quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Então eu é que estou maluco?

O Governo, o presente, desmantelou mais uma Unidade de Urgência em Vila Pouca de Aguiar, tendo os doentes que seguir para Vila Real. O Ministério justificou a medida, dizendo que os doentes não devem ser enganados, já que o Serviço existente em Vila Pouca não cumpria os requisitos adequados à sua natureza. Será!... Mas o que acontece é que um cidadão de Vila Pouca ou de uma qualquer aldeia recôndita do concelho, perante uma indisposição, tinha o conforto de se poder dirigir às Urgências da vila. E aí, era feita a despistagem. Se fosse mal ligeiro, ia para casa; se o mal fosse grave, era dirigido para a Unidade adequada. Agora, perante a obrigatoriedade de ter que se deslocar a Vila Real, opta por ver se a coisa passa. Claro, que é um alívio para o Ministério da Saúde: se passar, o cidadão não consumiu assistência hospitalar; se morrer, fica o assunto logo arrumado. A tecnocracia fica inteiramente satisfeita com a medida: objectivo cumprido!...
Enquanto isto, o Governo, e aí não sei se foi o actual, esbanjou entre 100 e 150 milhões de euros para construir um viaduto exclusivamente destinado a lobos e proceder a alterações no traçado da auto-estrada de Vila Real para Chaves, precisamente nas imediações de Vila Pouca de Aguiar.
Apesar de haver várias passagens subterrâneas destinadas aos bichos em geral, a distinta casta dos lobos exigiu um caminho aéreo, com arranjo paisagístico especial, para não lhes criar stress no atravessamento.
São sete os lobos de tão elevada estirpe, pelo que cada um custou cerca 20 milhões de euros!...De elevada estirpe e de inteligência pelo menos tão fina como a dos promotores do loboduto: parece que ainda nenhum atinou com tal caminho!...
Para os nossos tecnocratas, o homem vale pouco ou nada: entre o homem e o lobo, escolhe-se claramente o lobo. É que, apesar da fraca natalidade, sempre nascem mais homens do que lobos!...
E a ética vigente manda proteger os mais fracos, neste caso os lobos!...

29 comentários:

  1. Eu não entendo porque não construir uma mega-plataforma-logisitico-hospitalar em Sines. Fecham-se todos os outros estabelecimentos de saúde e mandam-se todos para a mega-plataforma, numa operação de racionalização de custos ímpar em todo o mundo. Talvez, se o caminho fosse verdadeiramente penoso para os mais idosos, tal medida até poderia ser vantajosa para o equilíbrio da Segurança Social. E podia ficar na OTA, agora que já não sabem o que fazer ao pântano...

    ResponderEliminar
  2. ahahaha!!!
    Estou-me a rir? Devo ser parvo! eu e mais uns bons pares que ainda acreditam (ou será que já acreditaram mais?) que através da força do voto se manifesta o poder e a capacidade electiva de um povo?
    Diz-se nas aldeias que "cães e lobos, comem todos", assistimos porém a que o resultado da evidente avidez dos lobos, é que nada reste e, que a confiança demonstrada pelos cães, quando tiraram do pescoço as coleiras de pontas que os protegiam das dentadas ferozes, revela-se um acto de temerária ingenuidade que será pago caríssimo.

    ResponderEliminar
  3. Os lobos estão no ministério da saúde e o povo não passa de ovelhinhas disponíveis para os alimentar...
    Um dia destes ainda temos que ir às urgências da Capital, para termos serviços de qualidade, claro!

    Pobres portugueses. Já valiam pouco, mas agora...

    ResponderEliminar
  4. Infelizmente, já faltou mais, caro Professor,para que haja um Hospital único para todo o país!...

    ResponderEliminar
  5. ...Como diz o Tonibler, muito lucidamente, como de costume!...

    ResponderEliminar
  6. «Se os lobos não se comem uns aos outros, os estúpidos muito menos»; é pena.

