Cumpriu-se ontem mais um ritual, daqueles ao gosto das nossas instituições. Celebrou-se mais uma liturgia da palavra por ocasião da abertura simbólica do ano judicial.
Alguns personagens novos. Os mesmos diagnósticos, os mesmos discursos.
Assisto a este ritual há anos e anos a fio, triste e enfadonho, da cor que predomina na assistência. Insidiosa mas divertida a ideia: nada muda justamente para que nesta ocasião se possa fazer o choradinho de sempre.
Desta vez chamou-me a atenção uma frase do discurso do senhor Presidente da República. Uma frase que resumiu o que motiva aquele cerimonial. Disse o Chefe do Estado que o sistema judicial era "um projecto de interesse nacional".
Pois é. Há trinta anos que a justiça é um projecto. Num vai e volta permanente para a prancheta de políticos e académicos. E o que ali se ouve, na solene rotina, é quase sempre a justificação para mais uma alteração ao desenho.
Em nome da justiça, claro. Muito importante para a democracia, dizem.
É sempre importante que o Presidente da República lá vá para dar a impressão que a nação está preocupada com o que lá se passa.
ResponderEliminarMas é mentira, há muito tempo que a nação já se esqueceu daquela gente. Com justiça, diga-se...
Caro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarDe facto, um ritual!...
Muito interessante também foi o facto de o meritíssimo bastonário da Ordem dos Advogados ter, em directo,e na rádio, resumido o discurso que iria proferir horas depois, explicitando com solenidade as quatro ideias- chave do mesmo, que, por sinal, já esqueci!...
E não creio que, no decorrer da cerimónia, tenha levado qualquer bastonada pelo facto!...