Foram hoje divulgadas as previsões de Primavera da Comissão Europeia (CE). No que toca ao crescimento económico de Portugal existem boas e más noticias.
Boa notícia: a CE reviu em alta as projecções do crescimento do nosso PIB quer em 2007, quer em 2008. Assim, antes a CE previa que cresceríamos 1.5% neste ano e 1.7% no próximo; agora, a CE prevê um crescimento de 1.8% em 2007 e 2% em 2008. Positivo, portanto.
O problema é que esta é a única boa notícia.
Quanto às más notícias, o campo é, infelizmente, mais vasto.
Primeiro: apesar da revisão em alta do nosso crescimento económico, como as projecções para a Zona Euro, a EUR-15 e a UE-27 foram mais revistas em alta relativamente ao anterior cenário, o que sucede é que, face aos nossos congéneres europeus, ficaremos pior (isto é, empobreceremos mais rapidamente em termos relativos).
Segundo: Esta realidade é confirmada pela evolução prevista para o nosso PIB per capita. Anteriormente, as nossas posições relativas previstas para 2007 e 2008 eram o 18º e o 20º lugares, respectivamente. Agora, com a actualização das projecções da CE, já ficámos no 19º lugar em 2006 (a Malta ultrapassou-nos no ano passado); e cairemos para o 20º lugar em 2008, mas mais longe do que anteriormente face à Estónia, que nos ultrapassará no próximo ano. Atingiremos, aí, um rendimento per capita, de 64.4% da média da EUR-15… Quem diria, há apenas cinco anos, por exemplo, que a Eslovénia (em 2003), a República Checa e Malta (em 2005) e a Estónia (em 2008) nos ultrapassariam em termos de nível de vida? E que todos os países do leste europeu que aderiram em 2004 e já em 2007 estariam a recuperar, a olhos vistos e ano após ano, terreno face ao nosso PIB por habitante? O nosso país a piorar; os outros a recuperar…
Terceiro: Ainda pior – Portugal registará, em 2007, e à semelhança do que aconteceu em 2006, o mais baixo crescimento da UE-27. E em 2008, o nosso país terá o segundo mais baixo crescimento de entre os 27 (a par com a Dinamarca; pior só mesmo a Itália). Ora, este cenário é ainda pior do que nas anteriores projecções, em que nos situávamos na penúltima posição na UE-27 em termos de crescimento económico, quer em 2007, quer em 2008 (a Alemanha e a Itália ocupavam a cauda da tabela, respectivamente). É a prova de que, se o nosso crescimento foi revisto em ligeira alta, os dos outros países foram revistos... numa alta maior - pelo que a nossa posição relativa de deteriora. Lá estamos nós no fundo do pelotão em 2007 (como em 2006) e em penúltimo lugar em 2008...
Como se vê, predominância das más notícias… E durante quanto mais tempo? Em minha opinião, até ao final desta década, pelo menos, não teremos condições de voltar a convergir para a média europeia. O que significa que teremos, seguramente, mais de uma década em contínua divergência para o nível de vida médio europeu.
Será que, perante este cenário, alguém tem coragem de dizer que a revisão em alta do nosso crescimento económico constitui uma boa notícia? Só quem for mesmo muito autista e julgar que estamos sozinhos no mundo poderá pensar assim. Porque face aos outros – e, obviamente, assim é que a análise deve feita –, estamos cada vez mais longe, cada vez mais pobres. Isto é, cada vez pior.
Viva,
ResponderEliminarNa globalidade concordo que as más notícias limitam qualquer discurso eufórico. Mas a economia não é um processo em que todos os anos começamos duma base zero e nem pode ser analisada dessa forma. Se em determinado período o nosso défice orçamental é dos mais altos dos 27 e simultaneamente o crescimento é quase nulo, não é racional exigir que, no seguinte, ao mesmo tempo que se diminui o défice orçamental (não vamos agora discutir o como porque as várias opções, mesmo as mais desejáveis, limitam a economia), a economia já cresça acima da média.
A performance da economia portuguesa está muito aquém do desejável e acho muito bem que isso seja sublinhado mas, infelizmente, não podemos pensar que dum ano para o outro começa tudo do zero.
Cumprimentos,
Bom isto de estar pior é mais para uns do que outros... Isso dos portugueses terem um rendimento per capita médio de 64,4% da média da UE é só para a maioria dos que trabalham.
ResponderEliminarIsto porque de acordo com um estudo da CMVM ás remunerações auferidas pelas camadas dirigentes das empresas cotadas na Bolsa, e sobretudo as do PSI20, aquilo que esses "grandes" gestores (curiosamente defensores do Governo) auferem é tão somente cerca de 60 vezes mais do que um trabalhador português médio.
Para esses os 64,4% não são de todo aplicáveis! A título de curiosidade o estudo indica que essa camada dirigente, que estagnou os salários do grosso dos seus trabalhadores devido ao aumento de impostos e necessidade de tentar manter a "competitividade", entre 2000 e 2005 teve de tomar a díficil decisão de aumentar entre 220 a 320% as remunerações que pagavam a si próprios!... Deve ser para poderem estar contentes e motivados para gerirem bem as empresas!
