terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Oprah Winfrey: reviravolta nas primárias do Partido Democrático?

A recente participação de Oprah Winfrey, conhecidíssima apresentadora de TV americana, em acções de campanha, ao lado de Barak Obama, pré-candidato democrata às eleições presidenciais do próximo ano, pode vir a ter consequências surpreendentes e alterar por completo o cenário pré-eleitoral.
Com efeito, o grande favorito à candidatura pelo Partido Democrático (PD), até esta altura, tem sido Hillary Clinton, Senadora pelo estado de Nova York, a qual, nas sondagens a nível nacional, mantém uma apreciável vantagem sobre os seus mais directos concorrentes, Obama e John Edwards.
No entanto, é da tradição das primárias americanas, tanto nos Democratas como nos Republicanos, que a tendência das sondagens pode alterar-se significativamente a seguir à votação/nomeação no primeiro Estado.
Essa primeira votação está agendada para o dia 3 de Janeiro, no Iowa, Estado do centro oeste americano, com cerca de 3 milhões de habitantes (e 1,6 vezes a área de Portugal), de maioria esmagadoramente branca (mais de 90%).
Pois curiosamente é precisamente neste Estado que pode estar para acontecer história, pois as sondagens, até há pouco tempo favoráveis a Hillary Clinton, acabam de se inverter e a vantagem parece estar agora do lado de Obama.
Se Obama ganhar a nomeação no Iowa, tudo pode de repente mudar, a nível nacional, esfumando-se a vantagem de Hillary e ficando em aberto a possibilidade de Obama vir a ser o candidato dos Democratas, com elevadíssima probabilidade de vir a ser eleito Presidente dos USA em Novembro do próximo ano.
É muito grande o desgaste dos Republicanos e podem jogar ainda a favor de Obama o seu enorme “carisma” e a sua juventude – pese embora alguma falta de experiência, nomeadamente em assuntos internacionais.
Se Obama ganhar no Iowa, isso poderá ficar a dever-se ao apoio de Oprah Winfrey, que desfruta de uma enorme e consistente popularidade nos USA, muito em especial junto do eleitorado feminino – em maioria, ao que parece, nesta votação primária do Iowa.
E se Obama passar para a frente e vier a ganhar “tudo”, será também motivo para felicitarmos António Sampaio e Mello, distintíssimo economista português que vive e trabalha nos USA, com quem tive o gosto de trabalhar no B.P. há alguns anos e que faz parte do restrito corpo de conselheiros económicos de Obama.
Como amigo sincero de Sampaio e Mello, fico torcendo por Obama, agora e em Novembro do próximo ano...se ele chegar até lá!

13 comentários:

  1. Caro Dr Tavares Moreira:
    É bem verdade que as primeiras primárias tem um valor simbólico fortissimo,porque indicam uma tendência,embora em termos de eleição de delegados não tenham a importância dos grandes estados como a Califórnia ou o Texas entre outros.
    Mas se calhar o mais significativo destas primárias democratas é o facto de os principais favoritos serem um negro e uma mulher.
    Isso sim significa uma tremenda evolução,quase revolução,de mentalidades.
    Pessoalmente acredito,não com uma fé idêntica á que o amigo Pinho Cardão tem no FCP,que Hillary Clinton vai ser a vencedora desta longa corrida que são as primárias.
    E em total sintonia com a sua opinião também acredito que o proximo presidente americano tem grandes probabilidades de ser um democrata.
    Um assunto que vai atravessar todo o ano de 2008.

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  2. Caro Tavares Moreira,

    Há quase um ano, no dia 14 de Dezembro, transcrevi um artigo publicado no Washington Post que incitava Obama a candidatar-se. Intitulei o meu "post" Hillary&Obama e comentei-o a seguir com outro "post" que titulei
    "Á prova de voto".

    Se a sua paciência for tanta aqui lhe deixo o endereço:

    http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=18102064&postID=116612745191306019

    Passado um ano, a questão permanece: A conjuntura parece favorecer os Democratas e as sondagens Hillary. Mas Yowa pode ser o começo de uma reviravolta.

    Acontece que o sistema de votação no Iowa é muito sui generis. Não sei se está identificado com o processo. Se estiver, não leia o período a seguir.

    O "caucus" no Iowa processa-se através de uma votação aberta que começa com os votantes à volta dos candidatos ou dos seus representantes tentando captar para os seus grupos o maior número de votantes; Quando, a partir de certo momento, é perceptível pelos componentes de um grupo que ele não pode sair vitorioso, os eleitores deslocam-se para os grupos ainda em disputa.No fim do dia restarão dois e ganha o que tiver angariado maior número de aderentes eleitores.

