... e as suas reivindicações eram apoiadas como a justa luta pelos seus direitos, pela melhoria da qualidade de vida e satisfação dos legítimos anseios do povo trabalhador oprimido. Sem olhar a conjunturas ou a dificuldades presentes ou futuras do País.
Para muitos dos que erguiam o punho há não muito tempo, as classes trabalhadoras são agora "sectores profissionais" ou "corporações". E os direitos, alguns deles conquistados na rua com o aplauso dos mesmos do alto de tribunas públicas, são hoje afinal "interesses", "regalias" ou "privilégios"...
Se a professora do meu filho de 8 anos não entendesse o que quer dizer "despesa pública sobe", ficaria preocupado. Mas enquanto eles não forem estudar direito para Coimbra, parece-me cedo para me preocupar com a falta de cultura que alguns professores demonstram.
ResponderEliminarO prof Vital Moreira, independentemente de muitas outras competências, é um reconhecido economista e homem de Finanças. E principalmente de Finanças Públicas. Respeitemos a sua análise."Sic transit gloria mundi"! E quem diz SIC também pode dizer TVI, RTP ou A2! Pelos vistos neste País cada um diz o que lhe apetece, saiba ou não do que fala! Principalmente, os segundos!
ResponderEliminarO Orçamento dos Cobardes
ResponderEliminarAdoro todos os Ministros das Finanças, desde o defunto Professor Oliveira Salazar. Têm mais ou menos a mesma pinta, aquele "look", arraçado de manequim da Rua dos Fanqueiros com gato-pingado da ex-Agência Salgado, têm geralmente uma voz grave, tutelam todos os outros ministérios, são gente ponderada, e tudo fizeram para que Portugal se transformasse numa Suíça Ibérica.
Quando, devido à Tectónica das Placas, vulgo "deriva dos Continentes", Portugal entrou no seu Período Colombiano, os Ministros das Finanças começaram a assemelhar-se às formiguinhas: as formiguinhas -- agora vou escrever à Miguel Escreves um Nojo -- as formiguinhas libertam um odor chamado ácido fórmico, e por isso traçam carreirinhos, onde andam atrás umas das outras, As formiguinhas gostam muito de andar atrás umas das outras. Quando é Inverno, fecham-se nos formigueiros; quando é Verão, voltam para a superfície, e libertam ácido fórmico, para poderem continuar a andar umas atrás das outras.
Os Ministros das Finanças fazem o mesmo: o único trilho de dinheiros que conhecem, ou querem conhecer, é o que sai dos cofres do Estado, na direcção dos Funcionários do mesmo. Não de todos, porque os Funcionários do Estado são como os porcos: há uns que são mais iguais dos que outros. Os que ganham muito são pouco vigiados; os que ganham pouco, têm sempre a Máquina Depredadora, que os persegue. Para o cidadão comum, o processo é bom, e funciona como um bode expiatório: é fácil dizer que uma empregada marreca, que passa os dias encostada a uma secretária, em estado de semi-invalidez, a carimbar as entradas num elevador de Ministério, não deveria estar a receber 400 € por mês. Aliás, se é marreca, deveria receber menos, porque os marrecos não devem ganhar tanto quanto ganham as pessoas perfeitas; um deficiente, um cego, por exemplo, deve ganhar substancialmente menos, porque tendo só 4 de 5 sentidos, deve ser tributado, de modo a ter menos 20%, correspondente ao sentido que lhe falha.
Isto é Finança pura, como poderia explicar o Professor Cavaco Silva, um dos criadores deste tipo de raciocínios, enquanto Cacique das Finanças, e Cacique da Colômbia Ibérica.
Do mesmo modo, um coxo deve receber menos do que alguém que anda, porque quem anda gasta muito mais dinheiro. Um reformado não pode estar a receber tanto como aquele que durante décadas recebeu, porque já não trabalha, e, portanto, não é justo que ganhe o mesmo do que pessoas que se esfolam a trabalhar, aliás, a bom ver, nem deveria estar a receber nada, porque ele nada produz.
E isto poderia ser subscrito por um cretino da craveira de Pedro Arroja.
O Estado limita-se tributar, sistematicamente, os circuitos da Finança evidente, aqueles cujos proventos sabe de onde vêm, e para onde vão. Houve um tempo em que o fazia discretamente: desde o Cherne, passando por aquela coisa cavilosa que hoje é Ministro das Finanças, mais a Ferreira Leite, que quase parece santa ao pé destes, passou a fazer-se a coisa às descaradas. Por ali passa o dinheiro que nós sabemos, de modo que vamos já directamente lá.
O Orçamento ideal, e não há orçamentos ideais, deveria marchar na direcção do Desconhecido, uma espécie de "scanner" de causa/efeito, que varresse o país de alto a baixo, passando pela ostentação da propriedade, à ostentação dos carros, às contas dentro e fora do país -- na Europa não há dentro nem fora, não é?, a não ser para o que convém... -- aos jogadores "comprados" pelos clubes de Futebol, aos rendimentos declarados pelos "tais" Advogados, aos compradores de apartamentos acima de 500 000 €, e à quantidade de apartamentos de qualquer valor, desde que comprados, em massa, sempre pelos mesmos, às operações "stop" aos jactos privados, sobretudo naquelas aterragens, no Aeroporto de Faro, em que voltam, dos leilões de Londres e Paris, com bagagens de mão, invulneráveis às alfândegas, carregados de Picassos, Monets e Porcelanas Han e Ming; rusgas, mas surpresa, às festas da Quinta do Lago e da Marinha, inspecções aleatórias às contas do Millennium-B.C.P., inspecções periódicas aos fabricantes de armas de Portugal -- alguém, aqui, sabe o nome dos cavalheiros que se dedicam à Indústria Nacional do Armamento?... -- e aos tais Industriais de Sucesso, que, de tempos a tempos se reúnem, para reditar as ideias salvadoras da Pátria.
Este é um Orçamento de Cobardes, aliás, típico das tácticas das cabeças de quem sai, e da Figura Lúgubre que é Primeiro-Ministro de Portugal, um mero roberto nas mãos de interesses inconfessáveis, cujos fluxos financeiros mensais, se tributados, dariam para equilibrar, para sempre, todas as contas de Portugal. É um governo que carrega de impostos cegos, velhos, inválidos e desprotegidos. É um Governo que prefere atacar a marreca da secretária à Marreca do Sistema, essa Coisa Calcinada e em vias de explodir que nem os operadores de "marketing" já conseguem ocultar. É certo que um dia a coisa estoira, de modo baixo, vil, e ignóbil. Ao nível da farsa da Câncio, que nós próprios não sabemos quanto nos irá custar, em 2007. Cheira mal, muito mal, e, como alguém já disse, a próxima não será com... cravos...