quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Aposta perdida

Acaba de ser anunciado que o BCE decidiu mesmo subir a sua principal taxa de refinanciamento de 3,25 para 3,5%.
Sem surpresa para os analistas, que esta manhã davam essa decisão como certa.
Tenho pois de reconhecer que perdi a aposta que aqui tinha lançado em Outubro.
Por terem confiado na minha precária capacidade de previsão também M. Ferreira de Almeida e Rui Vasco perderam.
Ganharam Tonibler e C. Monteiro, mais astutos do que nós.
O Pinho Cardão, com a proverbial sabedoria/“ratice” dos beirões, optou por não entrar no jogo e agora deve sorrir, divertido, até porque, se não estou em erro, se encontra “longo” em Euros e consequentemente feliz por este desfecho.
Teremos então de organizar, com o maior gosto da minha parte, o prometido jantar na Adega do Saraiva em Nafarros, para o que sugiro 28 ou 29 do corrente, 4 ou 5 de Janeiro pºfº. Aguardo sugestões dos participantes que pretendam aderir, bem como do Pinho Cardão, na sua qualidade de árbitro-convidado.
Noutro plano, esta decisão do BCE deixa-me dúvidas, parecendo-me que estava prefabricada quaisquer que fossem os dados fundamentais após a decisão de Outubro. Explico as razões.
Em primeiro lugar, a inflação na zona Euro, tanto em Setembro (1,6%) como em Outubro (1,8%), ficou bastante aquém do nível de vigilância do BCE – que é 2%, como se sabe.
Em segundo lugar, o Euro sofreu uma apreciação considerável em relação ao US dólar, neste último trimestre de 2006, a qual tem efeitos moderadores da actividade económica, sobretudo nos sectores mais expostos à concorrência internacional.
Em terceiro lugar e mais importante, na minha óptica, a economia mundial depara-se hoje com o dilema do enorme défice externo americano e a necessidade de o corrigir de forma a não por em causa a sustentabilidade do crescimento global.
Para que isso seja possível, tem sido insistentemente referido pelos especialistas um contributo por parte das restantes economias, designadamente através de políticas que promovam, ou não restrinjam, a despesa nacional.
A economia da zona Euro deveria ter aqui um papel muito importante, tal como as grandes economias da Ásia – Japão, China, Índia e outras.
Se pretendermos uma correcção suave, não poderão os EUA só por si corrigir o défice, pois a solução “EUA alone” implicaria uma recessão económica nos EUA ou uma fortíssima desvalorização do US dólar ou as duas coisas juntas, em qualquer caso com nefastas consequências para todos.
Com este exemplo do BCE, será que os restantes parceiros económicos dos EUA vão demonstrar altruísmo e colaborar na tarefa em que a zona Euro não parece disposta a participar?
Como disse esta manhã à R.R., eu não tenho a pretensão de dispor de informação equivalente à do BCE, nem me julgo capaz de avaliar melhor a situação económica global do que os responsáveis dessa instituição.
Mas confesso que esta é das decisões que me deixa apreensivo...O que virá a seguir?
Já não me atrevo a nova aposta...

4 comentários:

  1. Aposta? Qual aposta?
    Querem ver que era disso que falava ontem à noite o CMonteiro, e eu pensei que ele escrevia sobre a "problemática" da BSE?
    Bolas estes CMonteiro parece o Director Geral de Impostos...não lhe escapa nada e qual sanquessuga, tenta sugar tudo o que pode!
    Por acaso de 27/dez a 05/jan estou ausente do País.
    Vou comemorar a passagem de ano na Zona Dólar, em Times Square Garden, e tentar contribuir para baixar o defice americano, como parceiro que sou, daquela zona.
    Os que ficam cá na zona Euro que se "amanhem" e passem um bom ano, com a minha presença espiritual, solidária e amiga!
    E Tavares Moreira não sinta qualquer responsabilidade na minha perdida aposta! Fi-la depois de "aprofundadada análise e devidamente..mente documentado sobre a questão"!?
    Mas não indo desta vez ao Saraiva, vou da proxima. Pagarei com juros...com taxa mais elevada, já sei!
    E agradeço a lição que nos dá no seu comentário! Não perdi tudo.

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  2. Caro Rui Vasco,
    Votos de boa viagem e melhor regresso, com um fim de ano muito animado em TSG.
    Deixaremos então o jantar para depois de 5 de Janeiro.
    Não propus o jantar em data anterior a 28 de Dezembro por dificuldades da m/ agenda.

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  3. YESSSS!

    Aqui o cmonteiro depois combina com o árbitro (Pinho Cardão) a tal ida à Adega. A coisa pode-se fazer por email e o Dr. Pinho Cardão tem o meu.

    Caro Dr. Tavares Moreira, no que toca à previsão, a sua era a esclarecida, a minha era "palpite", portanto o meu caro fica com todo o mérito e eu tive apenas sorte. O "palpite" é assim tipo como a análise técnica: "ah... a linha do gráfico agora deve ir para ali"!

    :)

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  4. Anónimo00:19

    Pois meus caros Amigos, pela minha parte cumprirei com a obrigação decorrente da aposta perdida. E lá estarei no dia que determinarem. Quero no entanto declarar que lido este post mais me convenço de que fiz a aposta certa.

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