Depois de todo o ruído que nos últimos dias foi feito à volta deste dossier, imensa e justamente controverso – com inúmeros e sérios argumentos em contrario e alguns meio envergonhados a favor – eis que tivemos hoje um pronunciamento que, ou me engano muito, ou devo interpretar como um ponto final nesta enorme querela.
Não, não se trata de qualquer declaração do Ministro das Obras Públicas e muito menos do Primeiro-Ministro.
Mais importante, trata-se de uma declaração do Presidente da FEPICOP – Federação Portuguesa das Industrias de Construção Civil.
Dessa declaração, que encontrei ao início da tarde de hoje na Net, destaco as seguintes passagens:
- “É uma pena que a esta altura ainda se esteja a discutir problemas de natureza técnica”;
- “ Precisamos de um sinal do Estado e não de desperdício do capital disponível”;
- “ OTA é fundamental para alavancar o sector da construção e para colocar Portugal no ciclo da Europa”.
A partir desta declaração, impõem-se-me as seguintes reflexões:
- Embora eu não entenda bem o que se deva entender por “desperdício de capital disponível”, pois se não temos capital disponível não o podemos desperdiçar.
Podemos desperdiçar, com certeza, mais recursos obtidos por empréstimo no exterior, capital disponível é que não porque inexiste.
- Embora eu não entenda bem o que quer dizer “colocar Portugal no ciclo da Europa”.
No ciclo da Europa já nós andamos há anos, embora quase sempre enganados no percurso e muitas vezes mais de triciclo do que de comboio ou TGV, ainda menos de avião.
- Embora eu não entenda bem o que significa “é fundamental para alavancar o sector da construção”.
O sector ainda precisa de mais alavancas do que as que tem recebido?
Quando acabará a necessidade de alavancagem?
Há uma coisa que eu não posso deixar de concluir, depois desta declaração: é que a OTA vai mesmo para a frente.
Que se desiludam aqueles que a têm combatido, apesar de reconhecer que o têm feito em nome dos superiores interesses do País e com um sentido cívico que me merece o maior respeito.
Não disse há dias o Ministro das Obras Públicas que a construção da OTA constituía um compromisso pessoal?
Conclusão:
ResponderEliminarOs Patos Bravos - Perdão ! - O sector da construção não existe sem o Estado... 'tadinhos.
Portugal não precisa de dinamizar a economia. O que precisa é de dinamizar um sector que opera com mão de obra e equipamentos importados.
ResponderEliminarÉ bom. É muito bom. Ficamos mais internacionalizados.
Hoje o ministro das Finanças foi a Bruxelas dizer que a construção da OTA vai ter um reduzido impacto no OE. Afinal há vida para lá do deficit mas acaba no orçamento...
ResponderEliminarMas o homem não é prof. de economia? Pergunto eu aos ilustres economistas que certamente não entendem estes pontapés na ciência. E com professores de economia a dizerem destas coisas, concordo, a OTA é irreversível. Venha o festival de estacas e o domínio espanhol.
...e mão de obra barata, sem qualidade e muita dela clandestina, sem formação profissional, sem condições de trabalho e segurança...
ResponderEliminarPoderia enumerar tantos outros! É assim o sector da construção em Portugal, aquele que querem, ou precisam dinamizar para benefício apenas de alguns!
Perguntas talvez inoportunas :
ResponderEliminarE o Sr. Presidente da República ?
Não terá ele nada a dizer à Nação ?
Ou ficou contemplativo à espera da reeleição ?
Para o Presidente da FEPICOP qualquer coisa serve, Rio Frio, Ota,Poceirão...Entre estas, a Ota é óptima, porque, segundo ele, pode começar mais depressa e, além disso, potencia em larga escala mais um trabalho, o do fabrico de 236.000 estacas e da sua montagem!...Quanto a preço, é de somenos...os seus representados estão lá para receber e não para pagar. Para pagar, estamos cá nós, já que o compromisso pessoal do ministro Lino não compreende certamente tão vil questão.
