A tecnocrática esquerda socialista portuguesa moderna apresenta um inesgotável manancial de ideias. E até as apresenta em inglês, para mostrar ser verdadeiramente modernaça. A grande síntese dessas ideias encontrei-a ontem no DN e refere-se ao lixo, talvez não por mero acaso, mas por espantosa correspondência com a substância que vem brotando de tão incansáveis mentes.
A frase que sintetiza a nova grande ideia traduz-se na frase pay as you throw, isto é, cada qual paga de acordo com a quantidade de lixo que produz.
Como cada qual irá pagar pelo peso ou volume do saco do lixo, estou desde já a prever a presença, à porta das casas, dos escritórios, dos bairros de lata, das barracas de praia, dos parques de campismo e de tudo o que cheirar a construção, todo o dia e toda a noite, de um corpo de técnicos equipados com máscara anti-gás, e instruídos tecnologicamente das capacidades de medida e de software apropriado para o devido registo. E um corpo policial especializado para evitar fugas ao sistema, bem como uma corporação de juízes devidamente dotados da capacidade jurídica de constituir como arguidos todos os que tiverem qualquer veleidade de recalcitrar.
Os defensores da ideia sustentam, aliás, ser esta a medida a medida mais apropriada para fazer inverter a pitoresca situação em que nos encontramos, como ouvi no recente debate com o 1º Ministro, de simultâneo aumento do desemprego e do emprego, fazendo diminuir os dois...
Em alternativa, há quem sustente a obrigatoriedade de cada família ter um contentor próprio, dotado de lixómetro específico. Por mim, coloco substanciais reservas ao sistema, por pensar que a nossa tradicional honestidade não seria incompatível com deitar o lixo no contentor do vizinho...
Há ainda quem defenda, na tal esquerda bem moderna, a fixação de um imposto, género IVVA, mas agora IVVSL, sobre os sacos de lixo que se comprem. Por uma questão de ética republicana, não me passa pela cabeça tal ideia, por assim fazer pagar antecipadamente ao pobre cidadão o lixo ainda não devidamente produzido. Além do mais, tratar-se-ia de pagar um futuro e a esquerda não gosta de especulação bolsista. Isto pensando que a esquerda moderna tem qualquer ética, mesmo que republicana!...
Como se comprova nesta matéria do lixo, o que a tecnocrática esquerda socialista portuguesa moderna tem, sim, é ideias. Ideias bem merecedoras de um caixote do lixo de bom design, completamente gratuito e dotado de um excelente chip tecnológico que as encaminhe logo para a lixeira.
A frase que sintetiza a nova grande ideia traduz-se na frase pay as you throw, isto é, cada qual paga de acordo com a quantidade de lixo que produz.
Como cada qual irá pagar pelo peso ou volume do saco do lixo, estou desde já a prever a presença, à porta das casas, dos escritórios, dos bairros de lata, das barracas de praia, dos parques de campismo e de tudo o que cheirar a construção, todo o dia e toda a noite, de um corpo de técnicos equipados com máscara anti-gás, e instruídos tecnologicamente das capacidades de medida e de software apropriado para o devido registo. E um corpo policial especializado para evitar fugas ao sistema, bem como uma corporação de juízes devidamente dotados da capacidade jurídica de constituir como arguidos todos os que tiverem qualquer veleidade de recalcitrar.
Os defensores da ideia sustentam, aliás, ser esta a medida a medida mais apropriada para fazer inverter a pitoresca situação em que nos encontramos, como ouvi no recente debate com o 1º Ministro, de simultâneo aumento do desemprego e do emprego, fazendo diminuir os dois...
Em alternativa, há quem sustente a obrigatoriedade de cada família ter um contentor próprio, dotado de lixómetro específico. Por mim, coloco substanciais reservas ao sistema, por pensar que a nossa tradicional honestidade não seria incompatível com deitar o lixo no contentor do vizinho...
Há ainda quem defenda, na tal esquerda bem moderna, a fixação de um imposto, género IVVA, mas agora IVVSL, sobre os sacos de lixo que se comprem. Por uma questão de ética republicana, não me passa pela cabeça tal ideia, por assim fazer pagar antecipadamente ao pobre cidadão o lixo ainda não devidamente produzido. Além do mais, tratar-se-ia de pagar um futuro e a esquerda não gosta de especulação bolsista. Isto pensando que a esquerda moderna tem qualquer ética, mesmo que republicana!...
Como se comprova nesta matéria do lixo, o que a tecnocrática esquerda socialista portuguesa moderna tem, sim, é ideias. Ideias bem merecedoras de um caixote do lixo de bom design, completamente gratuito e dotado de um excelente chip tecnológico que as encaminhe logo para a lixeira.
