O tema das listas de espera para cirurgias nos hospitais públicos é lamentavelmente recorrente. Em Março passado foi publicado um relatório que dava conta que os doentes com cancro esperam em média por uma cirurgia 3,5 meses, que como acontece com todas as médias esconde tempos bem mais elevados, chegando a atingir os 7 meses em Lisboa.
Por detrás destas negras e cruas estatísticas vivem-se verdadeiros dramas pessoais e familiares e jogam-se vidas. Uma situação verdadeiramente chocante se pensarmos que o tempo de espera de uma cirurgia é em larguíssimos casos uma questão de vida ou de morte. E também é chocante olharmos para trás e verificarmos que os anos passaram, passaram vários governos e ministros da saúde e o Serviço Nacional de Saúde continua a não dar resposta aos problemas de saúde mais básicos.
Na semana que passou fomos brindados com números das listas de espera em oftalmologia: cerca de 30.000 utentes do SNS aguardam por uma cirurgia e um tempo de espera para a primeira consulta que pode ir até 2 anos. São números não oficiais porque, imagine-se, o Ministério da Saúde não sabe com rigor qual é realmente a dimensão de mais este flagelo. Só agora está a ser implementado um novo sistema informático para fazer os registos de pedidos de consultas. Segundo a Secretária de Estado da Saúde “só com um conhecimento correcto das listas de espera é possível tomar medidas correctas para corrigir as situações”. E assim se transfere o problema da incapacidade de resposta dos serviços públicos de oftalmologia para a esfera dos sistemas de informação que hoje são invocados, a torto e a direito, para explicar o inexplicável. O que o País esperava ouvir dos governantes da saúde era uma resposta concreta para acabar com as filas de espera de oftalmologia e para dar aos doentes uma perspectiva de resolução dos seus problemas de visão. Parece que o Ministério da Saúde está a estudar medidas para aumentar a produtividade dos médicos oftalmologistas e para contratar médicos estrangeiros!
Por detrás destas negras e cruas estatísticas vivem-se verdadeiros dramas pessoais e familiares e jogam-se vidas. Uma situação verdadeiramente chocante se pensarmos que o tempo de espera de uma cirurgia é em larguíssimos casos uma questão de vida ou de morte. E também é chocante olharmos para trás e verificarmos que os anos passaram, passaram vários governos e ministros da saúde e o Serviço Nacional de Saúde continua a não dar resposta aos problemas de saúde mais básicos.
Na semana que passou fomos brindados com números das listas de espera em oftalmologia: cerca de 30.000 utentes do SNS aguardam por uma cirurgia e um tempo de espera para a primeira consulta que pode ir até 2 anos. São números não oficiais porque, imagine-se, o Ministério da Saúde não sabe com rigor qual é realmente a dimensão de mais este flagelo. Só agora está a ser implementado um novo sistema informático para fazer os registos de pedidos de consultas. Segundo a Secretária de Estado da Saúde “só com um conhecimento correcto das listas de espera é possível tomar medidas correctas para corrigir as situações”. E assim se transfere o problema da incapacidade de resposta dos serviços públicos de oftalmologia para a esfera dos sistemas de informação que hoje são invocados, a torto e a direito, para explicar o inexplicável. O que o País esperava ouvir dos governantes da saúde era uma resposta concreta para acabar com as filas de espera de oftalmologia e para dar aos doentes uma perspectiva de resolução dos seus problemas de visão. Parece que o Ministério da Saúde está a estudar medidas para aumentar a produtividade dos médicos oftalmologistas e para contratar médicos estrangeiros!
A falta de visão é um problema muito grave que se traduz na quebra de qualidade de vida e de produtividade, para já não falar dos níveis de deficiência e de dependência que atingem muitos daqueles que têm a infelicidade de não poderem ser assistidos; é um estigma humano e social muito pesado. Se pensarmos que as doenças da vista aumentam com a idade, constatamos que um dos grupos mais atingidos é constituído pelas pessoas de idade mais avançada, justamente aquelas que são mais vulneráveis e com maiores carências. Mas a falta de acompanhamento oftalmológico das crianças não deixa de ser menos importante, já que a prevenção nestas idades é fundamental. A falta de visão atinge todos, sem esquecer a meia-idade.
