Hoje tive que enfrentar um montão de coisas para ler e dar o devido caminho, aplicando com muita determinação uma parcela da boa disposição e resistência que trouxe das minhas belas férias.
Foi a meio da tarefa, já meio desanimada, que me lembrei do Senhor Osvaldo, figura carismática de um Ministério onde trabalhei há quase 20 anos e, - é justo dizê-lo – com quem aprendi muita coisa nestas artes da papelada.
O Senhor Osvaldo era o chefe da secretaria de apoio e gabava-se de saber tirar as ilusões a todos os tenrinhos que entravam para os Gabinetes convencidos de que mandavam alguma coisa. Quando foi apresentar-se, deitou-me um olhar sorumbático e céptico através dos seus óculos grossos de míope, rosnou qualquer coisa como “Isto aqui há muito trabalho!” e desapareceu.
Eu passei o dia a tentar perceber onde tinha caído, aterrada com medo de não dar conta do recado, enfim, as angústias próprias de quem inicia novas funções com alguma responsabilidade, até que, já adiantada a tarde, ele entrou no meu gabinete com um pilha interminável de papéis, que o ocultavam por completo. Nunca tinha visto tanto papel.
Pousou tudo com estrondo na mesa e perfilou-se: “Isto é para assinar hoje. Amanhã há outro tanto. É assim todos os dias.”
Fui buscar a caneta e peguei no primeiro papel, que comecei a ler, à espera que ele saísse, preparada para uma noitada de trabalho.
Ele impacientou-se. “Isso não é para ler, Dra, assim nunca mais saímos daqui, tenho que apanhar o comboio dentro de 20 minutos! É só assinar no quadradinho, que eu já faço isto há muitos anos! Era assim que todos faziam, confiavam em mim.”
Quando lhe disse que não costumava assinar cartas sem ler, por muitas que fossem, ficou muito ofendido e começou a desfiar o nome de muitos homens – e acentuava “homens” - que não lhe tinham feito essa desfeita, que eram pessoas muito consideradas e blá e blá..Mas, se eu queria assim, então muito bem, em breve ia ver o caos instalado e depois que não o culpasse. Mas não saia dali, em pé, muito vermelho de raiva.
Primeiro fiquei atarantada, não estava habituada àquelas explosões. Depois, resolvi contra atacar no terreno dele.
- Senhor Osvaldo, vai ter que me aturar muitos anos. È melhor para os dois se o senhor, em vez de me ouvir aos gritos cada vez que uma coisa não estiver bem, me ensinar o que sabe. Eu fico a ler tudo, se achar bem assino, se não, amanhã o senhor explica-me porque é que fez assim e tudo se resolve. Que lhe parece?
Ele ficou mudo. Ainda estrebuchou “Vai levar uma semana a ver isso…”, ouviu “vou levar o tempo que for preciso” e de repente deu uma gargalhada, estendeu-me a mão e disse – “Temos mulher! Seja muito bem vinda!”
Foi um grande amigo, teimoso e leal como poucos. Quando começo a desanimar com a papelada lembro-me sempre do seu olhar trocista à espera que eu desistisse…
Foi a meio da tarefa, já meio desanimada, que me lembrei do Senhor Osvaldo, figura carismática de um Ministério onde trabalhei há quase 20 anos e, - é justo dizê-lo – com quem aprendi muita coisa nestas artes da papelada.
O Senhor Osvaldo era o chefe da secretaria de apoio e gabava-se de saber tirar as ilusões a todos os tenrinhos que entravam para os Gabinetes convencidos de que mandavam alguma coisa. Quando foi apresentar-se, deitou-me um olhar sorumbático e céptico através dos seus óculos grossos de míope, rosnou qualquer coisa como “Isto aqui há muito trabalho!” e desapareceu.
Eu passei o dia a tentar perceber onde tinha caído, aterrada com medo de não dar conta do recado, enfim, as angústias próprias de quem inicia novas funções com alguma responsabilidade, até que, já adiantada a tarde, ele entrou no meu gabinete com um pilha interminável de papéis, que o ocultavam por completo. Nunca tinha visto tanto papel.
Pousou tudo com estrondo na mesa e perfilou-se: “Isto é para assinar hoje. Amanhã há outro tanto. É assim todos os dias.”
Fui buscar a caneta e peguei no primeiro papel, que comecei a ler, à espera que ele saísse, preparada para uma noitada de trabalho.
Ele impacientou-se. “Isso não é para ler, Dra, assim nunca mais saímos daqui, tenho que apanhar o comboio dentro de 20 minutos! É só assinar no quadradinho, que eu já faço isto há muitos anos! Era assim que todos faziam, confiavam em mim.”
Quando lhe disse que não costumava assinar cartas sem ler, por muitas que fossem, ficou muito ofendido e começou a desfiar o nome de muitos homens – e acentuava “homens” - que não lhe tinham feito essa desfeita, que eram pessoas muito consideradas e blá e blá..Mas, se eu queria assim, então muito bem, em breve ia ver o caos instalado e depois que não o culpasse. Mas não saia dali, em pé, muito vermelho de raiva.
Primeiro fiquei atarantada, não estava habituada àquelas explosões. Depois, resolvi contra atacar no terreno dele.
