Com este título editei há cerca de um ano um POST dedicado ao conflito, a que os media deram grande relevo, entre um grupo de “heróicos” ocupantes do teatro Rivoli, no Porto e o Presidente da Câmara da cidade, entidade proprietária do teatro.
O grupo de ocupantes, constituído por membros dum grupo de teatro e por alguns apaniguados, reivindicavam, sob forma potestativa, a continuação do uso e fruição do teatro para aí se dedicarem a exercícios de cultura superior, generosamente suportados pelos Contribuintes – por nós.
A ocupação era uma forma simbólica de afirmar a sua “potestas” sobre o teatro, e a situação só se resolveu com uma intervenção da polícia, por ordem do Presidente da Câmara, que retirou coercivamente os ocupantes do interior do teatro onde se tinham barricado.
Passei este último fim-de-semana no Porto e um grupo de Amigos levou-me ao Rivoli no Sábado à noite para assistir ao music-hall Jesus Cristo Superstar, produzido por La Feria (que não apareceu).
O Rivoli estava lotado e assim tem estado, segundo me foi dito, desde que a peça estreou há vários meses.
Para fim-de-semana os lugares são reservados com alguns dias de antecedência.
As representações são de grande nível, quase todas a cargo de (muito) jovens actores: a interpretação das figuras de Jesus Cristo, Maria Madalena, Judas, Simão e Caifás é assombrosa.
O espectáculo tem grande movimento e fases de forte intensidade existencial que prendem o espectador.
No final, o público, todo o público, de pé, tributou aos actores uma demorada ovação, talvez próxima de 10 minutos.
Quando saía do Rivoli recordei-me do POST de há um ano e do contraste entre esta cultura, verdadeiramente popular, que atrai multidões e não custa dinheiro ao Estado, e aquela que foi ali produzida para plateias quase vazias, comparticipada pelos Contribuintes…
Como se criam estes mitos culturais, esta sofisticação intelectual de uma “cultura teatral” que é feita por e para grupos muito restritos e que os cidadãos são chamados compulsivamente a pagar? Em nome de quê?
Há por esse País fora inúmeros grupos culturais/teatrais, genuinamente populares, que fazem teatro por vezes de qualidade superior e que não custam ao Estado quase nada ou nada mesmo.
Mas há depois os “iluminados”, que conseguem influência junto dos media e do poder político e que têm esse “tique” deplorável de parasitar na orla dos Contribuintes, em nome de uma produção cultural na qual quase ninguém se revê!
Faço votos para que La Feria continue no Rivoli por muitos e bons anos!
Também tenciono ir ver o espectáculo, estou muito curiosa. de facto, os seus vaticínios, caro Pinho Cardão, confirmaram-se plenamente, e o teatro enche-se...
ResponderEliminarDr. Tavares Moreira
ResponderEliminarPraticar políticas públicas que incentivam a "produção" de cultura da sala "às moscas" à custa de subsídios é um verdadeiro assalto aos bolsos dos contribuintes!
O caso do Rivoli é, simultaneamente, um mau exemplo do que era feito e um bom exemplo do que deve ser feito...