Com todas estas filas de espera do SNS não admira que os recursos a mobilizar sejam cada vez maiores. Assim não há saúde e não há dinheiro que resista…
Com todas estas filas de espera do SNS não admira que os recursos a mobilizar sejam cada vez maiores. Assim não há saúde e não há dinheiro que resista…
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1.10.2007 - Portugal em 19º no ranking da Saúde na Europa
Foram hoje anunciados os resultados do ranking anual da Health Consumer Powerhuose. O relatório elaborado por esta entidade estudou os 27 países da UE, a Noruega e a Suiça. O ranking avalia 27 indicadores distribuídos por cinco categorias: direitos dos doentes e informação, tempo de espera, resultado dos tratamentos, generosidade do sistema de saúde e acesso aos medicamentos. O SNS é o 19º da Europa, tendo descido três posições em relação ao ano passado (foi 16º em 26 países).
O Relatório alerta para a necessidade de "reduzir os tempos de espera nos cuidados primários e nas especialidades" e de gerir melhor o investimento no sector. O Relatório refere que "A percentagem do PIB destinada à saúde é bastante elevada. Mas para obter um maior retorno desse dinheiro, é preciso uma abordagem mais metódica".
Foram hoje anunciados os resultados do ranking anual da Health Consumer Powerhuose. O relatório elaborado por esta entidade estudou os 27 países da UE, a Noruega e a Suiça. O ranking avalia 27 indicadores distribuídos por cinco categorias: direitos dos doentes e informação, tempo de espera, resultado dos tratamentos, generosidade do sistema de saúde e acesso aos medicamentos. O SNS é o 19º da Europa, tendo descido três posições em relação ao ano passado (foi 16º em 26 países).
O Relatório alerta para a necessidade de "reduzir os tempos de espera nos cuidados primários e nas especialidades" e de gerir melhor o investimento no sector. O Relatório refere que "A percentagem do PIB destinada à saúde é bastante elevada. Mas para obter um maior retorno desse dinheiro, é preciso uma abordagem mais metódica".
Pela negativa surgem a mortalidade por ataque cardíaco, as operações às cataratas e os cuidados dentários.
Pela positiva é destacada a melhoria nos índices de mortalidade infantil, vacinação das crianças e informação disponibilizada na Internet e nas linhas de apoio 24 horas.
Portugal é seguido pela Eslovénia, Grécia, Malta, Eslováquia, Hungria, Roménia, Lituânia, Polónia, Bulgária e Letónia.
Portugal é seguido pela Eslovénia, Grécia, Malta, Eslováquia, Hungria, Roménia, Lituânia, Polónia, Bulgária e Letónia.
Cara Margarida:
ResponderEliminar"Em Março passado foi publicado um relatório que dava conta que os doentes com cancro esperam em média por uma cirurgia 3,5 meses, que como acontece com todas as médias esconde tempos bem mais elevados, chegando a atingir os 7 meses em Lisboa."
Tem a certeza que o relatório fala da média?
Se bem me lembro, estou a falar de cor, normalmente, na área da saúde, em vez da média, os relatório usam a mediana, para precisamente esconder ainda mais os "outliers", por isso, se calhar 7 meses é pouco.
Cara Margarida,
ResponderEliminarNão se pode esperar que os médicos prescindam da sua garantia de renda em favor da saúde dos cidadãos. Os governantes podem prometer tudo menos que amanhã esteja um oftalmologista à espera de quem precisa pela simples razão que não há. Nem vai haver, porque mesmo contrantando médicos estrangeiros, o Ordem vai filtrá-los de tal maneira que irão sobrar muito poucos.
Este assunto merece extrema dedicação e imaginação, mas para quem passa a esmagadora maioria do tempo a maximizar os serviços, a rentabilizá-los, parece que olhar para as carências e para o sofrimento concreto das pessoas pode esperar.
ResponderEliminarÉ importante alertar,
ResponderEliminarDevagar, desde há diversos governos, o SNS parece estar a tornar-se, cada vez mais, um serviço nacional de cuidados paliativos de saúde (SNCPS).
