terça-feira, 5 de junho de 2007

OTA: Contribuintes, preparem os pára-quedas

No passado Domingo, o Ministro das Obras Públicas (MOP) anunciou que estava lançado um concurso para um novo estudo de impacte ambiental do projecto da OTA, o qual se encontraria na fase de abertura das propostas ou coisa parecida
Essa declaração surgiu em reacção a tomadas de posição de conhecidos grupos ambientalistas que afirmaram não poder dar o seu aval à escolha da OTA.
Quer dizer que um projecto que foi dado como decidido, de forma irreversível, vai agora ser sujeito a estudo de impacte ambiental? Faz algum sentido? E se o estudo de impacte se revelar negativo, por exemplo recomendando solução alternativa, para onde vai a irreversibilidade da decisão?
Há cerca de 3 meses o mesmo MOP anunciou a realização de um estudo do mesmo projecto sobre “custos-benefícios” nas ópticas económica e social, também depois da declaração de irreversibilidade.
Será esse o estudo a que ontem se referia o Prof. Augusto Mateus, numa breve passagem em que assisti ao programa P&C?
Não me pareceu, pois o estudo que ele mencionou tem mais a ver com o desenho de uma periferia económica, a regra e esquadro, da plataforma logística e de serviços envolvente do novo aeroporto.Um verdadeiro Sillicon Valley ou Bangalore se bem percebi, para atrair investimentos nas novas tecnologias, aproveitando o dínamo do novo aeroporto.
São coisas diferentes, tanto quanto sou capaz de perceber.
Do tal estudo sobre “custos-benefícios” nunca mais ouvi falar.
Entretanto, os exércitos pró e anti OTA continuam a realizar exercícios de fogo real, estando prevista para hoje por exemplo uma conferência de imprensa de um movimento cívico denominado “Defensores da OTA – Associação Desenvolvimento e Novo Aeroporto”.
Propõe-se esse movimento divulgar as “vantagens económicas e geográficas” que a região apresenta para a instalação do complexo aero-portuário.
Também hoje decorre um buzinão na Ponte 25/IV, de protesto contra as declarações do MOP.

Pela minha parte, estou plenamente convencido, hoje como há 3 ou 4 meses, que o projecto OTA/R.M. vai mesmo para a frente, contra “quase tudo” e contra “quase todos” (sem ofensa para aquela Associação Cívica).
Custe o que custar, vamos ter OTA/R.M.
Daí que o comentário que me parece mais ajustado e realista, no contexto da confusão em que nos encontramos, é o seguinte: “Senhores Contribuintes preparem o pára-quedas para saltar, que este voo está muito, mas mesmo muito perigoso...”.
Não passará muito tempo até que surjam novos agravamentos no imposto de selo, no ISP, no IA, e outros, pela necessidade de “...consolidação das contas públicas, objectivo fundamental de qualquer política económica responsável e respeitadora do interesse nacional”.
A juntar aos 700 milhões ou mais das SCUT's , teremos umas modestas centenas de milhões para o Sillicon Valley da OTA.
Estarei enganado? Pelo sim, pelo não, o melhor será mesmo saltar.

10 comentários:

  1. Depois de se ouvir o que disseram os pilotos, no debate na TV, creio que pelo contrário ... a Ota morreu.

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  2. Anónimo16:27

    Penso que a Ota está enterrada e ainda bem. Politicamente o caminho para isso está a ser preparado. Repare que o primeiro-ministro não mais voltou a colar-se à questão Ota, deixando tudo para o ministro Lino. Claro que caindo a Ota o cordeiro para o sacrificio será o ministro Lino. E ainda bem, convenhamos.

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  3. Se morre a OTA, viva outra estupidez qualquer. Aquilo que o governo de Portugal não pode deixar escapar é a oportunidade de poder jogar nos "grandes números" de onde se podem tirar "pequenos números" sem dar muito nas vistas.

