domingo, 18 de novembro de 2007
Diz-me o que lês, ... - 5
Duas razões me impedem de estar presente no lançamento do livro do Quarta República no Porto: uma aula para os meus alunos do curso de licenciatura em Sociologia e o lançamento do livro cuja capa encima este postal.
Não, não estou a fazer concorrência desleal ao 4R. Estou a respeitar o compromisso, de há muito assumido, de apresentar em Lisboa o trabalho coordenado por Pedro Tavares de Almeida e Rui Branco sobre Burocracia, Estado e Território. Portugal e Espanha (Séculos XIX e XX), publicado pelos Livros Horizonte.
Trata-se de um tema que focalizando o problema da construção do Estado liberal em torno da categoria weberiana de burocracia e da sua estruturação no território nacional, dá um excelente contributo para a reflexão sobre a reforma (actual) desse mesmo Estado.
Confesso que a leitura deste livro abriu-me novas perspectivas sobre a lenta e penosa construção do estado moderno em Portugal e, acima de tudo, do que esse processo representa para a estruturação da modernidade numa sociedade que lhe era adversa.
Para mim, foi mais um motivo de reflexão sobre um velho problema de sociologia e de ciência política que não deixo de ter em agenda: como é que os governos liberais, ou de matriz ideológica liberal, lidam com sociedades iliberais, ou sejam, sociedades formalmente abertas e democráticas, mas culturalmente dominadas por poderes fáticos e valores marcadamente tradicionais, diria mesmo irracionalmente conservadores, independentemente de se situarem à direita ou à esquerda.
Por favor, não tresleiam nem tirem conclusões apressadas: a minha preocupação é, antes de mais, teórica e só depois será prática em função dos problemas da reforma do Estado e do futuro da sociedade portuguesa.
É difícil ter ideias consistentes sobre este desafio sem se conhecer um pouco como é que este mesmo Estado foi constrído e se institucionalizou nos últimos 170 anos em Portugal. Este livro de Pedro Tavares de Almeida e Rui Branco (que conta com a participação de historiadores de mérito já consagrado como Jaime Reis e António Hespanha a que se junta uma nova geração de jovens investigadores) é um contributo incontornável para quem se preocupe com estes problemas do Estado, da Administração Pública, do ordenamento do território, da descentralização,e por aí sem fim.
"Por favor, não tresleiam nem tirem conclusões apressadas"... alguem me pregue um susto por favor, não consigo parar de rir.
ResponderEliminarExcelente caro professor David Justino, diz o povo com razão que "quem não se sente, não é filho de boa gente". Eu teria alterado o sentido da frase tornando-o mesmo provocatório: Tresleiam, quadrileiam, quinquileiam e tirem conclusões, quanto mais depressa, melhor!
Mas vá lá, o professor foi benévolo, ainda bem que alguma coisa distingue os professores na sensatez.
"Para mim, foi mais um motivo de reflexão sobre um velho problema de sociologia e de ciência política que não deixo de ter em agenda: como é que os governos liberais, ou de matriz ideológica liberal, lidam com sociedades iliberais, ou sejam, sociedades formalmente abertas e democráticas, mas culturalmente dominadas por poderes fáticos e valores marcadamente tradicionais, diria mesmo irracionalmente conservadores, independentemente de se situarem à direita ou à esquerda."
Noto, neste parágrafo, que o caro professor,concentra a leitura que nos leva a reflectir sobre várias questões politico-sociais, assim como a evolução das mesmas no plano geográfico europeu e ibérico.
Vou procurar adquirir o livro, que me parece de todo o interesse.
Numa altura em que cada vez com mais acuidade se colocam questões como, a redefinição das funções do estado, o Estado regulador ou prestador, a subsidiariedade, a devolução de poderes etc., este será, certamente, um livro a adquirir.
ResponderEliminar.
Regionalização
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