Notícias recentes dão conta de que o governo está a estudar a comparticipação financeira do custo da vacina contra o cancro do útero e a sua inclusão no Plano Nacional de Vacinação (PNV).
Na Europa, o cancro do colo do útero é a segunda causa de morte mais frequente de cancro, depois do cancro da mama, entre mulheres jovens (15-44 anos). Todos os anos são diagnosticadas, aproximadamente, 33.500 mulheres com este tipo de cancro e 15.000 acabam por morrer desta doença. Este número significa que morrem 40 mulheres de cancro do colo do útero todos os dias na Europa. Portugal regista a mais alta incidência da Europa deste tipo de cancro, com 900 novos casos por ano e mais de 300 casos mortais. Em Portugal, o cancro do colo do útero mata uma mulher por dia.
De acordo com dados apresentados em estudos sobre a vacina, se não houver melhorias dramáticas a nível da prevenção, calcula-se que até 2050 o número de novos casos seja o dobro dos registados actualmente.
Estes números alarmantes e devastadores não deveriam deixar dúvidas de que estamos perante uma doença que constitui uma questão de saúde pública.
A vacina contra o cancro do útero tem carácter preventivo, ao permitir prevenir a infecção do vírus que está na origem da maior parte dos cancros do útero, e é ministrada em raparigas jovens entre os 10 e 15 anos de idade.
A vacina já se encontra disponível em Portugal desde o início deste ano. Trata-se, contudo, de uma vacina dispendiosa, que poderá ascender a 500 euros, e a comparticipação estatal deverá rondar, segundo as mesmas notícias, cerca de 40%. A ser assim, este medicamento continuará a ser muito caro e inacessível para a maioria das mulheres. Com este nível de comparticipação a vacina não terá seguramente uma abrangência universal, deixando de fora muitas raparigas jovens por razões de condição económica.
Invocar que a vacina é muito cara e que é enorme o correspondente custo financeiro para o Orçamento do Estado para justificar o adiamento da sua inclusão no PNV e não assumir uma comparticipação de 100%, é uma posição incompreensível quando está em causa um grave problema de saúde pública. Estes mesmos argumentos foram utilizados quando há seis meses o grupo parlamentar do PS chumbou a proposta de inclusão da vacina no PNV.
Acresce que deixar de fora uma parte da população feminina porque não tem dinheiro para suportar 60% do custo da vacina (300 euros) é uma medida estigmatizante e socialmente muito injusta.
Aguardemos que o governo descole de uma visão orçamental de curto prazo e coloque um elevado interesse público na prevenção da doença. O que está em causa é salvar vidas e poupar no futuro muitos custos no tratamento do cancro. Esperemos, então, pelo Orçamento do Estado de 2008 para avaliarmos o caminho que o governo vai escolher…
Na Europa, o cancro do colo do útero é a segunda causa de morte mais frequente de cancro, depois do cancro da mama, entre mulheres jovens (15-44 anos). Todos os anos são diagnosticadas, aproximadamente, 33.500 mulheres com este tipo de cancro e 15.000 acabam por morrer desta doença. Este número significa que morrem 40 mulheres de cancro do colo do útero todos os dias na Europa. Portugal regista a mais alta incidência da Europa deste tipo de cancro, com 900 novos casos por ano e mais de 300 casos mortais. Em Portugal, o cancro do colo do útero mata uma mulher por dia.
De acordo com dados apresentados em estudos sobre a vacina, se não houver melhorias dramáticas a nível da prevenção, calcula-se que até 2050 o número de novos casos seja o dobro dos registados actualmente.
Estes números alarmantes e devastadores não deveriam deixar dúvidas de que estamos perante uma doença que constitui uma questão de saúde pública.
A vacina contra o cancro do útero tem carácter preventivo, ao permitir prevenir a infecção do vírus que está na origem da maior parte dos cancros do útero, e é ministrada em raparigas jovens entre os 10 e 15 anos de idade.
A vacina já se encontra disponível em Portugal desde o início deste ano. Trata-se, contudo, de uma vacina dispendiosa, que poderá ascender a 500 euros, e a comparticipação estatal deverá rondar, segundo as mesmas notícias, cerca de 40%. A ser assim, este medicamento continuará a ser muito caro e inacessível para a maioria das mulheres. Com este nível de comparticipação a vacina não terá seguramente uma abrangência universal, deixando de fora muitas raparigas jovens por razões de condição económica.
Invocar que a vacina é muito cara e que é enorme o correspondente custo financeiro para o Orçamento do Estado para justificar o adiamento da sua inclusão no PNV e não assumir uma comparticipação de 100%, é uma posição incompreensível quando está em causa um grave problema de saúde pública. Estes mesmos argumentos foram utilizados quando há seis meses o grupo parlamentar do PS chumbou a proposta de inclusão da vacina no PNV.
Acresce que deixar de fora uma parte da população feminina porque não tem dinheiro para suportar 60% do custo da vacina (300 euros) é uma medida estigmatizante e socialmente muito injusta.
Aguardemos que o governo descole de uma visão orçamental de curto prazo e coloque um elevado interesse público na prevenção da doença. O que está em causa é salvar vidas e poupar no futuro muitos custos no tratamento do cancro. Esperemos, então, pelo Orçamento do Estado de 2008 para avaliarmos o caminho que o governo vai escolher…
Margarida,
ResponderEliminarNão foi o Presidente Sampayo que disse, num momento de grnade inspiração, em 25 de Abril de 2003 "Há mais vida para além do Orçamento"?
