terça-feira, 29 de maio de 2007

Lisboa em Maio, doce e charmosa...


Já repararam que Lisboa está mais bonita? São os jacarandás floridos, com as suas vistosas copas em tons lilases, plantadas em jardins, praças e pracetas, avenidas e ruas, um pouco por toda a cidade. Quem não aprecia a beleza desta pintura?
Lisboa fica mais humanizada, doce, charmosa, colorida e repousante quando os seus jacarandás, salpicados aqui e ali, desabrocham entre a Primavera e o Verão.Com este espectáculo, ficamos mais sensibilizados para o contributo único das árvores, das flores e dos jardins para a qualidade de vida nas cidades.
Deveríamos dar maior atenção às zonas verdes de Lisboa. A minha preocupação por Lisboa, porque conheço melhor, é extensiva, naturalmente, às outras cidades. As zonas verdes embelezam e refrescam as cidades, respiram saúde, humanizam o ambiente e convidam a uma maior fruição do espaço público.
Infelizmente, temos vindo a assistir em Lisboa, desde há muito, a uma degradação generalizada dos seus jardins, alguns deles verdadeiras obras de arte, ao abate em escala de árvores, algumas delas centenárias, e, também, à construção de edifícios e de infra-estruturas urbanas despidas de espaços verdes.
Os nossos jacarandás são um património valioso que reflecte um tempo de muito bom gosto. Desfrutemos, pois, da sua envolvente...

6 comentários:

  1. Sobre a árvore... de Luis Vaz de Camões...

    Árvore, cujo pomo, belo e brando,
    natureza de leite e sangue pinta,
    onde a pureza, de vergonha tinta,
    está virgíneas faces imitando;

    nunca da ira e do vento, que arrancando
    os troncos vão, o teu injúria sinta;
    nem por malícia de ar te seja extinta
    a cor, que está teu fruito debuxando.

    Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
    a meu contentamento, e favoreces
    com teu suave cheiro minha glória,

    se não te celebrar como mereces,
    cantando-te, sequer farei contigo
    doce, nos casos tristes, a memória.

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  2. E... acerca da cidade, de Sophia de Mello Breyner Andresen...

    Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
    Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
    Saber que existe o mar e as praias nuas,
    Montanhas sem nome e planícies mais vastas
    Que o mais vasto desejo,
    E eu estou em ti fechada e apenas vejo
    Os muros e as paredes, e não vejo
    Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

    Saber que tomas em ti a minha vida
    E que arrastas pela sombra das paredes
    A minha alma que fora prometida
    Às ondas brancas e às florestas verdes.

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  3. Caro Bartolomeu
    Que bonitas escolhas. Luis de Camões, com o seu lindíssimo hino; Sofia de Mello Breyner com a sua cidade decepcionante. Faltam-lhe os jacarandás...

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  4. Para que o hino de Camões fosse épico, sem que o fosse :) foi necessário que existisse o olhar decepcionante de Sophia.
    (Brincando com as palávras, mas não com as ideias)

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  5. Anónimo23:03

    Partilho inteiramente do que dá nota no post, Margarida.
    E que bela foto!

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  6. Margarida, ainda bem que "fixou" a Primavera através desta bela fotografia. Todos os dias me maravilho com o lilás das ruas e jardins, num prazer renovado que não cansa, mesmo quando tenho que sacudir as flores que cobrem o meu carro ao fim da tarde!...

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