quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Irresponsabilidades

Tenho ouvido várias vezes na rádio um anúncio inacreditável, qualquer coisa sobre o crédito à habitação. Aparece um ou uma jovem, arrastando as palavras com uma voz indolente, a dizer que “estava eu sem fazer nada e a pensar como é que havia de fazer ainda menos…” , depois conta que resolveu a sua angústia transferindo o crédito para o banco milagroso que lhe dá menos preocupações. O anúncio termina com a mesma voz sonolenta a gabar-se de ter conseguido reforçar a sua inércia, indo para casa para fazer absolutamente nada. É extraordinário que, seja lá por que motivos comerciais forem, um banco prestigiado assuma que a grande ambição dos jovens deve ser “fazer mais do mesmo”, quando esse “mesmo” é ficar sem nada que o ocupe. Já ouvi o mesmo anúncio várias vezes e até fico constrangida com esse insulto aos jovens a quem se dirige. Haja responsabilidade social na educação dos jovens, não é só apontar o dedo ao Estado!

4 comentários:

  1. E desde quando os fazedores de dinheiro olham a meios para atingirem o seu objectivo?

    Concordo consigo, drª. Suzana, mas o facto é que está tudo à "rasca", e eles cada vez têm lucros mais elevados!

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  2. Suzana
    As mesmas instituições que fazem apelo à estupidez são as que se apresentam como grandes defensoras da responsabilidade social. São comportamentos totalmente desqualificantes. Mas o mercado não pensa assim. Vale tudo...

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  3. Ainda não vi o anúncio e não sei de que Banco se trata.
    Mas, sendo como diz, revela uma falta de senso total por parte do marketing e da administração do banco, para além de denotar falta de responsabilidade social.Trata-se de uma administração que não cuida, com certeza, do dinheiro dos accionistas e dos depositantes, já que dá crédito e convida os devedores a nada fazer!... Claro que se desculparão com a agência de publicidade!...

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  4. Podíamos também entrar pela publicidade ao micro crédito que incentiva pessoas com dificuldades a endividarem-se ainda mais.

    Podíamos pensar nos anúncios a azeite e a margarina que mostram jovens a divertir-se a cozinhar (com certeza porque não cozinham todos os dias nem têm que arrumar a casa, é a mãe deles, em casa de quem vivem até aos 35) que estragam comida, que se comportam como bêbados a brincar irresponsavelmente com um fogão a gás.

    Ainda podíamos falar dos telemóveis com um ideal romantico/adolescente na qual toda a gente vive num filme com pessoas bonitas e em tronco nú, sempre em festa e de férias, relax o ano inteiro.

    Mas a publicidade é isso mesmo. Aquilo que cativa as pessoas é aquilo que lhes vendem. É um mercado de moral discutível sim, mas há algum que não seja?

    Já agora convém explicar que também eu tenho ataques epilépticos cada vez que vez que vejo publicidade a instituições de crédito.

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