Assisti aqui há tempos a uma conferência, bem interessante, sobre a pontualidade e tenho convivido ao longo da minha vida, diria com muita frequência, como certamente muitas pessoas, com a falta de pontualidade. Diria, mesmo, que sofro com a atitude de indisciplina no cumprimento de horas.
Hoje decidi contabilizar os diversos atrasos que me ocorreram ao longo do dia. Foi tanto o desgaste provocado que decidi falar um pouco da pontualidade e da falta dela e relembrar algumas das coisas que ouvi naquela conferência.
No seu conjunto, a pontualidade de todos os indivíduos compõe a imagem cultural da sociedade e o modo como é feita a gestão do tempo e a importância dada aos compromissos assumidos. A pontualidade é um hábito, uma forma habitual de viver as referências temporais do quotidiano e, portanto, uma forma de expressão própria para gerir prioridades na relação consigo próprio e com as outras pessoas.
Portugal integra-se nas chamadas culturas policrónicas, isto é, em que não é mal visto falhar os compromissos, sendo frequente a sobreposição de reuniões e preenchimento simultâneo das agendas, aparentando, por vezes, uma eficácia e produtividade que, na realidade, não se verificam. A obsessão pelo relógio, não é, com efeito, o nosso forte.
Foi recentemente divulgado um estudo levado a efeito pela AESE sobre a “Pontualidade em Portugal”, que vem confirmar, o que já não é novidade para ninguém, que os portugueses não são pontuais.
O estudo conclui por um panorama desolador e afirma que o défice nacional de atitude pontual é uma característica que condiciona negativamente a eficiência e a competitividade da sociedade e economia portuguesas, para concluir que existe uma relação intimista entre pontualidade e performance.
O estudo não demonstra de um ponto de vista económico a evidência daquela relação, mas refere que estamos perante uma enorme irresponsabilidade social e profissional com impactos marcantes na produtividade.
A falta de pontualidade é, sobretudo, uma séria falta de respeito e desconsideração pelo próximo. É uma falta de educação. Uma pessoa que chega atrasada a um encontro está a fazer troça da outra, porquanto acaba de lhe roubar tempo.
A falta de pontualidade está tão enraizada em Portugal que me atrevo a dizer que assume contornos quase “genéticos”. Mas não é um problema que não possa ter solução. Por ser um problema cultural, estou em crer que a educação – na Família e na Escola – poderia desempenhar um papel importante na melhoria comportamental. Publicamente deveria ser afirmado, por responsáveis, que é uma vergonha não cumprir com horas combinadas ou chegar atrasado a um encontro, de qualquer natureza. Quando se trata de trabalho, é ainda mais grave e, decididamente, um péssimo costume, odiado na maioria dos países civilizados.
Cruzar os braços, como fazemos em tantas outras coisas, não me parece realmente ser a atitude mais inteligente.
Hoje decidi contabilizar os diversos atrasos que me ocorreram ao longo do dia. Foi tanto o desgaste provocado que decidi falar um pouco da pontualidade e da falta dela e relembrar algumas das coisas que ouvi naquela conferência.
No seu conjunto, a pontualidade de todos os indivíduos compõe a imagem cultural da sociedade e o modo como é feita a gestão do tempo e a importância dada aos compromissos assumidos. A pontualidade é um hábito, uma forma habitual de viver as referências temporais do quotidiano e, portanto, uma forma de expressão própria para gerir prioridades na relação consigo próprio e com as outras pessoas.
Portugal integra-se nas chamadas culturas policrónicas, isto é, em que não é mal visto falhar os compromissos, sendo frequente a sobreposição de reuniões e preenchimento simultâneo das agendas, aparentando, por vezes, uma eficácia e produtividade que, na realidade, não se verificam. A obsessão pelo relógio, não é, com efeito, o nosso forte.
Foi recentemente divulgado um estudo levado a efeito pela AESE sobre a “Pontualidade em Portugal”, que vem confirmar, o que já não é novidade para ninguém, que os portugueses não são pontuais.
O estudo conclui por um panorama desolador e afirma que o défice nacional de atitude pontual é uma característica que condiciona negativamente a eficiência e a competitividade da sociedade e economia portuguesas, para concluir que existe uma relação intimista entre pontualidade e performance.
O estudo não demonstra de um ponto de vista económico a evidência daquela relação, mas refere que estamos perante uma enorme irresponsabilidade social e profissional com impactos marcantes na produtividade.
A falta de pontualidade é, sobretudo, uma séria falta de respeito e desconsideração pelo próximo. É uma falta de educação. Uma pessoa que chega atrasada a um encontro está a fazer troça da outra, porquanto acaba de lhe roubar tempo.
A falta de pontualidade está tão enraizada em Portugal que me atrevo a dizer que assume contornos quase “genéticos”. Mas não é um problema que não possa ter solução. Por ser um problema cultural, estou em crer que a educação – na Família e na Escola – poderia desempenhar um papel importante na melhoria comportamental. Publicamente deveria ser afirmado, por responsáveis, que é uma vergonha não cumprir com horas combinadas ou chegar atrasado a um encontro, de qualquer natureza. Quando se trata de trabalho, é ainda mais grave e, decididamente, um péssimo costume, odiado na maioria dos países civilizados.