Notável este post, notável. Ainda estou a rir... Já estou a ver a revisão do conteúdo funcional de todos os que se vão ocupar da gestão destas tecnologias!E a complexidade, a complexidade, a interacção, a video vigilância,os alarmes nos fechos dos sacos...Será que as empregadas domésticas também vão reivindicar acções de formação?? Além da revolução culinária, aí já atinge as pobres donas-de-casa, coitadas, a ter que incorporar as cascas das batatas e das cebolas nas iguarias, as cascas pesam imenso!
ResponderEliminarEu concordo com o princípio do utilizador pagador, essa notável invenção do estado social em que chegamos à conclusão que pagamos impostos unicamente para sustentar aqueles que nos dizem para pagar.
ResponderEliminarAliás, acho curioso que ainda não me tenham vendido uns títulos de emissão de CO2 devido à respiração dos meus dois filhos de forma a conseguir financiar o Instituto do Ambiente.
Caro LMSP:
ResponderEliminarPode ser proporcional a tudo. O que eu contesto é que tenha que pagar impostos e depois tenha ainda que pagar serviços ao Estado por tudo e por nada.Contesto ainda estas novas formas de fiscalidade que têm o único objectivo suportar a cada vez mais crescente despesa pública.
E não é justo que uma família, por exemplo com 5 filhos, e que gasta mais água que uma que não tenha nenhum, tenha ainda que pagar mais pelo lixo que faz, sendo assim penalizada pelo facto de ter filhos.
Grande tema e grande post.
ResponderEliminarE grandes comentários! Nem me atrevo a dizer nada.
Mas, oh Prof. Massano, não nos quer dizer qualquer coisa sobre isto?
Fantástico post caro Pinho Cardão.
ResponderEliminarPermita-me que lhe dê nota de uma pequena piada que recebi por e-mail (peço desculpa pela linguagem):
“Vinha o Sócrates e uma comitiva de seguranças caminhando por uma rua abaixo quando o 1º Ministro se viu apertado para urinar: - E agora, companheiros, o que faço?
- Faça ai mesmo, senhor 1º Ministro, disse um dos seus assessores. A gente faz uma barreirinha! Nisto, um polícia que passava viu o acto em via pública.
- Ah! Apanhei-te! Isso é atentado ao pudor! Oh! Desculpe-me senhor 1º Ministro, não vi que era o senhor...
- Não, companheiro, a lei é para todos. O que eu estava fazendo é errado e você vai multar-me e até prender se for o caso.
- Senhor 1º Ministro, não o vou prender...!
- Vai sim, se estiver na lei.
- Não, não vou...
-Vai!
- Senhor 1º Ministro... o senhor já fez tanta cagada, acha que eu vou prendê-lo por uma mijadinha de nada…?”
Por isso, não estou nada preocupado com este assunto do lixo. Se formos a analisar o balanço entre o lixo produzido pelo povo e pelo governo, estou convicto de que haverá lugar à devolução de impostos... e as finanças públicas irão ressentir-se desta ousadia socialista.
Se houvesse justiça, caro Félix Esménio, se houvesse justiça!...
ResponderEliminarPinho Cardão,
ResponderEliminarJá agora, porque não também um gasómetro para a medição e controlo do fenómeno agora conhecido por flatulências?
Magnífico post.
Meus caros,
ResponderEliminarO "recreio" está muito agradável e divertido.
Mas queremos continuar a ser os feios, porcos e maus desta europa?
Apreciando sem reservas o humor deste "post", quero contudo dizer que não há aqui nada de novo.
ResponderEliminarEsta abordagem do “pay as you throw,” tem já largos anos noutras paragens. Assim, já em 2000, um pequeno excerto de um estudo publicado pelo americano Reason Public Policy Institute, dizia :
"Variable-rate pricing, or “pay as you throw,” is a new strategy with a growing number of advocates. Under a variable-rate system, customers are provided an economic signal to reduce the waste they throw away because garbage bills increase with the volume or weight of waste they dispose. Variable-rate pricing is being adopted in thousands of communities to create incentives for additional recycling in the residential
sector.
Regionalização
.
Magnífico post e magnífica resposta:
ResponderEliminar"O que eu contesto é que tenha que pagar impostos e depois tenha ainda que pagar serviços ao Estado por tudo e por nada"
Caro António Almeida Felizes:
ResponderEliminarEu sei que, de facto, não há nada de novo...por enquanto, claro!....
Só haverá algo de novo é quando começarmos a pagar o sistema e continuarmos a pagar os impostos...