O Ferreira de Almeida, no texto A bênção que é a chuva, aludiu ontem à suspensão pelo Ministério da Agricultura das verbas destinadas aos projectos de limpeza e reflorestação.
Pois, segundo o DN de hoje, o Ministério da Agricultura confirmou que o apoio foi cancelado... devido "a excesso de candidaturas"!...
Limpar, sim...mas com conta, peso e medida!... Nada de excessos!...Até porque há que rentabilizar os investimentos efectuados para o ataque aos fogos!...
De qualquer modo, anda bem informado o Ferreira de Almeida e, com ele, o 4R.
Pois é, meu caro Pinho Cardão. E vai ver o meu Ex.mo Amigo que quando aparecer a primeira ignição de 2007 o governo lá virá com o discurso que vão ser reforçadas a verbas para a prevenção, designadamente para a limpeza das matas, bem como para a reflorestação das áreas que nesse ano irão arder.
ResponderEliminarÉ assim com este governo como foi assim com os governos que o antecederam e não há meio de conseguir que assim deixe de ser. É uma das nossas pechas, a falta de previsão, de organização. Quando acontecerem as coisas, logo se verá (que na realidade significa "logo se improvisará").
Em boa verdade nem o que dá conta neste seu post nem o que há dias aqui deixei, me surpreendem. Se não fosse a desculpa do excesso de candidaturas apresentada ao programa Agro (!) outra apareceria mais ou menos esfarrapada. A memória colectiva é curta e tal como já se esqueceram as promessas do início da época do Ministro da Agricultura quanto à vontade do governo apoiar as acções de prevenção, também daqui a uns meses ninguém se recordará da razão que foi avançada para limitar os apoios.
Nesta matéria preocupa-me mais perceber que lições extrairam os responsáveis pela protecção civil e os políticos que a tutelam, destes anos todos em que por razões associadas às transformações climáticas ou a factores humanos, se vem assistindo ao empobrecimento do País, pelo desaparecimento acelerado do recurso que é a floresta. Por exemplo, independentemente dos maiores ou menores recursos que são canalizados para a limpeza das matas e florestas que são propriedade privada, que programa tem o governo ou que têm as autarquias para proceder à limpeza e conservação de matas e florestas públicas? E para a reflorestação das areas ardidas sobre jurisdição do Ministério da Agricultura ou do Ministério do Ambiente, existem planos?
Temo que se comece a pensar no assunto no próximo verão. Porque dentro em pouco tempo, se chover em abundância, a preocupação vai ser outra, provavelmente as cheias ou os estragos que o mau tempo provocou no litoral, selvaticamente ocupado no mínimo com a complacência dos poderes públicos.
Porque no verão, como é óbvio, não é tempo de prevenir o que se passará no Inverno, pois está claro...
Por acaso, seria interessante saber o que é excessivo e aquilo que seria adequado. Assim ficávamos a perceber que fracção do país o ministro já tinha decidido deixar arder.
ResponderEliminarHere we go again...
ResponderEliminarMeus caros, não foi sob a tutela deste Ministério da Agricultura e deste Ministério da Administração Interna que este ano houve menos área ardida nos últimos anos?
Não sei não, caro Pinho Cardão... Experimentemos colocar lá uns incompetentes para ver quanta mata há por arder?...
ResponderEliminarHá um ponto deveras preocupante no comentário de Ferreira de Almeida: o da reflorestação. Aí de facto nada ouço falar e nada vejo fazer. Seria uma boa oportunidade de reconstituir a floresta original chamando a ela todos os elementos que também eram factor de fixação das populações.
Temo que venham aí mais eucaliptos e mais pinheiros bravos, aqueles que em tempo foram considerados o nosso "petróleo verde" e que deixaram o país neste estado.
Meu caro cmonteiro, a diminuição da área ardida verificada este ano deveu-se sem dúvida ao esforço de coordenação dos ministros e de muita mais gente directamente envolvida na prevenção e combate ao fogos florestais, mas também - faça lá justiça ao santo! - a S. Pedro que não foi tão secamente severo no verão passado como o tina sido em épocas anteriores.
ResponderEliminarPorém há-de também reconhecer que esse esforço não ficou nada a dever ao Ministro do Ambiente que se tiver a mesma posição sobre a defesa das áreas protegidas que o seu secretário de estado do ambiente, faz recear que se repitam as descoordenações que foram patentes este ano, com os resultados que se observaram por exemplo no Gerês (aliás, ainda um dia hei-de contar a propósito da descoordenação e do PN da Peneda-Gerês, episódio ocorrido nos idos de 2002 para se perceber como varia a apreciação mediática sobre estes factos em função de quem está no poder...)
Sublinha bem a questão da reposição da floresta ardida e a necessidade de se optar por espécies - como por exemplo o carvalho - que diminuam as potencialidades igniferas da nossa floresta e que tenham grande capacidade de regeneração. Falta saber se essa reflorestação é para os privados economicamente atraente. Mas nas grandes manchas de floresta pública, nihil obstat e é por aí, sem dúvida, o bom caminho.
Mas existe Ministro do Ambiente?...
ResponderEliminarConcedo que o Santo deu uma ajuda, mas pessoalmente verifiquei também que houve um trabalho competente do Ministério da Administração Interna, por comparação com a feira de vaidades que foram os anos anteriores, mas isso os meus caros também já reconheceram.
O tema interessante neste debate, para mim, é precisamente o da reflorestação e das potencialidades que um trabalho bem feito nesta área tem, julgo eu, de trazer beneficios às populações. Honestamente gostaria de perceber mais sobre relação económica das florestas com as populações em Portugal, mas terei de estudar minimamente o assunto para poder avançar no debate.
Ou então espero por mais um iluminado post do meu amigo!
É isso, vou esperar :)
Informei-me de qual a ajuda que o Estado dá a quem queira, por exemplo, apostar no montado de carvalho negral.
ResponderEliminarEis os números fornecidos pelo
Ministério da Agricultura:
Área Montante(por ha)
Até 10 ha 94 euros
10 a 50 ha 56 euros
50 a 300 ha 19 euros
> 300 ha (Rede Natura) 19 euros
Ou seja, para uma exploração (consideremo-la) média de 50 hectares, quem se candidatar a ajudas estaduais receberá a quantia de ... 2800 €!
E se o terreno for abrangido pela Rede Natura 2000 e o proprietário quiser substituir eucaliptos por carvalhos em grande extensão (+ de 300 ha), a ajuda é a de menor valor por hectare!
Vá lá a gente perceber estes critérios...
Percebo que com este nível de incentivos está-se mesmo a ver porque é que os produtores florestais nunca irão a correr substituir o pinhal ou o eucaliptal de crescimento rápidos e rendimento mais garantido, pelos montados tradicionais...
De facto...
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