segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A noite das mentiras!

Impõe-se fazer um prévio esclarecimento: votei SIM no referendo da IVG.
Mas confesso que me causou alguma perplexidade a forma apaixonada como os do SIM e os do NÃO se degladiaram nesta campanha. E como agitaram as bandeiras e aplaudiram os discursos.
A questão do aborto não me apaixona. Pelo contrário, confrange-me.
Porque o mais elementar bom senso impõe que se trata de uma questão nunca resolvida e cujos limites são tão variáveis que quantificar as semanas a partir das quais se penaliza ou despenaliza o acto é tão absurdo como tentar fazer a quadratura do círculo.
Mas esta campanha do referendo e esta noite de Fevereiro de 2007 ficarão na minha memória devido a algumas afirmações e frases que ouvi:
- Com o SIM vai acabar o aborto clandestino;
- Com o NÃO ajudava-se a salvar mais vidas;
- Agora as mulheres vão-se sentir menos angustiadas se tiverem que abortar;
- O serviço nacional de saúde vai ser capaz de responder a esta nova exigência.
Hoje não é 1 de Abril, mas a noite de 11 de Fevereiro de 2007 ficará como a noite das mentiras!

4 comentários:

  1. Caro Vitor Reis,

    Não sendo, como a esmagadora maioria dos portugueses, favorável ao aborto, naturalmente votei SIM e confesso que senti algum alívio e alguma satisfação pelo SIM ter ganho desta forma tão expressiva. Agora não passou disso, nada de euforias pois esta é uma matéria algo delicada.

    Tenho ainda que dizer que não partilho este seu pessimismo e pelo contário, não tenho qualquer dúvida que este 11 de Fevereiro representa finalmente o abrir a porta ao decréscimo acentuado do aborto clandestino, também paulatinamente do decréscimo do próprio nº de situações abortivas, mas, sobretudo, vem dar outra dignidade a quem se vê a braços com este tipo de situações.

    Cumprimentos,

    Regionalização

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  2. Caro Vitor Reis:

    Partilho as suas preocupações. Especialemte porque uma das frases da noite de um dos sectores do SIM foi: "Bem vindos ao século XXI"...
    Parece que finalmente saimos da cauda da Europa e que todos os nossos problemas(relacionados com o aborto e não só) ficaram resolvidos!!

    cumprimentos,
    Max Mornter
    (www.guardafiscal.blogspot.com)

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  3. Segundo os dados da própria Comissão Europeia (CE) recentemente publicados “a parcela de riqueza que é destinada aos salários é actualmente a mais baixa desde, pelo menos, 1960 (o primeiro ano com dados conhecidos). Em contrapartida, a riqueza que se traduz em lucros, que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta.”


    É esta a Europa “civilizada e respeitadora dos direitos humanos”, com a grande maioria dos seus cidadãos, os trabalhadores dos seus países, a usufruir cada vez menos da riqueza produzida, a que nos associámos agora na prática do aborto livre.


    Temos assistido nos últimos tempos quanto reclamam “os detentores do capital”, (para usar a terminologia da CE), da duração das licenças de parto que consideram exagerada (tendo por princípio que qualquer tempo para a classe empresarial será sempre excessivo). Receber salário sem trabalhar é coisa que vai contra os seus princípios.


    Quantos empresários não colocam como aceitação de emprego, que as mulheres se comprometam a não engravidarem? A prática do aborto é assim muito desejável pela classe empresarial, pela simples razão que em condições iguais, haverá sempre aumento de lucro quando não haja lugar a licenças dos seus trabalhadores.


    É este “estado civilizacional avançado” a que chegámos agora, dizem-nos, com a aprovação do aborto livre. E para espanto de alguns, com os partidos de “esquerda”, PCP, BE, e a própria CGTP, na vanguarda desta luta pelo aborto livre.

    O aborto é de facto uma barbárie que se comete contra um ser indefeso. Uma prática indigna do Homem do século XXI. Parecendo progressista revela em realidade uma atitude retrógrada perante a vida e a sociedade.

    Não restarão muitos anos para que os povos europeus se assumam contra o aborto livre.

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