- Senhor Osvaldo, vai ter que me aturar muitos anos. È melhor para os dois se o senhor, em vez de me ouvir aos gritos cada vez que uma coisa não estiver bem, me ensinar o que sabe. Eu fico a ler tudo, se achar bem assino, se não, amanhã o senhor explica-me porque é que fez assim e tudo se resolve. Que lhe parece?
Ele ficou mudo. Ainda estrebuchou “Vai levar uma semana a ver isso…”, ouviu “vou levar o tempo que for preciso” e de repente deu uma gargalhada, estendeu-me a mão e disse – “Temos mulher! Seja muito bem vinda!”
Foi um grande amigo, teimoso e leal como poucos. Quando começo a desanimar com a papelada lembro-me sempre do seu olhar trocista à espera que eu desistisse…
O que acabo de ler, cara Drª. Suzana, nao se resume ao simples relato de um tempo passado. É mais certamente, acredito que seja uma parte importante da base que apoia a "Grande Mulher" que o olhar míope do Senhor Osvaldo vislumbrou precocemente. É verdade, a nossa capacidade é fruto de diferentes experiências e ensinamentos, cada um na sua arte obviamente. Porém, durante o tempo que medeia entre aquela experiência e a de hoje, algumas coisas e pessoas se alteraram,os teimosos e fieis profissionalmente correctos daquele tempo, deram lugar, em alguns casos, aos teimosos infieis, que pouco sabendo da profissão que desempenham, obrigam a que alguem esteja obrigado a um esforço extra, para emendar o que por curriculo profissional deveriam ter xecutado correctamente.
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarDecidir "pilhas" de papéis de grande responsabilidade não é missão que um qualquer "chefe" do Senhor Osvaldo tivesse capacidade para fazer.
O problema é quando a papelada chega lá cima porque lá de baixo até lá acima se acumulam despachos do tipo "À consideração Superior"!
Até é bom – apenas por algum tempo – tomar contacto com tanta "burocracia" e incapacidade de decisão para sabermos com o que é que podemos contar. Nestas circunstâncias é um perigo "assinar de cruz" seja o que for, como ensinava o Senhor Osvaldo!
Perspicaz, o sr. Osvaldo...
ResponderEliminarSerá que também foi um assessor de Sócrates que trocou as imagens?...
ResponderEliminarhttp://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/08/cumpra-o-seu-dever-cvico-visite-pgina.html#links
Apesar de teimosos, os Osvaldos de ontem eram profissionais competentes, e alguns até psicólogos.
ResponderEliminarRegra geral só chegavam ao topo por mérito.
Recordo-me dum Osvaldo que tive como chefe que, quando confrontado com as minhas dúvidas, ripava duma portaria ou dum regulamento já amarelados pelo tempo, e dizia-me: tire “xerocópia”, você é bom rapaz, você merece!.
A recordação do seu “Osvaldo”, leva-me a outro lado:
Há cerca de 13 anos, no bar dum hotel onde estávamos hospedados juntamente com uma pessoa que desempenhava um cargo importante, ao verificar que eu e um colaborador seu mais próximo não desviávamos o olhar de duas jovens senhoras que ao lado tudo faziam para chamar atenção, perguntou-nos o dito srº , se algum de nós sabia quando é que um homem começa verdadeiramente a envelhecer?!
Olhámos uns para os outros, e de imediato, o colaborador mais próximo disparou, com um sorriso de garanhão q.b.: Ora, é quando se perde o interesse por “aquilo”, e acenou com a cabeça para as lindas senhoras; Eu, hesitei e respondi: é quando uma pessoa está sempre a recordar o passado!.
Nada disso, disse o dito srº: O envelhecimento dum homem começa em simultâneo com o crescimento dos pêlos das sobrancelhas!
Naquela altura, com +-40, achei que o “velho” estava no gozo.
Hoje, na casa dos 50, reconheço que o homem sabia do que falava, pois os pêlos das minhas sobrancelhas estão maiores mas, apesar disso, continuo a pensar que a minha resposta também estava correcta; é que passei a vida a ouvir as recordações dos “Osvaldos” e, agora, quando falo com os meus amigos, dou por mim e dou por eles, a falarem do passado!!!
Peço perdão por incomodá-los com esta minha recordação...
Caro Bartolomeu, o facto é que se despreza com muita ligeireza a experiência dos outros,passou-se do extremo em que os jovens eram olhados com desprezo até estarem devidamente formatados nos velhos hábitos, sem admitir inovações nas regras e preconceitos, até ao outro extremo de nem sequer perder um segundo a pensar se não valerá a pena aproveitar uma parte do que os mais velhos conseguiram aprender. Hoje, os osvaldos jão não estão ao serviço com aquele idade, nem muito menos, e boa parte da sua experiência é desperdiçada. Se conseguirmos aliar a frescura e a dinâmica de uns e a sabedoria dos outros, acho que se perdia muito menos tempo a fazer asneiras.
ResponderEliminarCara Margarida, tem toda a razão, uma razoável parte da pilha vinha disso mesmo, de passar para cima sem acrescentar nada de novo, mas isso também os osvaldos alimentam, dá-lhes a ilusão de poder...
Caro Invisível, reparo que tem razão, quando a memória começa a ser muito comprida é porque estamos a ficar velhos, mas também só nessa altura é que temos histórias para contar!:)
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