domingo, 9 de dezembro de 2007

"Crise" nas árvores de Natal: oportunidade para Portugal?

Na edição do Financial Times deste fim-de-semana, para além das habituais notícias sobre temas económicos e políticos, merece destaque de primeira página a “crise” que atingiu o mercado das árvores de Natal.
Crise neste caso significa escassez de oferta e uma acentuada subida de preços, com destaque para o caso da Alemanha - principal produtor e também um dos principais consumidores deste produto típico da quadra natalícia – onde os preços terão subido, da acordo com a notícia, cerca de 30% em relação ao ano passado.
O que há de mais interessante com esta notícia é o facto de ela servir de ilustração curiosa do fenómeno da globalização. Vejamos porquê.

- A escassez da oferta tem como principais explicações:
(i) A redução das áreas cultivadas com árvores de Natal pois os agricultores alemães têm preferido afectar mais áreas ao cultivo de milho para ser utilizado na produção de biodiesel, actividade mais rentável graças aos apoios que a União Europeia concede em nome das políticas de combate ao excesso de emissões gasosas com efeito de estufa, nos termos do acordo do Kyoto;
(ii) A diminuição significativa do número de polacos que trabalhavam em plantações florestais na Alemanha e que resolveram mudar-se para o Reino Unido, onde encontram tarefas mais atractivas e com melhor remuneração.

- O crescimento da procura é explicado, para além do aumento do mercado interno, por uma forte procura externa, sobretudo do Médio Oriente, de países exportadores de petróleo que, não obstante de maioria muçulmana, são atraídos pelos hábitos consumistas ocidentais e resolveram também agora celebrar o Natal à maneira dos países europeus dado que a superabundância dos petrodólares lhes permite adquirir todos os produtos que são moda nos países desenvolvidos…

Pena que em Portugal, com condições naturais magníficas para a produção florestal com base no pinheiro bravo (D. Dinis, grande pioneiro desta fileira), não tenhamos sido suficientemente perspicazes para desenvolver uma indústria de árvores de Natal para exportação…
Será que Michael Porter, ao que parece de novo chamado para rever o seu estudo de há cerca de 15 anos sobre as oportunidades estratégicas da economia portuguesa, se lembrará agora do cluster do pinho (não confundir com M. Pinho, ministro da pasta)?
Ainda iremos a tempo?

7 comentários:

  1. Então as árvores falsas ainda não chegaram à Alemanha? Por cá já é praticamente impossivel comprar um pinheiro, nórdico ou nacional, este ano ainda nem sequer vi nenhum à venda...Devem estar no meio de um daquelas ilhas do Dubai, cheias de bolas e neve artificial!

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  2. O biocombustível já levantou vários problemas, em especial, quanto ao problema do aumento do preço do cereal. Será que um pacote de Chocapic ficará mais caro do que um litro de biodiesel? Acho que a resposta seria dado por Manuel Pinho da seguinte forma " É energia, estúpido." hehehe

    Quanto a esse problema é algo que deve ser regulado por instâncias superiores. Como é obvio o empreendedor, dentro dos recursos possiveis irá produzir o que lhe for mais rentável. A ver vamos se algo será feito para impedir tal fenómeno.

    Saudações Republicanas

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  3. O biocombustível já levantou vários problemas, em especial, quanto ao problema do aumento do preço do cereal. Será que um pacote de Chocapic ficará mais caro do que um litro de biodiesel? Acho que a resposta seria dado por Manuel Pinho da seguinte forma " É energia, estúpido." hehehe

    Quanto a esse problema é algo que deve ser regulado por instâncias superiores. Como é obvio o empreendedor, dentro dos recursos possiveis irá produzir o que lhe for mais rentável. A ver vamos se algo será feito para impedir tal fenómeno.

    Saudações Republicanas

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  4. O biocombustível já levantou vários problemas, em especial, quanto ao problema do aumento do preço do cereal. Será que um pacote de Chocapic ficará mais caro do que um litro de biodiesel? Acho que a resposta seria dado por Manuel Pinho da seguinte forma " É energia, estúpido." hehehe

    Quanto a esse problema é algo que deve ser regulado por instâncias superiores. Como é obvio o empreendedor, dentro dos recursos possiveis irá produzir o que lhe for mais rentável. A ver vamos se algo será feito para impedir tal fenómeno.

    Saudações Republicanas

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  5. E, já agora, caro TM, também não confundir o pinho ministro com outro pinho de gema...mas que é cardão!...

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  6. Cara Suzana,

    Creia que este tema, que tratei com alguma leveza, reflecte de certo modo a torrente de oportunidades de negócio que vamos deixando fugir por absoluta miopia em especial da parte de responsáveis políticos sectoriais - falam muito, mas têm uma formação essencialmente burocrática, não conseguem ter uma percepção operacional das oportunidades de negócio....
    Portugal teria condições naturais de excepção para desenvolver uma produção/negócio como este que, tudo indica, poderá ser ainda mais interessante nos próximos anos... Falta o rasgo natural que poderia dar o necessário impulso aos investidores, encorajando-os a transformar os recursos naturais em produtos transaccionáveis e, neste caso, com elevado valor acrescentado nacional.

    Caro André,

    Esse comentário x3 é para compensar a ausência nos últimos tempos? Seja bem regressado, com seus comentários vivos, por vezes mordazzes mas transpirando juventude!

    Caro Pinho Cardão,

    Mal andaria eu se fosse chamar a atenção para que não confundam a fileira do pinho com o meu Amigo - porque no seu caso o nome (Pinho Cardão) ganhou uma tal força de marca que se tornou inconfundível, não acredito que quem quer que seja cometesse tal erro de percepção!

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