As PME's, essas... essas que paguem as facturas e os impostos, tal como os trabalhadores por conta d'outrém... e que se preocupem em como arranjar o dinheiro... aquele que os seus clientes muitas vezes não pagam e que o sistema judicial se está nas tintas em fazer pagar antes de as empresas irem à falência por falta de cash-flow que mantenha a actividade... Sobretudo se os clientes forem o próprio Estado... mas ai deles se deixam de pagar a SS ou os impostos... aí até lhes penhoram a alma se isso der dinheiro! Agora pagar a tempo e horas... isso só vai num sentido... No do Estado e das grandes empresas e Grupos Económicos... sim... daqueles que o estado continua a proteger... mas só dos que "vão para a cama" com ele, porque os Grupos Económicos que saem dos sistema são para abater, mesmo que sjam dos mais dinâmicos a nível nacional e com forte representação a nível internacional!
E depois ainda têm o descaramento de dizer que isto está melhor depois do 25 de Abril?
ResponderEliminarSem qualquer ironia, caro Vírus: Assim do espectro político actual, qual a sua côr partidária, nem que seja por aproximação?
ResponderEliminarAcredite que não tenho qualquer intenção oculta nesta pergunta, e peço-lhe sinceramente que não leve a mal.
É que ando a fazer uma coisa assim tipo uma sondagem... Coisas minhas...
Caro cmonteiro,
ResponderEliminarnão tem qualquer problema, apesar de discordarmos em 99% dos assuntos acredite quando lhe digo que dá-me um enorme prazer argumentar consigo e com a sua lógica (por pior que me possa parecer)... sabe que isto de discutir com pessoas que pensam o mesmo não me dá lá grande gozo, até porque a esses não se consegue fazer "ver a luz" porque já estão "iluminados" :)!
Adiante e respondendo à sua pergunta a minha côr política é um bocado como a de um camaleão... varia conforme o assunto e as minhas crenças... não é propriamente uma côr estanque e cega...
Mas adianto desde já que desde os meus 14 anitos que sou filiado no PSD, e até tenho cartão de militante e tudo (mas não pago quotas há anos porque já não acredito nos nossos políticos)!
Resumindo, sou essencialmente de direita e laranja, mas não sou cego ao ponto de defender tudo o que me dizem que é verdade... defendo aquilo em que acredito... Acho que dava um péssimo deputado, pois nas votações que exigem disciplina partidária eu seria muitas vezes um indisciplinado de acordo com a minha consciência!
Desculpe lá a extensão da resposta... mas direita, e não extrema (pois essa pouco difere da esquerda... e é geralmente composta por seres acéfalos!).
Estou esclarecidíssimo caro Vírus. Obrigado, mais uma vez.
ResponderEliminarÉ de facto um imenso oceano, esse PSD.
A esta hora é mais um charco do que um oceano... está a ser demasiado simpático meu caro cmonteiro!
ResponderEliminarBem, se fosse revista em baixa, a notícia era pior. Revista em alta é boa notícia, sempre. Pode é não ser tão boa como devia.
ResponderEliminar" Quem diria, há apenas cinco anos, por exemplo, que a Eslovénia (em 2003), a República Checa e Malta (em 2005) e a Estónia (em 2008) nos ultrapassariam em termos de nível de vida? "
Aqui o Toni, que vendeu as acções que tinha das empresas portuguesas e meteu em fundos desses países ha 2,5 anos!!! Estão a valorizar 133%, obrigado ;-) É uma questão estrutural relativamente óbvia. Os cidadãos deles sabem mais que os nossos.
Não há qualquer dúvida, se é que ainda as houvesse, que o Tonibler é um sujeito altamente inteligente e perspicaz!...
ResponderEliminarToda a gente dizia a mesma coisa na altura, caro Pinho Cardão, principalmente da Hungria e da Rep. Checa. Não há nenhum mérito meu.
ResponderEliminarNão vale a pena andar a chorar cada vez que há um desses países que se torna mais rico que Portugal. Eles têm a melhor educação do mundo há 50 anos e nós andamos há 50 anos a construir a pior pelo que, em iguais condições de liberdade e mercado, eles ganham sempre.
Então caro Tonibler?
ResponderEliminarA pior educação? Como?!?!? Não é possível!!! Sabe o pior cego é aquele que não quer ver!...
Então o meu caro não sabe que o importante para os nossos sucessivos Governos é a qualidade do nosso Ensino?
Então não sabe que a % de insucesso escolar tem vindo a diminuir de ano para ano?
Não sabe que temos cada vez mais jovens a frequentar as universidades (até mesmo as como a Independente) e alguns até chegam a Primeiro-Ministro?
Então não reconhece o esforço dos Governos em avaliar os professores e as escolas/universidades criando rankings de qualidade (aqueles que servem para dizer aos alunos das escolas do fundo da tabela que por melhores que eles sejam o seu futuro é dedicarem-se a roubar carros porque vêm de uma escola má)?
Isso de passarem os alunos administrativamente de ano para ano, de darem um "free pass" até ao xº ano, de possibilitarem a qualquer asno (sei lá... como eu por exemplo) de compr...ooops... tirar o curso de Engº ou qualquer coisa... independentemente de estudar ou não, não interessa nada!
O importante não é exigir aos alunos esforço e trabalho, o importante é exigir aos professores que facilitem a vida aos alunos... se quiserem ter boas avaliações (sim, porque professor que chumba muitos alunos não pode ser bom professor) esta é a melhor forma de as garantir!
Há o liberalismo, o conservadorismo, o fascismo, o comunismo, na Educação em Portugal há uma nova corrente... O FACILISTISMO... e vai fazer escola!
Sobre isso, camarada Vírus, conto-lhe isto:
ResponderEliminarhttp://tonibler.blogspot.com/2007/05/agora-no-como-c.html
C'os diabos?!...
ResponderEliminarEstaremos a exportar políticos para a Rússia?!...
Será que isso ajuda a combater a dívida externa, e por arrastamento o défice?