terça-feira, 16 de outubro de 2007

Carlos Tavares não é gente?

Na edição de hoje do laborioso D.E. pode ler-se “Constâncio e CMVM investigam BCP”.
Esta forma de dar notícias é curiosa: num caso cita-se, e bem, uma entidade de supervisão financeira; no outro caso cita-se uma pessoa, omitindo-se, mal, a entidade que dirige.
É um exercício interessante tentar entender esta forma peculiar de dar notícias.
O que pretendem os autores?
a) Convencer-nos de que existe um Justiceiro, que vai por ordem num negócio obscuro, assessorado por outra entidade cujo Presidente pouco ou nada releva para o caso?
b) Convencer-nos de que um Super-Homem vai entrar em acção e todas as infracções vão ser reparadas e corrigidas? E os seus autores severamente punidos?
c) Convencer-nos de que a entidade dirigida pelo Super-Homem vai finalmente mostrar a sua força, pondo a devida ordem no sistema financeiro?
d) Convencer-nos que vamos assistir a um “one man show” em grande esplendor?
e) Convencer-nos de os estatutos do BdeP foram modificados tendo sido transformado
em Sociedade Unipessoal?
f) Ou muito simplesmente convencer-nos de que Carlos Tavares pouco conta, nem vale a pena referir o seu nome, que não é gente?

Vamos a ver, caso as coisas não corram bem (o que não se deseja, de todo), se um dia destes não somos visitados pelo título “Carlos Tavares e BdeP não se mostram capazes de resolver...”.
Surpreendente? Nada já me surpreende...

7 comentários:

  1. Para dar cada vez mais a ideia de que o Super-Homem, vulgo Vitor Constâncio, é uma pessoa isenta, imparcial, honesta, de grande nobreza de carácter (quiçá num futuro próximo colocado num belo lugar elígivel qualquer) e sério identifica-se o Banco de Portugal com a figura de VC.

    Assim ajuda-se a fomentar, indirectamente, a ideia de que tudo o que sai da boca do Super Homem é a mais pura verdade, desde o estado da Economia, ao valor dos défices (sejam eles exercicíos académicos ou não), ao prosseguimento de uma política fiscal, etc. e tal...

    Basicamente, nós não temos um, mas dois ministros das finanças, um diz "mata", o outro diz "esfola", um é mal-amado (do Governo) o outro é um bem-amado (de uma instituição defensora dos pobrezinhos espoliados pelos Bancos).

    O curioso da situação é termos uma instituição como o Banco de Portugal, coisa que sinceramente na minha curta existência não me recordo de ter visto, a contribuir activamente para o condicionamento/branqueamento das orientações políticas de um Governo, nem na altura em que intervinha directamente na política monetária.

    Supostamente o Banco de Portugal não é suposto ter uma actividade mais reguladora e menos "política"?

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  2. Anónimo16:49

    Muito bem observado, meu caro Tavares Moreira.

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  3. Na linha do F.Almeida, muita arguta observação!...

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  4. De Chefe Cozinheiro a Super-Homem. Não sei que dizer dum homem que ganha trez vezes mais que o seu congénere americano e tem bem menos de 1 terço das responsabilidades. Faço minhas as palavras de Santana Lopes " O país está doido!".
    Por muito mais que me alongue, acabarei por persistir no mesmo. Devido à competência de um e outro quem deveria ser omitido era Constâncio e não Tavares. O que foi que constâncio fez de positivo? Deixar este país caminhar alegremente para o charco??? E o que fazemos é engrandecer a sua competência nos jornais. Já enjoa ver o esquerdismo a sair bem na fotografia! O PSD toma uma medida e é um atentado aos direitos dos trabalhadores, o PS fá-lo e é elogiado pela sua visão. Enfim. Decadente...

    Enfim, precisamos mesmo de uma 4ª républica.....

    Saudações Republicanas

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  5. Acutilante comentário, caro André, ao bom estilo dos dragões de raça...
    Esperemos pela volta meu Caro, para ver o que estes parodiantes da imprensa nos vão querer vender ou omitir...
    Não é de excluir que os próximos episódios sejam...de silêncio sepulcral.

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  6. O país está doido e não é de agora. Deve ser graças ao vencimento do governador do bp que os funcionários estão a perder regalias nos últimos anos.

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  7. Cuidado com esse "não é de agora" caro Gonçalves.
    Digo-lhe que já trabalhei no BP, em função de elevada responsabilidade, e o comentário que faz quanto a vencimentos não teria nessa época - bem sei que já lá vão mais de 15 anos - o mais pequeno fundamento...
    Era bom que balizasse no tempo o seu raciocínio para não atingir quem não deve, de todo, ser atingido.

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