Não é por acaso que proliferam hospitais e clínicas privadas onde, uns poucos, com dinheiro, são tratados na hora; Outros, sem dinheiro, mas bafejados pela caridade alheia, vão a Cuba, aquele país “paupérrimo”mas com um SNS a sério; Outros ainda, sem dinheiro e sem caridade alheia, esses, coitados, cegam de tanto esperar!
Mas tenhamos esperança…talvez isto mude!
Caro CCz
ResponderEliminarOs números citados constam do Relatório de Primavera 2007 da responsabilidade do Observatório Português dos Sistemas de Saúde.
Com efeito o tempo médio de espera para tratamento cirúrgico das neoplasias malignas (cancro) era em 2006 de 105 dias, ou seja, cerca de 3,5 meses, variando entre 198 dias no Algarve e 71 dias no Norte.
Mas o mesmo Relatório chama a atenção que em 2006 estavam inscritos em lista de espera para cirurgia um total de 226.113 doentes, com uma variação média entre 114 dias nos hospitais do Algarve e 237 dias em Lisboa. O tempo médio de espera ascendia a 207 dias!!!
Para se ter uma ideia da gravidade desta situação, o SNS apresenta um tempo de espera para tratamento cirúrgico do cancro 7 vezes superior ao tempo fixado - de 14 dias - pela Canadian Society Surgery of Oncology, entidade referenciada pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde.
Relativamente à oftalmologia o Relatório cita 32.93 doentes inscritos à espera de cirurgia, situando-se os tempos médios de espera nas médias nacionais.
Com medianas ou com médias, com mais acertos aqui e ali, com mais ajustamentos por esta ou por aquela razão, a grandeza dos números não mente sobre o estado de saúde a que chegou o SNS!
Caro Tonibler
A situação é vergonhosa. Não vejo porque é que em Portugal não adoptamos medidas mais que testadas noutros sistemas de saúde onde as coisas funcionam bem. Enquanto não formos capazes de enfrentar efectivamente os interesses instalados e de nos libertarmos de alguns "fantasmas" ideológicos, vamos continuar a ter estatísticas que matam, em lugar de salvar vidas! Acho que a pior coisa que podemos fazer é encolher os ombros, porque está nas nossas mãos resolver o problema...
Caro Joshua
Gastamos muitos recursos na saúde e continuará a ser assim porque as tecnologias estão a evoluir e a esperança de vida está a aumentar. Boas notícias, portanto!
A questão é que ainda não encontrámos o modelo que permite ajustar os custos ao acesso e à qualidade dos cuidados de saúde que o SNS tem obrigação de garantir.
Não contratualizar com o sector privado ou mutualista cuidados de saúde, quer sejam consultas quer sejam cirurgias, com a justificação de que os mecanismos de controlo não funcionam, porque a informática não responde ou porque é preciso poupar não é admissível!
Caro invisivel
Para além de tudo o mais, o SNS é extremamente injusto. Os doentes que não têm alternativa ao SNS, por não disporem de recursos para recorrerem à medicina privada, estão condenados à sorte!
Sorte tiveram alguns doentes de Vila Real de Santo António, que depois de aguardarem cinco anos por uma cirurgia às cataratas, acabaram, com o apoio da Câmara Municipal, por ser operados em Cuba. Um país "paupérrimo" mas que ainda tem "mãos" para acudir aos problemas de saúde que o SNS não resolve! Uma tristeza, tudo isto...
Bom, as coisas não estão nada bem, nem para lá caminham.
ResponderEliminarHoje foi divulgado um relatório que coloca Portugal, em termos de "saúde", no 19º lugar entre todos os países da U.E.! Mau sinal, para quem afirmava, ainda há pouco tempo, que o nosso S.N.S. era o 12º melhor à escala planetária!
Dentro dos aspectos negativos realçe para os tempos de espera, tratamentos oftalmológicos e do cancro!
Se entrarem mais uns países para a U.E. arriscamo-nos a baixar mais uns pontos? É o mais certo.
Pobre país!