terça-feira, 20 de novembro de 2007

LAMEGO: das 1as Cortes à 4ª República


Na cidade de Lamego, o lançamento do livro "4ª República" teve um genuíno e sentido acolhimento a que não posso deixar de fazer referência, dando mais uma "achega" ao texto da Susana.

Lamego recebeu dez Amigos!

Como se todos fossemos de lá...como se a grande razão não se chamasse Ferreira de Almeida, como se o verdadeiro orgulho não estivesse centrado neste seu Homem lá nascido...

Foi inexcedível o acolhimento, a sobriedade e a franqueza, o gosto e o brio pela Cidade e pelos que nela habitam e a forma natural como nos conduziram a que lhe dedicássemos umas curtas horas de visita.

Valeu bem a pena relembrar uma das mais antigas e célebres cidades episcopais da Península, olhar para a românica torre de menagem do Castelo que tão bem combina com a torre da Sé, única memória da época, neste lindíssimo Templo, primitivamente também ele do séc.XII. Fascinaram-me, nos lindos claustros góticos, as 2 capelas de Sto António e S. Nicolau, esta última com um lindíssimo retábulo barroco de talha dourada e umas grades de ferro de enorme imponência e raridade, origináriamente pintadas-- segundo os peritos parece tratar-se de exemplares em ferro, do séc.XVI, pouco vistos em Portugal.
Completa tudo isto um belo revestimento a azulejos do séc. XVIII que lhe aumenta a beleza e que torna estas capelas (que são Monumento Nacional, como parte integrante da Sé de Lamego) dignas dum olhar atento por parte dos responsáveis da Cultura deste pobre País, que só é pobre porque é incapaz de manter preservadas obras desta beleza, riqueza e significado histórico; é pena, é muita pena!

Em contraste a este abandono em que está o Património Histórico do Estado, atravessamos a rua e visitamos uma obra de que a Câmara se orgulha: o restauro do antigo Hospital, um edifício do séc.XVIII, que sofreu um devastador incêndio do qual só escapou a fachada e que foi reconstruído por um emigrante brasileiro que o transformou no Teatro Ribeiro Conceição, há muito sem uso e abandonado...e que Câmara agora adquiriu para restauro e espera inaugurar no próximo ano.

Levar o Teatro a esse País fora, com as companhias itinerantes e de qualidade que temos, é reforçar um gosto que não pode perder-se, pela arte, pelo convívio, pela alegria que representa para as populações poderem distrair-se culturalmente na sua terra, saindo de casa, deixando o sofá e a televisão, conversando e convivendo com quem se encontra...bem ao nosso jeito, sobretudo nas terras pequenas.

Que a obra se acabe no tempo previsto e que a inauguração tenha o reconhecido apoio que esta iniciativa merece; até ouvi alguém ("republicano", pela certa...) elogiar tanto a qualidade do restauro e a beleza da sala que, em jeito de desabafo, disse: "era aqui que devíamos vir implantar a nossa 4a República"!!!

2 comentários:

  1. Sim, o novo Teatro merece bem uma visita, recuperado com todos os cuidados, procurando adaptar às exigencias do conforto e do progresso o edifício antigo, com uma excelente acústica. O palco tem as últimas novidades técnicas para os cenários, lamento não saber entrar em mais explicações mas lembrou-me a complicada estrutura onde se passa o Fantasma da ópera, escadas metálicas, roldanas e fios metálicos, mesmo a pedir uma companhia de teatro cheia de actores, animação e muitos aplausos. Já marcámos lugar para a estreia...até porque queremos contar tudo!

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  2. Clara
    Teria sido mais fácil construir mais umas toneladas de betão para mais uma sala de espectáculos.
    A opção pela reabilitação do Teatro Ribeiro Conceição, enquanto jóia patrimonial da Cidade, dotando-o do que há de melhor em termos de tecnologias de bastidores, denota bem a sensibilidade cultural das gentes de Lamego, o seu apego ao belo e o seu respeito por um passado carregado de boas tradições.

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