"O seu cabelo precisa ser cortado", disse o Chapeleiro. Ele estivera a olhar para Alice por algum tempo com grande curiosidade e esta fora a sua primeira intervenção. "Você deveria aprender a não fazer esse tipo de comentário pessoal", Alice retrucou com severidade. "Isso é muito grosseiro."
O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, mas, tudo que ele disse foi: "Por que é que um corvo se parece com uma escrivaninha?" (Alice no País das Maravilhas).
A personagem “Chapeleiro Louco” descreve uma figura vitoriana em que os chapeleiros ficavam “passados” devido à intoxicação pelo mercúrio, utilizado na preparação dos feltros e das peles. Há quem diga que já eram “malucos”, mesmo, antes de usar o metal líquido!
O uso deste elemento é bem conhecido em várias situações, nomeadamente, no fabrico de instrumentos de precisão. Os efeitos tóxicos são bem conhecidos desde há muito tempo, sobretudo a nível do sistema nervoso central, donde a designação do “síndrome do chapeleiro louco”.
O metilmercúrio é muito tóxico e tem como fontes (após metilação) além das já enunciadas, a queima de carvão, mineração e incineração de produtos que contenham mercúrio. A situação é de tal modo preocupante nalgumas partes do globo ao ponto de ser proibido ou aconselhado a ingestão moderada de peixes, sobretudo em crianças.
Há muitos anos que os médicos alertavam para a necessidade da proibição do uso de termómetros, esfingomanómetros e outros aparelhos à base de mercúrio, porque contribuem para riscos ambientais e ocupacionais nada discipiendos. Recordo que, em 1993, em Helsínquia, num congresso internacional sobre saúde ocupacional, ter sido aconselhado medidas deste género, havendo por parte dos suecos informação sobre o seu não uso a nível hospitalar. Agora, 14 anos depois, o Parlamento Europeu aprovou a proibição do fabrico e utilização de instrumentos à base de mercúrio nos próximos 18 meses na U.E.
Os processos de identificação dos nexos de causalidade e a promulgação das adequadas medidas legislativas são muito lentos, e exasperantes, mesmo depois de haver evidências científicas do perigo de exposição a um produto tóxico. No caso vertente, associação mercúrio e problemas neurológicos, a poluição marítima verificada em Minamata, em 1956, devido a actividade industrial, levou à ingestão de peixe contaminado provocando a morte e graves deficiências em inúmeras pessoas. Um exemplo paradigmático de poluição antropogénica, em que a falta de respeito pelos valores humanos, associada ao lucro fácil e rápido, constituem as principais explicações pelos graves atentados ambientais, sacrificando muitas espécies, incluindo a nossa, simultaneamente, algoz e vítima.
Os atentados ambientais são cada vez mais graves, alguns configurando o epíteto de verdadeiros “genocídios ambientais”. Muitos memoriais imortalizam a humanidade nas suas múltiplas vertentes. Minamata tem um memorial bastante curioso, talvez único, em que são lembradas as vítimas da poluição. Para cada uma das vítimas, uma esfera, a lembrar as pequeninas esferas, com as quais brincávamos sempre que tínhamos acesso ao mercúrio, e que nos deliciava com o seu estranho brilho e densidade.
A loucura do Chapeleiro, personagem do livro de Lewis Carrol, pode ter sido inspirada nos fabricantes de chapéus que utilizavam mercúrio. Sendo assim, a loucura estaria justificada. E nos outros, que não sendo chapeleiros, revelam estranhas loucuras, mais estranhas do que os próprios diálogos de “Um Chá Maluco”?
O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, mas, tudo que ele disse foi: "Por que é que um corvo se parece com uma escrivaninha?" (Alice no País das Maravilhas).
A personagem “Chapeleiro Louco” descreve uma figura vitoriana em que os chapeleiros ficavam “passados” devido à intoxicação pelo mercúrio, utilizado na preparação dos feltros e das peles. Há quem diga que já eram “malucos”, mesmo, antes de usar o metal líquido!
O uso deste elemento é bem conhecido em várias situações, nomeadamente, no fabrico de instrumentos de precisão. Os efeitos tóxicos são bem conhecidos desde há muito tempo, sobretudo a nível do sistema nervoso central, donde a designação do “síndrome do chapeleiro louco”.
O metilmercúrio é muito tóxico e tem como fontes (após metilação) além das já enunciadas, a queima de carvão, mineração e incineração de produtos que contenham mercúrio. A situação é de tal modo preocupante nalgumas partes do globo ao ponto de ser proibido ou aconselhado a ingestão moderada de peixes, sobretudo em crianças.
Há muitos anos que os médicos alertavam para a necessidade da proibição do uso de termómetros, esfingomanómetros e outros aparelhos à base de mercúrio, porque contribuem para riscos ambientais e ocupacionais nada discipiendos. Recordo que, em 1993, em Helsínquia, num congresso internacional sobre saúde ocupacional, ter sido aconselhado medidas deste género, havendo por parte dos suecos informação sobre o seu não uso a nível hospitalar. Agora, 14 anos depois, o Parlamento Europeu aprovou a proibição do fabrico e utilização de instrumentos à base de mercúrio nos próximos 18 meses na U.E.
