quarta-feira, 11 de abril de 2007

Património histórico: um potencial turístico



Governo quer uma Expo e um Euro por década
Organizar um ou dois megaeventos em cada década, à semelhança do que aconteceu com a Expo'98 e o Euro 2004, é a grande ambição do turismo português. Este ambicioso desígnio consta no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) que ontem foi publicado em Diário da República. Fonte da (…)
- Diário de Notícias, 5.04.2007 -
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Não há dúvida que o turismo, em termos de futuro, e na perspectiva do desenvolvimento do nosso País, será porventura, em paralelo com a aquisição de valências em termos de qualificações académicas da população portuguesa em geral, o factor que se vislumbra como mais importante.
Quem leu a notícia Governo quer uma Expo e um Euro por década do Diário de Notícias provavelmente terá reparado numa certa incongruência com uma outra notícia imediatamente localizada abaixo desta, em que se referia que Lisboa foi em 2006 a cidade capital europeia com maior taxa de ocupação hoteleira.
Assim, se a cidade com mais potencialidades turísticas a nível nacional para acolher realizações do tipo Expo e Euro, tem os hotéis todos cheios, fará sentido promover a realização de eventos temporários, ultra dispendiosos e com resultados económicos que nos questionam sobre os seus benefícios sustentáveis?
Penso que o que fará sentido – isso sim – é o aproveitamento do nosso património histórico e monumental, de modo a criar "atracções" permanentes. Só assim se criaria um fluxo contínuo e sustentável no tempo de turistas “de qualidade”, que permitiriam um desenvolvimento harmonioso das nossas infra-estruturas, nomeadamente as hoteleiras.
Priveligiar o investimento no património histórico, estou convencida que constituiria um motor de desenvolvimento económico e social, pela actividade económica que induz, pela atracção de investimento privado e pela criação de postos de trabalho e novos pólos de atracção e animação turística, a par de um motor de desenvolvimento sustentável em que se combinam de forma coerente e planeada objectivos económicos e sociais, urbanos e ambientais, culturais e patrimoniais.
Creio que estaremos todos de acordo em considerar que a “Grande” Lisboa será porventura a região do nosso País que reúne maiores potencialidades para um turismo deste tipo e com a dimensão ajustada aos objectivos de nível nacional almejados.
Dentro desta linha de rumo, inclui-se a requalificação e revitalização da Zona Ocidental de Lisboa – “vítima” de uma acentuada degradação desde os anos 40 – recuperando os patrimónios monumentais Ajuda e Belém, Terreiro do Paço e Baixa Pombalina e espaços ribeirinhos adjacentes. E em particular, teria lugar o acabamento do Palácio Nacional da Ajuda, terminando com o pesadelo estético que são as ruínas das tentativas feitas ao longo de mais de dois séculos para completar uma construção inacabada.
Este rumo constituiria, igualmente e não menos importante, um marco no respeito e na valorização da memória histórica e do património cultural português, ao relançar duas “marcas de prestígio” que todos os portugueses conhecem e de que se orgulham: a Praça do Comércio/Terreiro do Paço e o Palácio Nacional da Ajuda.

2 comentários:

  1. Margarida,

    Não posso estar mais de acordo com a opinião que aqui exprime!
    Julgo que valeria cem vezes mais recuperar e promover o nosso património histórico/monumental, do que esta ideia, com sabor a "saloiada", de promover uma Expo e um Euro por década.
    Sabe o que me ocorreu quando li essa proclamação? Perguntei a mim mesmo: e porque não também uma Ota em cada 5 anos, já que estamos a falar em lançar empreendimentos do tipo "investimento estratégico"?
    "Needless to say", o "estratégico" aqui equivale a "que compromete o nosso futuro"...

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  2. Dr. Tavares Moreira
    Prezo muito que esteja de acordo.
    A expressão "estratégico" está completamente banalizada. Mas não é razão para nos deixarmos iludir! O importante é o investimento em criação de valor sustentável.
    Entretanto, temos o nosso extraordinário património histórico a degradar-se. Um "crime" diria, porque jamais será possível substituir por betão!

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