    ResponderEliminar
  7. Nota dirigida particularmente ao caro Professor Massano Cardoso:
    Numa previsão futurologista, não acha o caro Professor que o sistemático encerramento dos serviços de atendimento público e o consequente empurrão para os serviços centralizados que na maior parte dos casos se encontram distantes dos núcleos habitacionais recônditos, possa fazer reaparecer como alternativa, as medicinas alternativas?
    Nas aldeias, ainda ha muito pouco tempo e, penso eu que por acção da criação dos serviços que agora estão a ser extintos, deixou de ser comum, as pessoas recorrerem com frequência aos conhecimentos de curandeiros. Sabemos ainda que fruto dessas acções, graves problemas de saúde sucederam a quem por ingenuidade e em estado de aflição, recorreu e se entregou às curas por mezinhas. Algumas, que tal como o caro Professor referia ha dias, num seu post, resultavam pela mistura de produtos incompatíveis, em verdadeiras misturas venenosas.
    Afinal é sem sombra de dúvida um problema vasto de saúde pública.

    ResponderEliminar
  8. Cara Ana Cristina Leonardo:
    Uma saudação especial, pois parece ser a primeira vez que aparece por cá!... E logo com um comentário tão geral que permite várias interpretações!...Assim, não sei como comentar o que referiu. Apenas direi que no 4R costumamos falar claro...como se dizia na tropa...PARA OFICIAL ENTENDER!...

    ResponderEliminar
  9. Ouvi hoje o bastonário "em exercício" da Ordem dos Médicos, afirmar que, a Ordem não descortina qq benefício no encerramentos dos SAP em causa.
    E aponta até alguns efeitos contraproducentes do citado encerramento.
    Concluindo, que neste contexto, o único objectivo do encerramento, por parte do Governo será portanto de natureza económica.
    O povo vai gemendo ...como ontem à noite, em Vila Pouca de Aguiar ... "o povo unido jamais será vencido".

    Ai povo, povo que lavas no rio ...

    Será preciso mais, para o nosso povo perceber a importância do voto, nas eleições legislativas ?

    Tb tenho um SAP, perto de casa, do qual me utilizo, mas se eu precisar de um RX, tenho de ir ao Hospital, que fica a 3 km, do SAP.

    Para aquelas pequenas maleitas, que às vezes nos assolam, o SAP é e será sempre muito útil.

    Será difícil perceber que é muito grave, retirar um SAP, a pessoas que, depois só podem contar com um Hospital a 80 km ?

    Mesmo que fossem só 5 ou 10 km ...

    É que 10 km no interior do País, não é a mesma coisa, que 10 km na Região Metropolitana de Lisboa.

    As notícias dizem que as pessoas vão pagar 40 cêntimos por cada km, que a ambulância tiver que fazer.
    Eu nem quero acreditar !!!!

    As pessoas desta região já são penalizadas, pela sua condição de interioridade, e também vão ser naquilo que de mais vital é para todos nós: a Saúde ?

    ResponderEliminar
  10. Sublinho a relevância do seu comentário, cara Pézinhos e acrescento à importância do voto nas eleições legislativas, a importância, talvez até maior, do voto autarquico.
    Afinal são ou não os autarcas eleitos pelo povo, os primeiros representantes e responsáveis por fazer chegar ao conhecimento do poder central as carências e reivindacações justas do povo que representam e que os elegeu? E ao qual prometeram em campanha, fazer tudo para melhorar as suas condições de vida?
    E o que faz o tolhido povo que não reivindica, que não exige, que não age?

