sábado, 27 de outubro de 2007

"Barrosistas" defenestrados, que se terá passado?

O que terá acontecido para que Santana Lopes tivesse defenestrado, sem contemplações, os três Deputados apelidados de “barrosistas”, que até agora ocupavam a presidência de três importantes Comissões Parlamentares?
O semanário “Sol” hoje publicado, recheado aliás de agudas farpas endereçadas a Santana Lopes – quem sabe se não se trata já de retaliação, neste caso servida a quente – sugere que se teria tratado de “saneamentos políticos”.
No entanto, se bem repararmos, dos substitutos daqueles Deputados na presidência das Comissões, dois - o nosso querido Companheiro de 4R Miguel Frasquilho na Comissão de Obras Públicas e Luís Marques Guedes, ex-lider do Grupo Parlamentar e um dos Deputados mais competentes que conheci na AR, na Comissão de Ética – foram assumidos e destacados apoiantes de Marques Mendes na campanha para as eleições à presidência do PSD.
E aqueles “barrosistas” nem tomaram partido – ou pareceu-me que não tomaram – nessa disputa eleitoral…
Assim, a tese do saneamento político parece pouco convincente, pois se de tal se tratasse dificilmente se compreenderia que aqueles dois destacados “mendistas” fossem contemplados com a presidência de Comissões…
Por outro lado, se estivessemos em presença de verdadeiros saneamentos, estou convicto de que nem Miguel Frasquilho nem Luís Marques Guedes, se bem os conheço, aceitariam substituir os seus colegas na presidência das Comissões que lhes foi retirada.
Assim, a verdadeira razão para a substituição dos “barrosistas” não está clara. Independentemente de questões de mérito relativo que poderão também ter pesado na escolha…não estarão em causa acertos de contas, saldos por liquidar do conturbado final do Governo de Santana Lopes em 2004/2005?
Quem sabe se Santana Lopes teria sido “ajudado” na sua queda por estes “barrosistas”? E se só mais tarde se terá dado conta de tal “ajuda”?
Ou teria sido outra, bem mais profunda e menos desvendável a razão desta defenestração?
Em política (mais ainda na partidária) tudo é possível, foi uma das poucas coisas que aprendi na minha fugaz passagem pela cena política activa…
Um tema curioso de pesquisa para os especialistas das querelas partidárias que, confesso, não é a minha primeira preferência.

10 comentários:

  1. Sou adepto da rotação das pessoas por diversas funções para que estejam preparadas, quer na política, quer na actividade empresarial. Uma rotação bem feita e conseguida traz nova energia, inovação, um discutir do que está, uma nova dinâmica. A constante permanência pode consolidar vícios, convida ao amiguismo, arrasta consigo inércias.
    No caso concreto, só conheço o que li. E o que li é que os visados se sentem uns perseguidos políticos pelo próprio partido. Ninguém lhes explicou os motivos. E o líder até lhes teria assegurado a permanência.
    A ser verdade, esta é a situação mais preocupante de todo o episódio. É o pouco respeito em que os políticos se têm uns aos outros. O que indica que terão muito menos pelos vulgares cidadãos. No fim, uns movem-se pelos seus interesses políticos mais imediatos; outros, pelos cargos que desempenham.
    Estar na política só se justifica se aí se estiver com forte vontade de serviço público e não como forma de atingir interessados desígnios pessoais.
    E cada vez mais se está na política pela última razão.

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  2. Caro Tavares Moreira
    A resposta à sua primeira pergunta deste post foi dada pelo próprio Santana Lopes: "RENOVAÇÃO".
    Como Santana Lopes explicou "até foi várias vezes renovado".
    Só que este "renovado", continua a ser o mesmo que se autorenova vai para 30 anos.
    O Pinho Cardão fala em rotação das pessoas. Pelos vistos há algumas pessoas que rodam tanto que estão quase semper no mesmo sítio...
    ... a renovar os outros!
    Para quê discutir competência, empenhamento, dignidade, compostura. Tudo se explica com a...
    ...RENOVAÇÃO!

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  3. Pelo que percebo, as opiniões convergem num ponto: é preciso que haja renovação e até rotação.
    Ambas podem ser entendidas de diferentes formas, dependendo do ângulo. Mas se analisarmos bem, colocam-se duas evidências ao dispôr das considerações. Uma, é que mesmo renovando e rotacionando, continuamos a não ter uma oposição ao governo, objectiva e eficaz, a outra, do ponto de vista Santanista, é que, renovando demonstra-se poder, capacidade de decisão, relevo...

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  4. Quem ganha, ganha,
    Quem deixa ganhar quem ganha, ganha o que ganha.
    Mas caros amigos da 4ª República, OReformista informa que acordou hoje para explicar, na sua óptica, poque é que Marques Mendes perdeu.

