A ETA declarou o fim do cessar fogo que negociou com o PSOE.
Na prática nunca o respeitou como ficou bem patente no atentado de Barajas.
Aqui escrevemos que com o terrorismo não se negoceia.
Está agora à vista o clamoroso erro de Zapatero. Falta saber como aproveitou a ETA este período em que o Estado espanhol se desarmou na luta contra o terrorismo.
José Mário
ResponderEliminarUm ERRO político que a Espanha vai pagar caro. Zapatero pagará uma elevada factura!
A ETA aproveitou o tempo para se reagrupar e rearmar, evidentemente.
ResponderEliminarÉ uma tática antiga dos movimentos de guerrilha. Em alturas de maior pressão, desarticulação, delapidação do arsenal fazem uma tregua. Reagrupam e rearmam-se e a seguir volta tudo ao mesmo. Nada de novo aqui...
Zapatero foi um crédulo. Esta mania do centro-esquerda de tentar resolver coisas sérias com paninhos quentes dá sempre asneira. Espanha vai voltar a ter algumas bombas por lá... Infelizmente :-(
Eis mais um elucidativo exemplo da insustentável leveza política destes dirigentes ditos socialistas. Talvez se dêem mal, porque o povo espanhol não costuma contemporizar com dirigentes de plástico, mesmo se presumidos de modernaços, janotas de traje e de cartilha correctos.
ResponderEliminarHá muitas coisas que eu não sei. Mas acredito numa verdade quase que absoluta: "tudo é negociável e tudo deve ser negociado".
ResponderEliminarAgora, isto é diferente de dizer que se deve negociar de qualquer maneira!...
Mas já agora, só uma pergunta: se não tivesse havido este processo de tentativa de negociação será que hoje se estava numa situação melhor que aquela em que se está(para o povo e o governo espanhol, evidentemente)?
Se alguém ainda acredita que aquele problema se resolve sem que haja "Negociações", está muito enganado!...
Portanto, deixemo-nos de classificar o tipo de pessoas que tentam as vias negociais. Os que as não tentam não são, DE CERTEZA, os que resolvem os problemas.
Não, meu caro SC, nem tudo é negociável. A vida e a integridade física e moral das pessoas não tem preço e por isso não pode ser objecto de negócio. Essa é a grande ilusão de quem pensa que com terroristas pode haver diálogo. Não pode. Porque o terror é justamente utilizado para isso, para a cedência ainda que à custa do que há de mais de sagrado.
ResponderEliminarE oxalá eu e outros dos que aqui comentaram se enganem quando já prenunciam o que aí vem...
Caro sc, a história recente da guerrilha basca e os eventos recentes provam precisamente que a via negocial é impossivel com aquele tipo de gente. Ora veja e vou dar-lhe apenas factos em bruto, sem apreciação alguma. Deixo a apreciação para o fim.
ResponderEliminar1) O governo de Aznar adoptou uma política de perseguição da ETA a todo o custo tendo conseguido desarticular totalmente a organização e realizar importantes apreensões de equipamento.
2) A ETA vinha clamando por tréguas com o governo de Aznar e por negociações, fazendo depender do negociar a paragem da perseguição sem quartel que lhe vinha sendo movida.
3) Aznar não aceitou, argumentando que até podiam negociar mas a pressão da polícia e da justiça não iria diminuir.
4) Todos os comandos da ETA foram desarticulados, dezenas de operacionais presos e julgados e variado equipamento apreendido em Espanha e França.
5) A ETA ficou sem capacidade para realizar qualquer atentado e não realizou qualquer ataque, nem em retaliação contra a pressão a que vinha sendo sujeita, por total incapacidade humana e material para o fazer.
6) Zapatero, mal chegou ao poder, aceitou negociar nos termos da ETA e afrouxar a pressão da justiça sobre a organização e os seus membros na esperança de que com este sinal de boa fé atingiria a paz negociada.
7) Houve o atentado em Barajas
8) A ETA anuncia o fim da sua trégua.
Ou seja, e analisando agora os factos: a estratégia da força empregue por Aznar deu frutos. Desarticulou totalmente a ETA, decapitou totalmente a organização, acossou-a, impedindo-a de se reorganizar e rearmar e trouxe a paz a Espanha. A estratégia que o caro sc defende, negociar, negociar, negociar trouxe a declaração unilateral de fim das tréguas por parte da ETA. E, se o fez, é porque está forte o suficiente para levar a cabo uns quantos atentados. E, respondendo agora directamente à sua pergunta, sim, sem negociações a situação estaria muito melhor. A ETA continuaria de joelhos e não teria tido capacidade para se rearmar, reorganizar e por fim anunciar o fim das tréguas. É a única conclusão possivel dos factos: enquanto foram acossados não conseguiram exercer o terrorismo. Mal a pressão diminuiu conseguiram fortalecer-se ao ponto de anunciar a quebra das tréguas.