    ResponderEliminar
  11. Caro Bartolomeu

    O que posso dizer é que o negócio de lojas de “chás e mézinhas” começa a proliferar no interior e com muita freguesia. De vez em quando lá tenho uma “complicaçãozita” fruto das alternativas. Além do mais, as “mulheres de virtude” continuam em alta! Pelo menos é o que me contam alguns doentes, que não se coíbem de contar as suas experiências. Algumas até são muito curiosas!
    Uma das situações já a contei em Agosto de 2005, mas como na altura o amigo Bartolomeu não andava por estas bandas procedo à sua transcrição



    KORO

    O interessante post da Suzana Toscano sobre Hikikomori que tive oportunidade de ler e uma bela reportagem emitida alguns dias antes na TV, sobre o mesmo assunto, despertou-me a atenção para as chamadas síndromas culturais.
    Quase todos os povos apresentam um ou outro tipo de problemas que se encaixam perfeitamente num vasto grupo de doenças ou sindromas ligados à cultura. De um modo geral os povos orientais são mais propensos.
    Além do Hikikomori, uma outra síndroma diz respeito à morte por excesso de trabalho designado por Karoshi. O primeiro caso foi descrito em 1969 num jovem de 29 anos trabalhador de um importante jornal. Nos finais dos anos oitenta, com o avolumar de casos em jovens quadros superiores das empresas que morriam subitamente, sem qualquer história prévia de doença, acabou por ser considerada como morte súbita ocupacional. Claro que tudo isto acontece no Japão e não é por acaso.
    Outra síndroma curiosa tem a designação de Koro (“cabeça de tartaruga” em malaio e que é muito apropriada!). É um fenómeno de massas, qual verdadeira histeria, e que leva os atingidos a entrarem em pânico com medo de que o pénis encolha e desapareça dentro do corpo provocando a morte. Os chineses são mais atreitos e a explicação tem a ver com feitiçaria ou a crença de que determinados actos sexuais tais como relações com prostitutas ou masturbação possam perturbar o equilíbrio yin/yang. Consequência: redução do pénis e o seu desaparecimento no interior do corpo. Volta e não volta manifesta-se sob a forma epidémica.
    Recordo-me de um jovem que, desde cedo, revelava ansiedade nas mais diversas situações. Um dia, já adulto, solicitou-me que o ajudasse porque o meato urinário estava a ficar cada vez mais largo. Estava com medo de que o pénis se rasgasse ao meio e, então, o que seria dele! Claro que o meato urinário era perfeitamente normal. Mas ele dizia que não. Chegou a afirmar: - Então o senhor doutor não está ver que está muito largo? Não vê! Olhe que está. Perguntei-lhe quando é que tudo isto começou. - Foi já há alguns meses. Tive relações com uma rapariga e ela deu-me uma bebida para me fazer feitiço. Desde então o buraquinho está a alargar-se cada vez mais. Estou com medo senhor doutor. Lá tentei controlá-lo o melhor possível e prescrevi uma medicação sintomática adequada ao caso.
    Passados uns tempos, apareceu-me, desta vez, para eu lhe dar uma purga. – Uma purga? Para quê? Respondeu-me: - Para quê? Ora essa! Para deitar fora o mal que me fizeram. Então o senhor doutor não se recorda de eu lhe ter dito que uma rapariga deu-me uma mistela para fazer mal? Lá tentei explicar que isso não era provável. – Não é? Ai isso é que é! Pois olhe eu fui a uma das tais mulheres, compreende senhor doutor? – A uma bruxa? – Sim… e ela disse que tinham-me dado uma mistela e só posso livrar-me desse mal com uma purga. - Ah! – E, sabe senhor doutor, ela deu-me estas sementes para eu fazer um chá – e vai daí abre um lenço com umas coisas esquisitas brancas que não consegui identificar – só que eu não consigo beber isto. Fico com uns saibros de boca, que o senhor nem imagina. - Não imagino não! – Como eu não consigo tomar isto, o senhor doutor tem que dar qualquer coisa para me purgar! Foi tal a insistência e o desespero do homem que acabei por ter de lhe prescrever uns laxantes a fim de o purgar. Era novo e bastante forte, pelo que não lhe deverá ter feito muito mal.
    Penso ter sido a primeira vez que fui utilizado como alternativa ao sistema nacional da bruxaria…

    ResponderEliminar
  12. Caro Professor Massano Cardoso, imagino que deva ser deveras assustador, notar que o pénis está a reduzir de tamanho, ou a alargar o orifício urinário (apesar de imaginar que para alguns "machos" que por aí andam, estas alterações em conjunto, pudessem ser recebidas com muito agrado).
    Mas sabe o caro Professor, certamente melhor que ninguem, que o desespero, a aflição, o isolamento, a falta de informação e até outros factores imponderáveis, aliados à dificuldade de deslocação e à distância para chegar a tempo à urgência qualificada de um hospital, serão motivos de peso, para que, sobretudo as pessoas das aldeias interiores recorram às alternativas dos chás e das mézinhas.

