domingo, 4 de novembro de 2007

A odisseia da penúria

O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, anunciou em entrevista que o Município já pagou todas as dívidas inferiores a 10.000 euros.
E que, assim, já reduziram 60 milhões de euros de dívidas.
Parece um facto notável.
Mas afinal quanto deve a Câmara de Lisboa?
O passivo é de 1,5 mil milhões de euros.
Destes, 637 milhões são dívidas a médio prazo e 444 milhões dívidas a curto prazo.
Neste último valor estão as dívidas a fornecedores, que ascendem a 350 milhões de euros.
E o que é estão a fazer para pagar este balúrdio?
Reduziram umas quantas despesas e contraíram um empréstimo de 500 milhões de euros...
Quem não andou por cá nos últimos 10 anos, teria razões para estranhar estes números.
Mas depois do que vi nas várias vereações desde o mandato de Jorge Sampaio (inclusivé), esta situação não me surpreende:
  • Empresas e agências municipais falidas e inúteis;
  • Gente a mais;
  • Desorganização e desorientação;
  • Aquisições de serviços à tripa forra;
  • Impostos e taxas quase sempre a aumentar;
  • Obras faraónicas...
... abandono dos mais elementares critérios de boa gestão.
Quanto mais dinheiro entrava nos cofres da Câmara de Lisboa, pior se investia na cidade.
E a fartura deu estes resultados: esbanjamento!
António Costa bem pode anunciar que pagou 60 milhões de dívidas nos 100 dias que leva de mandato.
A triste realidade é que a Câmara não gera receitas para pagar a monstruosidade criada.
E a cada dia que passa, comporta-se como aquele taxímetro ligado.
Está sempre a somar.
Será que ainda não perceberam que estão a "usar fisgas para matar elefantes"?

4 comentários:

  1. e não disse que pagou as "milhares" de dividas " por conta do empréstimo de 500 milhões de euros que está a ser negociado..

    o dr costa na dita cuja entrevista mais parecia um contabilista do que um politico

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  2. Anónimo12:34

    O que mais me impressiona, meu caro Vitor, é o auto-aplauso com direito a conferência de imprensa quando do que se trata é do mero cumprimento de elementares obrigações. E cumprir obrigações, ainda para mais elementares - pagar a quem se deve - não pareceria ser motivo de vanglória. Ou pelo menos acto político de rasgo. Pelos vistos a pobreza franciscana em que decaiu a política nacional já coloca num pedestral quem honra os pagamentos. Ainda que sejam parciais. Enfim...

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  3. E para quando... a publicação das listas de credores das entidades públicas (locais/regionais/nacionais)? Hmmmmm?

    Se é justo a publicação de uma lista de devedores ao Estado, também é justo a publicação de uma lista de credores das entidades públicas. Quase que aposto que os Estado deve mais dinheiro aos privados do que os privados ao Estado, mas é sempre interessante averiguar a coisa.

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  4. Anónimo18:04

    Não concordo consigo meu caro Anthrax quanto a importância que dá à publicação de listas de credores de entidades públicas ou das que, no universo do que é Estado, são relapsas. A publicitação das dividas do Estado e demais entidades não tem qualquer eficácia e ninguém lhe dará a mais pequena importância. As entidades públicas não têm cara; e não tendo cara não têm vergonha.
    A medida é eficaz quando se trata de dívidas de pessoas que têm de se movimentar no mercado e cujo sucesso depende da confiança que mereçam por parte dos outros agentes com quem têm de se relacionar.
    O que será justo, e não vejo ninguém reivindicar, é que o credor do Estado ou de entidades públicas, possa utilizar os seus créditos para liquidar, por via de compensação, impostos ou taxas.
    Essa sim, seria uma medida eficaz e profundamente justa.
    O resto será paliativo a que mais tarde ou mais cedo o governo acederá com grande prazer porque sabe que nada se altera (bem pelo contrário, aliviam-se as consciências confessando-se mas não se expiando o pecado) e pompa e circunstância em mais um gradiosa acção de propaganda, justificada pelo esforço de moralização da coisa pública.
    Já vi esse filme antes...

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