer a felicidade e dar de comer a -- deixa-me cá contar... -- sete almas, do ponto de vista de S. Francisco de Assis; do ponto de vista da Opus Dei, uma alma e duas meias-almas, já que a velha, como salazarista, também devia ser católica, e os moldavos, como ortodoxos, só contavam por metade, enquanto eu e os cães nem sequer existíamos.

    Enquanto mastigava um coirato frio, pensei então naquela triste cena da televisão, a Marcela, mais o "homem sério" do Benfica, ao lado do Sérgio Godinho -- ilustre comentador futebolístico --, e do Jerónimo de Sousa. Só faltava ali o Pacheco Pereira, mas devia estar a escrever o último tomo da Biografia do Cunhal, o volume Além-Túmulo, onde ele comunica com o Comité Central através de pancadas de mesa de pé de galo...

    Na realidade, é por causa destas conexões transversais, deste permanente encosto ao que estiver a dar, e deste descarado cavalgar a onda que esta merda está como está e NINGUÉM, e quando digo NINGUÉM é um NINGUÉM mesmo raso, daqueles profundos, de um extremo ao outro, NINGUÉM os consegue arrancar de lá, porque todos se conhecem, e porque todos vivem de imensas e permanentes palmadinhas nas costas.

    Pedem-nos, em vida, que pratiquemos, uma política de separação de resíduos, mas, quando chega aquela típica hora de aflição, do salve-se-quem-puder português, é mesmo tudo ao molho, e fé em deus.

    Puta que os pariu!...

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