domingo, 21 de outubro de 2007

Radicais Livres

As conversas de circunstância no decurso de jantares levam-nos, frequentemente, a dissertar sobre os temas mais inesperados. Mas há um que, invariavelmente, não escapa, por razões óbvias, a alimentação. Gosto de meter a minha colherada aproveitando o momento para “provocar” e para desmontar alguns estereótipos. Convém não esquecer que a área da nutrição é muito propicia a disparates de todos os tipos, os próprios do momento mas também sobre o valor e a importância dos alimentos.
Discutiu-se gorduras, quais as mais saudáveis e as menos saudáveis. Analisando bem o fenómeno podemos afirmar que não há superioridade de nenhuma em relação a outras desde que se tenha em conta o momento, a quantidade e a forma como são utilizadas. No fundo, não há alimentos bons e alimentos maus. Faz-se bom ou mau uso dos mesmos. Falámos da fritura com diferentes óleos e os perigos decorrentes da utilização reiterada dos mesmos para a saúde. Alguns produtos formados pela acção do calor são dotados de intensa actividade oxidativa, denominados radicais livres. Estes radicais, produzidos endogenamente mas também veiculados pelos alimentos, pela poluição e estimulados por diversos factores tais como o stress ou exercício intenso, são contrabalançados por mecanismos de protecção interna e por substâncias exógenas denominadas antioxidantes. Os seus efeitos manifestam-se em mais de uma centena de doenças, desde o cancro às doenças cardiovasculares estimulando o envelhecimento ao ponto de uma das principais teorias assentar neste grupo de substâncias. Acontece que cada vez mais se torna difícil ou mesmo impossível neutralizá-las. São as substâncias mais activas que se conhecem, “violentas” em termos fisiológicos! Levantam-se muitas preocupações a vários níveis sobre as formas de prevenir os seus efeitos. Combater a poluição, melhorar a alimentação, diminuir o stress e ministrar antioxidantes são algumas das medidas propostas.
Para terminar, e apenas por mera casualidade, um estudo recente revela que a abstinência sexual é contraproducente em matéria de combate à infertilidade. É do conhecimento geral que os fenómenos associados a este grave problema estão a aumentar apontando-se vários factores, entre os quais se destaca a poluição. A permanência dos espermatozóides durante muito tempo, devido a abstinência (aconselhada frequentemente nestas circunstâncias para aumentar a quantidade), origina acréscimo de anomalias e perda de capacidade dos mesmos. A ejaculação diária, neste caso particular, dos que sofrem de infertilidade, permite que os espermatozóides sejam mais saudáveis e, consequentemente, ficam mais aptos para a fertilização. Qual a explicação? Menos tempo de contacto com os tais radicais livres! Podem escapar-se aos efeitos nefastos dos radicais livres e não irem aonde gostariam, mas vão contentes, mais saudáveis e cheios de “força”. O pior é que os radicais permanecem no interior do organismo a fazer das suas e não há célula que consiga fugir, a não ser os “pequenos cabeçudos”. Quando fogem, claro!

2 comentários:

  1. :)))
    Caríssimo professor Massano Cardoso,
    ainda estou de joelhos, virado para Meca, neste caso, Coimbra, o seu pedagógico, original e bem disposto post, confirma que, Para que a humanidade caminhe feliz e contente neste mundo, deve alimentar bem o corpo, o espírito e o amor.
    Como dizia um filosofo, creio que já não me recordo do nome ;)... o sexo é como um instrumento musical, deve ser praticado com regularidade, para que se mantenha afinado.
    Nota de rodapé: Não me irei surpreender se, num futuro próximo, devido à crescente abstinência sexual que se verifica entre os jovens, seja emitida pelo ministério da saúde, uma norma que obrigue cada macho a possuir, tal como nos medicamentos, o prazo de validade dos espermatozoides... em armazem... com código de barras afixado... em local visível... para leitura óptica.

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  2. Exmo Senhor,
    tenho uma sugestão para a saúde: AGEL. Informe-se, por exemplo, na net.

    Cumprimentos,
    Miguel Almeida

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