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  4. Caros Comentadores,

    Verifico que os Senhores estão muito optimistas em relação ao dossier OTA - optimistas quanto ao triunfo do que se poderá chamar bom senso.
    Lembrem-se, todavia, que bom senso é uma matéria-prima terrivelmente escassa nos dias que correm: basta estar atentos às declarações quotidianas de responsáveis políticos.
    E não subestimem, por outro lado, a capacidade de tomar decisões difíceis ou controversas do actual PM: é capaz de estar a ruminar, em relação à hipótese de deixar cair a OTA, a conhecida expressão "antes a morte que tal sorte...".
    Admito que a melhor garantia de sustar o andamento da OTA ainda possa sera uma palavra de Sarkozy, avisando para não se meterem nessa aventura. Aí o PM vacilará, certamente.
    Por mim, acho que o mais seguro, como contribuinte, é ter o pára-quedas preparado.

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  5. Dr. Tavares Moreira
    Mais vale tarde do que nunca! Para uma decisão já tomada, não se compreende que nesta fase do campeonato esteja a concurso um estudo de impacte ambiental!
    Ainda vou manter o pára-quedas fechado!

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  6. Anónimo21:44

    Caro Dr. Tavares Moreira, os argumentos técnicos são muito fortes e o governo não se poderá dar ao luxo de continuar a cortar a direito. Com o estudo que será entregue esta semana, então, o governo fica sem qualquer margem de manobra. Já não a tinha mas a partir de agora, menos ainda.

    Cara Margarida Corrêa de Aguiar, o Estudo de Impacte Ambiental não podia ser feito antes... Só se podem fazer estudos de impacte ambiental depois de existir um projecto para a construção, não antes. E isto porquê? Porque um estudo de impacte ambiental não é uma carta branca que permita construir o que quer que seja numa determinada área. O EIA avalia os impactes de uma construção específica num sítio específico e não apenas o sítio independentemente do que lhe ponham em cima.

    É claro que o anuncio do aeroporto na Ota como dado adquirido foi uma precipitação enorme do governo, um sem fim de parvoíces que agora estão a ter os seus custos políticos, claro. Custos para o erário público, bom, já teve mais do que os que seriam desejaveis e não são apenas os custos do dinheiro gasto. São também os custos de oportunidade.

    Saudações,

    Zuricher

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  7. Caros Comentadores,

    Permitam-me insistir no ponto do bom-senso que caracteriza a vossa argumentação.
    O bom-senso hoje será o último argumento a pesar neste tipo de decisões - digo-o com igual mágoa e convicção.
    Notem nas declarações de hoje de vários responsáveis governamentais, todos defendendo o projecto e não só, confirmando o arranque dos concursos no 2º semestre deste ano.
    Até precisam que será em Setembro ou Outubro.
    Não tenham ilusões, pensem é em ter o pára-quedas preparado para a melhor altura.

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  8. Anónimo16:34

    Caro Dr. Tavares Moreira,

    Agradeço o tom gentil e até elogioso com que se nos dirigiu. Mas, será que numa obra desta dimensão onde aquilo que se pretende ser um investimento pode facilmente passar a despesa, não acabará por imperar o bom senso? Senão do governo, do Presidente da Républica?

    Será possivel a este governo conseguir mesmo levar esta obra adiante contra ventos e marés, contra a posição fundamentada dos mais reputados técnicos? Será possivel tamanha demência mesmo com o clima crispado e de suspeição que rodeia a construção do NAL?

    Gostaria de acreditar que sim. Sinceramente gostaria. Dados os precedentes entendo, porém, a sua posição, sem a menor dúvida, e não a rejeito como uma possibilidade real.

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  9. Tenho toda a atenção possível, e estou no deserto, condições essenciais para não acreditar em miragens como a Ota.

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  10. Caro AeroLisboa,

    Reconheço que as duas condições que referiu oferecem uma visão privilegiada desta magna questão.
    Todavia, nem assim me convence que os Contribuintes nacionais não vão sofrer mais um rude golpe com a infelicíssima decisão de "investir" na OTA.
    Se o caro Comentador tiver razão, contra este meu pessimismo, não se esqueça de me dar as suas coordenadas de forma mais precisa para eu poder correr, a abraça-lo.

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