ResponderEliminarFalando mais a sério: como ainda penso que haverá um resquício de boa fé e de bom senso nas instituições e de respeito pelos cidadãos, acreditarei até ao fim que a Ota não se vai fazer!...
Caros Amigos,
ResponderEliminarCompreendendo embora as marcas de inconformismo/insatisfação que os vossos comentários encerram, tenho a comunicar-vos que, na minha perspectiva o desgraçado dossier Ota está perdido...para quem esperava ainda uma solução de bomsenso.
Vai prevalecer, mais uma vez, a falta de senso.
Não sei se repararam, entretanto, em mais dois dados significativos posteriores à colocação deste POST:
- O anúncio (mais um) do MOP, sobre o início, no 2º semestre, do concurso da Ota. Curiosamente, esse anúncio foi feito à saída de uma reunião com a AECOPS...
- A notícia, hoje divulgada no DRepública em formato de jornal diário, intitulado DEconomico, segundo a qual uma eventual alteração da localização do novo aeromorto obrigaria a que as negociações com Bruxelas voltassem ao que chamam a "estaca zero"...
Ainda precisam de mais confirmações?
Só falta mesmo a confirmação da visita de Robert Mugabe, para presidir ao lançamento da primeira das 235.600 estacas de brita!
Mas afinal essa «cena» do Mugabe é mesmo verdade ou é só brincadeirinha?
ResponderEliminarÉ que eu tenho estado a levar a coisa mais «na onda» da brincadeira.
Caro Anthrax,
ResponderEliminarRespondo à sua questão só com uma pergunta: acha possível encontrar, para um projecto com as excepcionais qualidades da Ota, melhor padrinho - a condizer melhor - que Robert Mugabe?
Se for capaz de encontrar, agradeço que informe directamente o Governo, nem precisa de nos dar conhecimento.
Um abraço.
Dr. TM, não me faça isso!
ResponderEliminarOlhe que vou já a correr para o Cristo Rei e depois atiro-me cá para baixo (e ainda chego a tempo de fazer a notícia de abertura do jornal da TVI, logo a seguir à notícia sobre o empate da Selecção Nacional).
Estou na fase da negação... O tipo prendeu outra vez o líder da oposição!
Caro Antrax,
ResponderEliminarNão me faça uma ameaça dessas, não se atire de lado nenhum que não vale a pena!
Para além de tudo o mais, não podemos prescindir da sua presença, da sua inteligência crítica, sempre atenta e sagaz.
Acho muito bem que vá até ao Cristo-Rei, mas só para lhe pedir misericordia para esta nossa indefesa sociedade, está bem?
E já agora peça também para que os impostos comecem a baixar, não se importa?
Ah ah ah ah ah ah! :))
ResponderEliminarAi «Sinhor»! Fosse eu dado à religião e até ía a Fátima apelar à intervenção Divina.
Como diriam os americanos: «The Lord works in mysterious ways»... «and they're all tax free.», costumo acrescentar eu.
Sabe, não sei se a nossa sociedade está assim tão indefesa. Está, talvez, um pouco adormecida mas indefesa, não sei. Além disso, um governo de gestão a curto e médio prazo nunca pode baixar os impostos porque não tem fontes de rendimento alternativas que permitam fazer face ás despesas de agora.
Portugal não consegue fazer uma gestão gradual das coisas (sejam elas quais forem). Não há uma visão estratégica e não há um plano. O que há é uma data de tácticas para combater os problemas presentes e como diria o General MacMahon (se não estou enganado) «A França perdeu a guerra da Indochina a golpe de tácticas excelentes.».
Pior do que isto só, mesmo, ler aquele livrinho do Andrade Corvo (acho que é este) sobre os perigos para Portugal ou qualquer coisa assim do género), e verificar que os problemas são sempre os mesmos e já lá vão quase 200 anos.
Os portugueses são bons para grandes esforços num curto espaço de tempo, mais do que isso «a malta começa a ficar um bocado chateada» :)
O aeroporto da Ota não vai para a frente.
ResponderEliminarEscreva isso em letras gordas.
Portugal e os portugueses não dormem.
Gabriel Órfão Gonçalves
http://bravosdopelotao.blogspot.com