Em relação à sua última frase, que os que não tentam as negociações não são quem resolve os problemas, pois... Sabe, caro sc, quando ouço alguém falar em negociar no que toca a assuntos militares ou similares que se prolongam no tempo vem-me sempre à cabeça a imagem de alguém que defendia exactamente isso e, num belo dia de Setembro de 1938 assinou um tal de Pacto de Munique. Este a quem me refiro, um tal de Neville Chamberlain acreditava tanto nas negociações que saiu de um avião, à chegada a Londres, brandindo o acordo assinado e ululando "Peace for our time". É claro que ao longo de todo este tempo aqueles que defendiam a guerra contra a Alemanha que se vinha armando cada vez mais em total desrespeito pelos termos do armisticio e já havia, aliás, anunciado as suas pretensões territoriais e mesmo levado a cabo algumas, eram acusados de belicistas inveterados, fascistas e outros mimos semelhantes. O que é facto é que menos de um ano depois iniciou-se a segunda guerra mundial. E sete anos depois, 56 milhões de mortos depois, muitos milhões de libras depois, muita dor e sofrimento depois, finalmente houve a paz. Não a paz dos inocentes negociadores. Mas a paz possivel e imposta pela força das armas. Chamo aos negociadores, "inocentes negociadores", e não criminosos de facto porque os vejo apenas como inocentes. Isso mesmo, inocentes, coitados. A inocência e o descanso dos crédulos. Mas assaco à sua alma e à sua memória uma quota-parte da responsabilidade pelos milhões de vidas humanas perdidas por culpa da sua inocência. Da mesma forma que Zapatero tem já a sua parte de responsabilidade pela morte das duas vítimas do atentado de Barajas. E, temo e muito infelizmente, terá nos seus ombros a sua parte da responsabilidade pela morte de todos os que vierem a ser vítimas da ETA num futuro próximo. Espanha e o seu povo mereciam melhor.
Ora quem é que não apenas não resolveu nada como, ainda por cima, criou as condições para um pequeno problema evoluir até transformar-se numa catástrofe? Pois. Foram os advogados da via negocial.
Dei-lhe dois exemplos rápidos da infâmia de negociar em assuntos militares. Quer mais? Se quiser tenho mais uns quantos prontos a... disparar.
Saudações,
Zuricher.
Caros Ferreira de Almeida e Zuricher,
ResponderEliminarConcordo inteiramente quando diz que nem tudo é negociável. E um dos princípios da negociação é o de exactamente definir as fronteiras do que estamos dispostos a aceitar. Isto é, até onde consideramos que estamos a fazer um bom negócio.
Negociar não é aceitar todos os termos da outra parte. Isso é capitular.
Entrar num negócio e abrandar ou desperdiçar as nossas vantagens é também um erro enunciado em pelo menos metade das páginas de qualquer manual de negociação.
Se isso aconteceu com Zapatero ou nos outros inúmeros casos enumerados pelo amigo Zuricher - e em maior ou menor grau é essa a minha convicção - então podemos dizer que foram incompetentes.
Mas daí concluir que a negociação não é caminho que deva ser prosseguido vai uma distância muito grande. Não é por haver por aí tanto mau gosto com o revestimento dos edifícios com azulejos que se deva proibir a utilização deste material.
Quanto muito, posso concordar com a máxima: se não te sentes competente para negociar, então fica quieto.
Um mau negócio nunca é opção.
E só outra coisa. Numa guerra (e o terrorismo é "apenas" uma forma de fazer a guerra) não se negoceia a vida, porque a guerra é já em si a sua negação. Numa guerra pode apenas negociar-se a paz, isto é, criarem-se as condições para a vida.
Com toda a estima,
SC
Caro SC, obrigado pela amabilidade e correcção com que enviou a sua réplica.
ResponderEliminarEm termos militares e em casos de guerra, aceitar uma trégua equivale sempre e ineviatavelmente ao desperdício de vantagens. Desperdício no sentido de estar a abdicar-se de uma posição vantajosa, desperdício no sentido de estar a conceder-se tempo ao oponente para se reorganizar, etc, etc.
Repare, eu nada tenho contra negociar-se em tempo de guerra. Tudo bem. Mas sem nunca aceitar uma trégua porque isso é a morte do artista.
Neste caso específico da ETA, a condição que eles impunham para negociar era uma paragem na pressão a que vinham sendo sujeitos, coisa que nunca deveria ter sido aceite pelo estado Espanhol.
Por vezes, mesmo os termos para a negociação não são possiveis de alcançar e ao não serem alcançados estes, a negociação é impossivel porque ambas as partes insistem e não abdicam dos seus pontos.
Imagine uma transacção comercial. Ocorre as partes não chegarem a acordo e não fazerem o negócio, não é? Na guerra acontece o mesmo. Por vezes não se chega a acordo, sequer, nos termos em que se pode negociar alguma coisa. As posições são tão inconciliaveis que nem nas condições para se sentarem a uma mesa as partes conseguem acordar.
A grande agravante aqui é que na guerra lida-se com vidas humanas e as vidas humanas são demasiado valiosas para se fazerem experiências com elas.
Sei que a minha posição pode parecer chocante, mas não é. Não me importo de sacrificar 100 vidas se com o seu sacrificio salvar 10000. É puro pragmatismo e pragmatismo que salva vidas. É frio, sim, claro que é. Mas a realidade também é fria qb.
Sabe, e isto aqui para nós que ninguém nos ouve, quando em questões militares eu ouço alguém a clamar por negociações o primeiro pensamento que me vem à cabeça é logo quantos mais vão morrer por causa da ideia de negociar.
Saudações,
Zuricher
Meus caros Amigos, é sempre para mim gratificante discutir ideias deste modo cordato e elevado, mesmo quando são manifestas as discordâncias.
ResponderEliminarSe a experiência do 4R for válida por uma e uma só razão, será seguramente por esta.
Compreendo a perspectiva de SC. Todavia, deixe-me dizer-lhe que a sua colocação é feita em tese (e em tese não discordo dela). Mas o post refere-se à situação concreta do terrorismo basco, que como o Zuricher demonstrou, tem o historial que claramente desaconselharia esta aproximação ingénua do poder socialista.
Grato a todos pela animação.