    ResponderEliminar
  13. A troca de ideias e pontos de vista que encetamos por aqui, é muito interessante, para mim, porque ganho em Conhecimento, novas facetas e dimensões do que se debate, e que eu desconhecia, ou não estava a "ver".
    Nada como aprender com quem sabe....
    Refiro-me ao Post do Caro Prof. Salvador sobre as mézinhas. De facto, é um "filão de mercado" que vai ser provavelmente explorado, na sequência de uma perda de resposta técnica de saúde, pelas populações, com o encerramento de Sap's, whatever....

    Sendo certo, que é uma prática cultural, ainda enraizada nas regiões mais ruralizadas. Mas que agora, se poderá ver reforçada, por esta medida de uma "mente brilhante".

    en passant ...

    nas zonas mais urbanas, assiste-se à expansão de "negócios" em centros comerciais de ioga, reiki e outras terapias, massagens, etc..., para combater o stress...

    Alêm de tarólogas, que eu não sei se também são "taradas" e que nos dizem o que vai aontecer na nossa vida ....:-))))

    agora ironizei ...

    ResponderEliminar
  14. Estava aqui a pensar com os meus pézinhos, aliás, com os meus botões, se os motivos de fundo que levam o Sr. Ministro a decretar o encerramento dos SAP, que ele justifica, serem de economia, para reduzir despesas, não terão a ver com um problema de semântica, ou... de dislexia ?!
    Será que o Sr. Ministro lê SPA, em lugar de SAP e está convencido que aqueles utentes estão de perfeita saúde e vão para ali com a intenção de passar um bom bocado?

    ResponderEliminar
  15. Embora não haja dúvidas sobre a prepotência do sr. ministro e sobre a sua proverbial incapacidade para explicar seja o que for, há uma coisa em que ele tem razão: é demagógico e perigoso confundir um SAP com um serviço de urgência.
    Por motivos profissionais tive oportunidade de visitar muitos centros de saúde, nomeadamente nos distritos da Guarda e Aveiro, onde o equipamento era um esfigmomanómetro, um estetoscópio e um "diagnostic set". É este o equipamento dos SAP.
    Como é que um médico, cuja competência, dedicação e boa vontade não estão em dúvida, pode avaliar a situação de real gravidade de um doente com tão parcos meios? "Milagres" já eles fazem todos so dias...
    Quanto às distâncias, como os senhores do estudo são de Lisboa, julgam que 30 km na A1 são iguais a 30 km nas estradas da Pampilhosa da Serra ou de Vila Pouca com neve, nevoeiro e gelo. Sacrossanta ignorância!

    ResponderEliminar
  16. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  17. Caro Pinho Cardão,

    Maluco não estará com certeza, mas mal informado sobre a questão dos lobos, sem dúvida.

    Agora tenho de ir lavar a loiça e acabar de arrumar a cozinha mas espero esclarecer essa história num outro comentário ainda hoje.

    Acha mesmo possível gastar-se 100 milhões de euros numa passagem por cima de uma auto-estrada, ainda por cim sem a necessidade de aguentar as cargas habituais do trânsito normal de um viaduto?