Estamos a concluir, por esta sua interessante abordagem do tema da vacinação contra uma doença bastante mortífera, que não há mesmo mais vida para além do Orçament...
E curiosamente, na interpretação de um Governo em cuja gestação o ex-Presidente teve um papel fundamental...
Li primeiramente sobre esta questão no blogue Contra Capa que vai no mesmo sentido por que a Margarida discorre.
ResponderEliminarFicaremos então na expectativa, embora eu não augure nada de favorável, tendo em conta a linha de conduta de este Governo em todas as questões que relevem de gastos seja em que domínios sociais forem.
Paralelamente, o PS, enquanto partido parlamentar funciona somente como câmara de ressonância dos interesses publicitários do Governo e, pior, nem sequer é de esperar dissonância de maior por parte das oposições, distraídas de temáticas obliteráveis por outras mais mediáticas e acompanháveis pelos seus públicos.
Aguardemos, portanto.
Cara Margarida
ResponderEliminarFala de um assunto muito importante. Gostaria de dizer que os rapazes também deveriam ser vacinados. É verdade! Se fossem vacinados deixariam de contribuir para o cancro do colo do útero. O vírus precisa de alguém que o dissemine.
Em 2005 escrevi um post no nosso blog que passo a transcrever.
Vacinar os homens para proteger as mulheres…
O cancro do colo do útero – actualmente um sério problema de saúde pública – tem tendência para sofrer um agravamento, em termos de mortalidade, quatro vezes mais até 2050, sobretudo à custa dos países subdesenvolvidos. Sabendo que o principal factor de risco é devido à presença do vírus papiloma humano, faz todo o sentido a prevenção das infecções através de vacinação. A vacina está pronta a ser utilizada contribuindo, senão para a eliminação, pelo menos para a redução significativa da doença. Aqui está mais uma demonstração das grandes conquistas médicas. O pior é que começam a surgir algumas reticências ao seu uso. Além dos habituais contestatários das vacinas – felizmente poucos – associam-se certos movimentos ou receios culturais, já que estamos perante uma doença fortemente associada às práticas sexuais. De facto, alguns grupos religiosos norte-americanos atribuem um papel potencialmente nefasto à vacinação das jovens meninas, porque pode ser interpretada como uma “licença” para praticar sexo. A melhor maneira de prevenir a presença do vírus papiloma humano, de acordo com os seus mentores, é a abstinência. No entanto, no cômputo geral, 80% dos pais estão a favor da vacinação. Ainda bem!
Os povos em desenvolvimento são particularmente mais vulneráveis, até porque o diagnóstico precoce, prática generalizada nos povos desenvolvidos e que se caracteriza por elevada eficiência, não está ao alcance da maioria das mulheres. Divulgar e convencer aquela parte do globo não vai ser tarefa fácil. O baixo estatuto da mulher limita a vacinação das jovens. Mesmo no Reino Unido as mulheres asiáticas têm receio de serem sujeitas a testes para saber se são ou não positivas para as infecções do vírus do papiloma humano. Em caso de positividade, dizem as senhoras, ainda correm o risco de serem liquidadas pelos maridos, mesmo que tenham sido estes a contaminá-las!
N. K. Gangully, do Conselho de Investigação Médica da Índia, sugere que a vacinação dos homens talvez seja a melhor maneira de prevenir a propagação do vírus evitando que as mulheres venham a sofrer ao fim de alguns anos do terrível cancro. Ora aqui está uma boa ocasião de manifestação de solidariedade do sexo masculino face a um cancro exclusivamente feminino. Vacinem-se os homens. Deste modo evitam-se os constrangimentos femininos impostos por motivos religiosos e culturais.
Para terminar, começam a surgir evidências de que as vacinas contra o papiloma vírus "protegem" os seres humanos de outros tumores fora do âmbito genital... Boas perspectivas!
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarNuma doença tão mortífera, em cuja prevenção e cura são gastos milhões de euros, o que seria desejável, na linha do que já fizeram alguns países europeus, seria, pelo menos, uma recomendação das autoridades de saúde no sentido da vacinação e a comparticipação estatal do seu custo a 100%. Apesar de termos um problema de défice orçamental para resolver, cada vez me convenço mais que muitos dos nossos défices nos mais diversos domínios não têm a ver com dinheiro mas com falta de visão de médio e longo prazo e de ausência de claras apostas no futuro.
Assim, realmente, não há mais vida para além do orçamento!
Caro Joshua
O caso desta vacina vai permitir observar como é que o governo actua em vários domínios, não apenas na vertente da saúde mas também na vertente social. É uma matéria multidisciplinar que não deveria ser decidida, a meu ver, por critérios meramente economicistas e de curto prazo. Mais do que a economia da eficiência há que ponderar a economia da equidade!
Caro Professor Massano Cardoso
Não há dúvida que esta vacina é uma grande conquista médica. Tinha lido alguma coisa sobre a vacinação dos rapazes mas tinha ficado com dúvidas sobre o processo e os seus efeitos. Com a sua explicação fiquei mais esclarecida. Pois claro, faz todo o sentido!