Cruzar os braços, como fazemos em tantas outras coisas, não me parece realmente ser a atitude mais inteligente.
Cara Margarida
ResponderEliminarO comportamento dos portugueses, de um modo geral, é caracterizado pela falta de pontualidade. É uma falta de educação e de respeito. Mas como quer que os hábitos dos nossos compatriotas se pautem pela pontualidade? Já reparou que os políticos são péssimos a dar exemplos desta natureza.
Lembro-me da luta do anterior presidente da Assembleia da República ao querer impor que as sessões começassem a horas. Comissões a começar a horas?! Lá uma vez por outra.
Parece-me que só o futebol é que começa a horas. Um bom exemplo, sem sombra de dúvida, não fosse as "caneladas" e o “trauloteirismo” futebolístico, mas isso é outra coisa..
Confesso que diariamente sofro violência atrás de violência com os atrasos da "rapaziada".
Quando ao facto de dizer que este comportamento é “genético” não me admiraria nada! Recordo-me de Miguel Torga ter dito que os portugueses medem as horas, não pelo relógio-cronómetro, mas pelo relógio “telúrico”. Ora, como este último “rolex” tem as suas manias (e não é de imitação!), oscilando ao sabor dos solstícios e equinócios, é muito provável que nas próximas gerações não consigamos cumprir com os horários!
Só à “pancada”, o que não é possível, porque corríamos o risco de sermos presos, ou então através da engenharia genética. Uma mutaçãozita vinha a mesma a calhar.
Eu, já não aguento! Bom, como quem diz, se o Pinho Cardão nos convidar, não fazemos questão, se alguém chegar atrasado... Há sempre uma excepção...
Por coincidência ontem, o Oliveira Martins dos tempos modernos, Vasco Pulido Valente, num longo monólogo na RTP1, entre os muitos males que aponta ao País, apontava precisamente a falta de pontualidade. E dava para o facto uma explicação assaz curiosa. O desprezo pelo compromisso a horas certas é a prova de que ainda não nos libertámos do país rural que fomos durante séculos. Os agricultores não se regulam pelo relógio mas pelo tempo, pelo ciclo solar, pelo mais ou menos do que as condições atmosféricas permitem.
ResponderEliminarEnfim, uma intepretação.
Não será tanto assim. A falta de pontualidade é uma falta de respeito por ser uma demonstração de superioridade. Eu não preciso de chegar a horas.
ResponderEliminarComo se deve imaginar quem tem que fazer a vida no contacto com as pessoas não chega atrasado porque na próxima não há contacto. Assim, as consequências económicas da falta de pontualidade não existem.
Tirando naqueles que são realmente superiores. Não há um médico que dê a consulta à hora marcada, um funcionário público que nos atenda à hora combinada, um deputado que comece a reunião às horas certas, enfim...Não é por sermos um país de agricultores, é por sermos um país de aristocratas.
É muito interessante essa intepretação do Tonibler, se calhar é mesmo por sermos um bocado arrogantes que nos damos ao luxo de chegar atrasados. Não se trata é de aristocracia, porque os verdadeiros aristocratas são educados, naquele sentido humanista de ter um comprtamento que respeita os outros e não precisa de dar nas vistas para lhe reconhecerem o valor ou a superioridade.Talvez novo riquismo?Má preparaçãopara o exercício dos cargos?Ou o profundo individualismo que nos caracteriza?Também devo dizer que não tenho propriamente a "mania da pontualidade" ou seja, detesto que me marquem horas para coisas que não têm que ter essa disciplina, se queremos exigir pontualidade não odemos usar isso para determinar a vida dos outros quando nos convém mas só quando é mesmo necessário. Aofim de semana e nas férias, deixo o relógio na gaveta...(a sério!)
ResponderEliminarCaro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarTem toda a razão. Se os mais altos representantes da Nação – com excepção honrosa para alguns deles – não dão o exemplo, como é que o País há-de ser pontual?
Há realmente uma enorme falta de educação, que no caso em concreto tem efeitos sociais e económicos muito nefastos!
Caro José Mário
Ai se os agricultores chegassem atrasados ao nascer do sol! Lá se ia a agricultura. Não era nada mal que fossemos ruralmente pontuais!
Caro Tonibler
Será que entendi bem: somos um país cheio de superioridades. Um estatuto que não se compadece com pontualidades. Não ficaria bem. Entendo perfeitamente.
Uma noiva chegar a horas fica bem e não faz mal. Afinal, que mal tem essa falta de pontualidade quando depois os noivos terão todo o tempo do mundo?!
Suzana
ResponderEliminarA pontualidade é um bem escasso. Por isso, concordo inteiramente que a pontualidade deve ser exigida na medida da necessidade.
Não compensa ficarmos stressados por causa das horas...