    Que diabo, quando alguma coisa é absurda é melhor primeiro buscar mais informação entes de ter opinião.

    henrique pereira dos santos

    ResponderEliminar
  18. Para quem se interessar sobre a questão dos lobos e para não encher aqui a caixa dos comentários aconselho um salto ao blog onde escrevo irregularmente:
    http://ambio.blogspot.com/
    henrique pereira dos santos

    ResponderEliminar
  19. Caro Henrique Pereira dos Santos, calculo que me vá chamar cretino e não o sensuro se o fizer, mas, a minha curiosidade pode mais que eu e, por isso, vou ter de lhe colocar esta questão:
    O amigo demorou 172 minutos a lavar a loiça e arrumar a cozinha?
    Que grande banquete, bom, basta que seja cretino, não desejo ser inconveniente, porém, ofereço-lhe a minha ajuda para a próxima lavagem de roupa... perdão, de loiça. Vai ser a grande oportunidade para estriar o avental novo que o pai natal me ofereceu, coisa linda, salpicado de mal-me-queres amalelos, soble um fundo losa e com fólhinhos lendados.

    ResponderEliminar
  20. ahahahaha ... touché !!! Caro Bartolomeu !!!!


    Caro Henrique, habitue-se (caso não conheça) à ironia que emerge dos textos de Bartolomeu.
    Verdadeiramente ... "A não perder", ... como diz o Jornalista Mário Crespo.

    ResponderEliminar
  21. Ah o jornalista Carlos Crespo, bem lembrado amiga Pézinhos. Admiro esse Senhor, como homem, apesar de não o conhecer pessoalmente, faço esse juízo através da imagem que transmite e, pelo jornalismo que apresenta, ah e tambem porque sou be ha pouco tempo que é o proprietário de um pequeno veleiro que já foi meu por empréstimo, durante 10 anos, o "Take Five" que tão gratas memórias me traz.
    Mas, voltando ao nosso caro amigo Henrique, obriga-me o espírito bloguista que deixe aqui feita justiça, naquilo que respeita ao seu blog. Gostei de o visitar e, pela arrumação e o trabalho posto na evidente composição dos textos, resta-me somente expressar-lhe os meus parabéns.

    ResponderEliminar
  22. Para o caso de se preocuparem mais com dinheiros públicos que com aventais privados aqui vai a transcrição de uma mensagem (não minha) numa lista de discussão que tem alguma informação útil (embora não a questão essencial que é a discussão sobre as razões que levam os decisores a menosprezar as políticas de conservação no momento em que formatam outras políticas, como foi o caso da adjudicação das concessões antes dos estudos ambientais feitos).

    "Tendo em conta que existe alguma confusão na lista sobre A24, Lobos, Ecodutos Viadutos, 100 milhões, e afins, vamos tentar esclarecer algumas coisas:

    Sim o traçado inicial da A24, foi chumbado havendo necessidade em fazer um novo projecto visto que o projecto inicial, era um projecto em fase de excussão, não tendo por isso alternativas.

    O traçado do projecto inicial da A24 foi chumbado, por um conjunto de valores presentes (biológicos, património arqueológico, paisagisticos entre outros), entre os quais devido á presença de uma área vital para uma alcateia de lobos (Canis lupus signatus), espécies em perigo e classificada pela Comunidade Europeia como espécie prioritária a proteger.

    A alteração do traçado da A24, teve um custo adicional de 100 milhões? Isto não sei, apenas posso afirmar que com certeza não foi por causa do Ecoduto construído “para os lobos”, para quem nuca o viu, este tipo de passagem é exactamente igual a uma passagem superior agrícola (PAS), apenas sendo algo mais larga (as PAS têm normalmente 4-5 metros de largura e este ecoduto tem 15). Que me digam que o viaduto construído para atravessar o vale de Vila Pouca de Aguiar acresceu ao custo total previsto para a construção inicial da A24, acredito que sim.

    Que o viaduto era desnecessário ser construído? Não, o atravessamento do Vale de Vila Pouca de Aguiar era sempre necessário ser atravessado por uma estrutura do género, senão vejamos. Imaginemos que o viaduto de Vila Pouca de Aguiar não era construído no âmbito da A24, como é que a o IC5 (continuação da A7), em direcção a Este (Nó do Alto do Pópulo) iria atravessar o Vale de Vila Pouca de Aguiar?