Os processos de identificação dos nexos de causalidade e a promulgação das adequadas medidas legislativas são muito lentos, e exasperantes, mesmo depois de haver evidências científicas do perigo de exposição a um produto tóxico. No caso vertente, associação mercúrio e problemas neurológicos, a poluição marítima verificada em Minamata, em 1956, devido a actividade industrial, levou à ingestão de peixe contaminado provocando a morte e graves deficiências em inúmeras pessoas. Um exemplo paradigmático de poluição antropogénica, em que a falta de respeito pelos valores humanos, associada ao lucro fácil e rápido, constituem as principais explicações pelos graves atentados ambientais, sacrificando muitas espécies, incluindo a nossa, simultaneamente, algoz e vítima.
Os atentados ambientais são cada vez mais graves, alguns configurando o epíteto de verdadeiros “genocídios ambientais”. Muitos memoriais imortalizam a humanidade nas suas múltiplas vertentes. Minamata tem um memorial bastante curioso, talvez único, em que são lembradas as vítimas da poluição. Para cada uma das vítimas, uma esfera, a lembrar as pequeninas esferas, com as quais brincávamos sempre que tínhamos acesso ao mercúrio, e que nos deliciava com o seu estranho brilho e densidade.
A loucura do Chapeleiro, personagem do livro de Lewis Carrol, pode ter sido inspirada nos fabricantes de chapéus que utilizavam mercúrio. Sendo assim, a loucura estaria justificada. E nos outros, que não sendo chapeleiros, revelam estranhas loucuras, mais estranhas do que os próprios diálogos de “Um Chá Maluco”?
"memorial" persumo que seja essa a palavra que o teclado omitiu.
ResponderEliminarGostava de conhecer a resposta ao enígma, corvo/escrivaninha. Para o chapeleiro louco, provavelmente uma das duas palávras, ou até ambas, teríam um significado diferente. corvo talvez fosse a pega ou até a tampa curva que cobre o alçado da escrivaninha. Ou escrivaninha fosse o galho habitual onde o corvo poisa. Ou, se para ele os significados forem os mesmos, a relação entre um e outro podrá (ou só poderá) ser uma metáfora e na analogia estejaa aptÊncia que o corvo demonstra para roubar objectos, talvez a mesma da escrivaninha. Quem não perdeu já um objecto, geralmente uma folha de papel que caiu para trás da gaveta da escrivaninha?
Ou então, a analogia possa estar naqueles estiradores laterais que existem nas escrivaninhas e o chapeleiro as achasse semelhantes às asas do corvo. Pois eu tb me lembro de ter brincado com uma bolha de mercúrio, em pequeno, um dia que estive com febre e cometi a gracinha de partir o termómetro. Não levei uma palmada precisamente por estar febril, mas lembro-me do fascínio de verificar que depois de separar a bolha em várias bolhinhas, o que não era fácil, se as juntasse elas voltariam a formar um só corpo. Deve derivar dessa brincadeira, esse dia, a minha falta de tino.
Mas recordo-me ainda de ter lido ha uns bons 30 anos, numa revista americana que assinava, dedicada ao tema dos eventos e descobertas ciêntíficas, uma previsão de vários cientistas, acerca da saúde mental da humanidade, prevendo ue na nossa época, iríamos assistir ao aumento progrssivo e generalizado da demência. Aqui no meu sítio, as pessoas de idade, referindo-se às alterações climáticas, ao crescimento da construcção e à construcção de pontes e auto-estradas, dizem sempre " Ai se (fulano) voltasse à terra, morria logo outravez quando visse isto " e rematam... está tudo maluco.
Caro Bartolomeu, então está aí a explicação para uma geração desatinada, porque isso de partir um termómetro e ficar a correr atrás da bolinhas até elas se juntarem era bem divertido! O meu pai, farto de comprar termómeros e de nunca haver um quando era preciso, explicou-nos cheio de paciência que aquilo era venenoso e que o primeiro que se atrevesse a partir outro termómetro ficava às bolinhas pretas e brancas para sempre. A verdade é que tivémos termómetro durante muitos anos e foi com grande surpresa que soube que já só se vendem daqueles esquisitos que apitam e que nunca dizem a febre certa, parece que os das bolinhas foram abolidos há muito tempo!Deixou de haver álibi para a falta de tino. Porém...
ResponderEliminarCara Suzana, passemos então a ser desigandos pela "geração do mercúrio"... :))
ResponderEliminarA par das inocentes brincadeiroas "perigosas", esta geração caracterizou-se ainda pela curiosidade e a experiência, o que veio posteriormente a verificar-se de muita utilidade para a escolha profissional.
Não foi o meu caso, pois em criança brinquei bastante com o "Mecano" e com o "Lego" e fiz a pior opção em termos profissionais, optei pelo funcionalismo público.
Como diz o ditado... não ha bela sem senão.
:))
Hallo... ^^
ResponderEliminarno caso da lebre de março saberei explicar a doidera ><
as lebres no hemisfério norte,em março [primavera] apresentam um comportamento muito estranho,considerado maluco,pois estão na época de acasalamento.