    António Alvim

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  5. Se olharmos para os efeitos, em vez de olharmos para as causas, a coisa começa a ganhar lógica.

    Santana Lopes pegou no seu cargo sem qualquer utilidade para o país, remodelou uns quantos cargos que pouco interessa quem lá esteja, porque essas comissões não têm qualquer utilidade prática, e o resultado acaba por ter uma repercussão semelhante a uma medida do governo. Em resumo, vapor, a especialidade de Santana Lopes. Não é nada de bom, mas também não será nada de mau. Se o PSD conseguir que ele acabe os seus dias políticos nisto, já é positivo para o país.

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  6. Caro Vítor:
    O meu amigo acertou em cheio, quando diz que "algumas pessoas rodam tanto que estão quase sempre no mesmo sítio...a renovar os outros"!
    Mas, do mal o menos, enquanto se roda sempre se agita o ar!...
    E a roda vira e os deserdados de hoje serão os renovadores de amanhã!...

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  7. Caros Comentadores,

    Reconheço a empenhada contribuição dos vossos comentários para a exegese desta magna questão defenestrativa, mas continuo com inquietantes dúvidas quanto aos veros motivos que terão determinado este acantonamento dos "barrosistas" numa "sala escura" do Parlamento.
    Senão, vejamos:
    -Pinho Cardão preferiu filosofar em torno do tema,
    -V. Reis aponta uma renovação de 360 graus, que faz voltar tudo ao mesmo,
    -Bartolomeu insiste na renovação como madre de todas as explicações,
    -Reformista sugere, com graça, que quem se limita a deixar ganhar, sem entrar na refrega, arrisca-se a ficar com menos do que os próprios perdedores,
    -Tonibler, no seu estilo inconfundível, arrasa o sistema e delicia-se com a ideia de Santana Lopes poder ser Presidente vitalício do Grupo Parlamentar do PSD,
    -Pinho Cardão, mais uma vez, entende que o processo teve pelo menos o mérito de agitar a atmosfera.
    Tudo muito bem. Mas subsiste a pergunta: qual a principal razão pela qual Santana Lopes defenestrou os Deputados "barrosistas" da presidência das 3 Comissões?
    Admito que só mesmo Anthrax tenha a chave do segredo e,talvez por isso, o seu prudente silêncio nesta matéria...

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  8. Caro Dr Tavares Moreira:
    Retive a sua afirmação de que não é especialista em querelas partidárias nem é essa a sua primeira preferência.
    Conhecendo-o...estou plenamente certo disso.
    Não é também preferência minha até porque da matéria já tenho que baste.
    Como sabe.
    Mas vi na lucidez da sua análise uma das melhores explicações para o sucedido com os três deputados substituidos.
    Também para mim parte importante da explicação terá de ser encontrada retroactivamente,na transição de Durão Barroso para Santana Lopes.
    Outra parte poderá radicar(com muito menos probabilidades) no curioso facto de os três,na recente disputa interna,não fazerem parte de nenhuma das tendências.
    Pelo menos activamente.
    Mas há uma curiosidade final em volta de tudo isto: a quem serve verdadeiramente o acontecido ?
    E para isso não tenho resposta.
    Um abraço

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  9. Caro Tavares Moreira o que eu admiro é o seu esforço de ainda tentar uma explicação lógica. Mudou porque sim, porque quem ganha gosta de mudar o que está, e uma coisa é ter os assim chamados "barrosistas" (que eu saiba, ficaram nas lista formadas por SL nas últimas eleições...)escolhidos para os lugares por Marques Mendes, outra coisa é fazer uma escolha de barrosistas para os lugares que ele entende. Sinal de que agora quem manda é ele, é simplesmente isso,não tem que articular "tendências" como os outros achem mas como ele bem entender.Se as pessoas estavam ou não a fazer um bom trabalho, é questão que não preocupa ninguém, os "rótulos" é que interessam. Vamos lá a ver se o novo xadrez mostra um novo jogo...

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  10. Caro Luís Cirilo,

    Seja bem regressado ao comentário a este blog!
    Registo a proximidade das nossas (possíveis) interpretações para o sucedido, mas não tenho resposta para a sua questão final "a quem serve...?".
    Aliás permita-me que lhe diga que esa nem será talvez, uma questão muito relevante no contexto deste puzzle defenestrativo...


    Querida Suzana,

    Peço-lhe que não esqueça a invulgar qualidade dos Deputados escolhidos para substituir os chamados "barrosistas"...bem como a sua reconhecida ligação a Marques Mendes...
    E a sua aceitação do convite...
    Considero que a análise deste episódio, por muito esotérica que se nos apresente,perde quase todo o sentido se desligada desses dados...
    Tenho a percepção que aquela escolha foi feita com "conta, peso e medida", como se diz na gíria futebolística!

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