    Alguém sabe quanto foi o financiamento da UE para a A24? Financiamento este, que não era feito caso se mantivesse o traçado inicial, visto que estava em causa valores protegidos pela mesma UE.

    Se este projecto tivesse sido feito em estudo prévio, talvez não estaríamos a discutir esta coisa neste momento."

    henrique pereira dos santos

    ResponderEliminar
  23. Não é Carlos, é Mário.
    Mário Crespo, Caro Bartolomeu.



    Caro Henrique, com o devido respeito por si, e pela preocupação com o ambiente, bem patente no seu Blog, o qual gostei muito de visitar.

    A Verdade acima de tudo.

    Também partilho da sua postura.

    O problema é que a Verdade, às vezes, está tão "escondida" (ou disfarçada, como queira), que é difícil, percepcioná-la.


    Quanto a dinheiros públicos e aventais, a conversa poderia levar-nos longe.... ó se podia.
    Mas hoje não estou virada para o tema dos "pedreiros-livres".

    Tenha uma Boa Noite.

    ResponderEliminar
  24. Amigo Henrique, tirar-lhe-ia o meu chapéu com todo o gosto, pela excelente defesa que faz da sua "dama", não fosse o caso de (em meu entender) o post colocado pelo Dr. Pinho Cardão visar objectivamente a questão do encerramento da Unidade de Urgência de Vila Pouca e, a questão do viaduto e do preço que custou, surgir em contraste com a verba dispendida seja de 100 milhões ou não, para criar uma passagem aérea para os lobos.
    "Enquanto isto, o Governo, e aí não sei se foi o actual, esbanjou entre 100 e 150 milhões de euros para construir um viaduto exclusivamente destinado a lobos e proceder a alterações no traçado da auto-estrada de Vila Real para Chaves, precisamente nas imediações de Vila Pouca de Aguiar."
    Estamos portanto e volto a frisar, a ponderar questões diferentes.
    Não lhe parece caro Henrique, que podemos perfeitamente ser defensores de espécies animais em vias de extinção e inclusivamente, proporcionar condições ideais para que as espécies se reproduzam e, ao mesmo tempo defender o direito à saúde à assistência médica excelente e canalizar fundos preciosos para melhorar as condiões de vida dos humanos?
    A mim parece-me que sim!
    Relativamente à questão que expressa no último parágrafo, estou totalmente de acordo com a sua opinião. Temos a recente polémica com a rede de transporte de energia eléctrica que a REN está a construir pelo país. Neste momento a REN ameaça os consumidores com um aumento do preço da energia eléctrica, que pode chegar aos 40%, se fôr obrigada a enterrar os cabos.
    Ora, se tivesse havido um estudo prévio que apurasse os malefícios que a "radiação" da alta tensão provoca aquem lhe fica exposto, certamente que o traçado da rede teria evitado as zonas residenciais. Mas não! Colocaram os postes, começaram a aparecer os casos de pessoas afectadas e, deu-se início ao braço-de-ferro entre REN e populações. Nesta altura do campeonato a REN arroga-se o direito de ameaçar: queres saúde? ou seja... não queres que a REN te façaadoecer? então pagas e não bufas!!!
    Toma português, qu'é pa tabáco!

    ResponderEliminar
  25. Tem razão amiga Pézinhos, sou um completo... ah lembrei-me agora que a minha avó materna, senhora da Serra da Estrela, de uma aldeia próximo de Seia, para onde em criança ia passar uma parte das férias grandes esolares. Diziam os médicos à minha mãe que eu deveria passar metade do tempo a fazer férias na praia e a outra metade no campo e, assim era! Pois nesse tempo e quando estava em casa da minha avó, não parava um segundo, tudo naquela aldeia me fascinava, desde o modo de falar e os termos que empregavam, muitos deles diferentes daqueles a que estavahabituado, até aos múltiplos trabalhos do campo e da lavoura. Depois, era um descarado de primeira apanha, entrava em casa de todas as pessoas, nos currais dos animais, saltava para cima das carroças, acompanhava-os às propriedades, corria atrás das galinhas, das ovelhas, levei uma valente marrada de um carneiro que me deixou sem fôlego e levei outra de uma vaca a quem estava a roubar as canas de milho que ela estáva a comer. A vaca até foi simpática, pois pegou-me de lado com os largos cornos e atirou comigo pelo ar, assim como quem sacode uma mosca incomodativa, tive sorte porque aterrei no sítio onde tinham arrancado batatas e a terra ainda estava fôfa.
    Quando chegava a casa para almoçar, trazia sempre uma quantidade de histórias para contar, só que, eram histórias vistas e entendidas pelos olhos de uma criança com referências citadinas, logo, fantásticas para o entendimento de quem viva no campo.
    Quando eu desfiava as minhas histórias e as minhas descobertas e observações, esta minha avó com um ar meio desconfiado rematava sempre:és um pantomineiro! acho que ela queria dizer troca-tintas, ou então, se os meus relatos pendiam mais para algo de extraordináriamente diferente que tivesse visto em casa de alguem, a minha avó atalhava de imediato: ó colhereiro da Benfeita, o que está em casa das outras pessoas, não passa para a nossa. Hoje compreendo o significado do que ela me dizia, naquele tempo era o deslumbre pelas coisas diferentes.
    Colhereiro da Benfeita, era um homem que andava pelas aldeias com um burro carregado com colheres de pau e outros utensílios do género vendendo a quem precisasse e contando as novidades de outros lugares... não havia televisão e na aldeia só 2 pessoas possuíam rádio, chamava-se galena e era ouvido com auscultadores. Quando sucedia algo de extraordinário, o ouvidor da galena vinha ao largo da aldeia contar as novidades.
    Pois é, Mario Crespo.
    Bartolomeu pantomineiro!

    ResponderEliminar
  26. Delicioso !
    Simplesmente, delicioso.
    O que escreveu, Caro Bartolomeu.
    Que viva muitos anos para escrever para nós.
    Boa Noite.

    ResponderEliminar
  27. A dicotomia dinheiro gasto em saúde e dinheiro gasto em conservação é a essência da política: como afectar os recursos públicos às diferentes políticas públicas.

    Simplesmente o problema está mal posto porque o dinheiro não foi gasto na conservação do lobo, foi gasto para fazer uma estrada.

    Aconselho novo salto ao blog onde coloquei um novo post que cita longamente o tribunal de contas para explicar que isto não tem nada a ver com os lobos e a política de conservação mas com as estradas e a forma como se tomaram decisões.

    Portanto se quiserem discutir a dicotomia associada às notícias, por favor ponham de um lado a saúde e do outro as estradas e deixem os lobos em paz.

    henrique pereira dos santos

    ResponderEliminar
  28. Anónimo22:53

    Continuo na minha. O erro é de percepção. Para aqui, mais uma vez, remeto: http://quartarepublica.blogspot.com/2006/05/nota-breve-sobre-transversalidade-das.html

    Acrescento que Henrique Pereira dos Santos tem razão quando chama a atenção para o equívoco, que pelos vistos passou despercebido a muitos, dos tais 100 milhões pela passagem dos lobos.

    ResponderEliminar
  29. Caro Ferreira de Almeida,
    Na essência estou de acordo consigo como poderá ver pelo post que ainda agora coloquei no blog onde escrevo.
    Nas palavras não tanto: eu não chamo a isso percepção. Não quero ser rude e por isso diria apenas que é falta de reflexão sobre os pontos de vista de terceiros. Mesmo que estejam errados seria bom que as pessoas se interrogassem um bocadinho de onde vem esse tal poder que acham excessivo do lado ambiental.
    E por que razão pessoas como Michael Porter se preocupam em tentar demonstrar que a regulamentação ambiental é, em certas condições, um factor de inovação e competitividade.
    henrique pereira dos santos

    ResponderEliminar