    Hillary Clinton está a dirigir agora os seus esforços no sentido de mobilizar o eleitorado feminino, onde segundo as sondagens estará em situação ligeiramente desfavorável relativamente a Obama.Se conseguirá ou não, veremos.

    Há um aspecto, contudo, que sobremaneira favorece Obama neste momento: A sua promessa de retirar do Iraque e Afeganistão. Não é o único mas o outro candidato com promessa idêntica (o libertário Ron Paul) não tem hipóteses apesar de estar a subir nas sondagens e na angariação de fundos.

    Há, no entanto, uma aposta que ma arrisco a fazer (porque não pago impostos por isso, evidentemente): Mesmo que seja Obama o próximo presidente dos EUA as tropas norte-americanas não retirarão daquela zona do mundo nos próximos dez anos. E, se retirarem, retiram para os porta-aviões ao largo.

    O petróleo continuará a dominar a estratégia norte-americana no mundo ainda durante muito tempo.

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  3. Obama conta, sem dúvida, com uma apoiante de peso na opinião publica americana. É preciso ter em conta que os americanos acham muita piada a este toque de Hollywood. Reagan e Scharwznegger são exemplos disso mesmo. Se calhar num futuro, veremos o segundo na capa do New York Times, com a manchete " US President goes to war". Confesso que seria giro!

    Eu pessoalmente não acho muita piada a Obama. É um bom político, mas usa como arma política a questão racial. Ségolene usou também uma arma social ( o facto de ser presidente mulher), mas não se saiu lá muito bem. Não estou aqui a discriminar nada muito menos ninguém, no entanto um cargo de tal responsabilidade deve ser assente em parâmetros de competência e trabalho realizado ao invés de populismo. Nesse aspecto, o meu candidato preferido é Ruddy Giulianni. A minha segunda opção será Hillary. É uma mulher inteligente e para além disso tem o conjugue como excelente muleta.

    Aguardo com esperança que os Americanos não sigam cegamente os conselhos da Júlia Pinheiro Americana....

    Saudações Republicanas

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  4. Pois eu confesso que tenho seguido, com algum interesse, algumas entrevistas com o senador Barack Obama e digo-vos que se fosse americano votava nele (mesmo sem ser necessário o apoio da Oprah Winfrey).

    Mesmo considerando que a Hillary Clinton é uma mulher inteligente, não votaria nela pela simples razão de que já esteve muito próxima do poder. É claro que há quem defenda que a isto chama-se "experiência", não discordo totalmente mas há vícios que uma vez adquiridos dificilmente desaparecem e às vezes é preferível ter um bom staff e uma boa dose de bom senso do que "experiência".

    Relativamente ao Rudy Giulianni, tanto quanto me apercebi fez um bom trabalho em Nova Iorque. Pessoalmente, também acho que daria um bom Presidente dos EUA (muito diferente dos Democratas) mas, não sei se os americanos já não estarão cansados dos Republicanos.

    Relativamente a algumas questões da Política Externa Americana, estou de acordo com o Rui Fonseca. Eles não vão retirar assim tão depressa e se retirarem, acampam no USS Nimitz que fica estacionado ali ao pé e isto, seja qual for o Presidente eleito.

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  5. Caro Luís Cirilo,

    Registo sua contribuição para o debate deste tema que nos próximos meses irá por certo animar a opinião pública - até a portuguesa, já desligada de cimeiras plastificadas - mas espero bem que meu Amigo se engane no seu prognóstico e que Obama consiga levar a melhor sobre Hillary.
    Já chega de Clinton, já chega de Bush, é bem precisa uma cara nova...

    Caro Rui Fonseca,

    Agradeço sua esclarecedora análise do fenómeno das primárias, em especial no caso do Iowa, onde muito se pode jogar na nomeação do candidato dos Democratas.
    Quanto à sua previsão no capítulo da política externa americana, estamos certamente de acordo.
    Até porque,como certamente bem sabe, se tem registado uma mudança significativa na situação militar no Iraque - por muito que isso custe a acreditar a analistas de "trazer por casa" que primam pelas ideias fixas...

    Caro André,

    Não duvido que Giuliani é um forte candidato, tem um grande currículo com o trabalho que realizou em New York, aparecendo bem cotado nas sondagens...entre ele e H. Clinton, prefiro certamente Giuliani.
    Mas julgo que Obama seria o melhor Presidente para os USA em 2008.
    E não é apenas por causa do António Sampaio e Mello, parece-me que os USA teriam muito a ganhar se se libertassem destas dinastias dos Clinton e Bush...
    Portanto,se não puder ser Obama, que seja Giuliani, já que meu Amigo também ficaria feliz.

    Caro Anthrax,

    Estamos bastante de acordo, como habitualmente...seremos almas gémeas? Ando desconfiado...

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  6. Aos caríssimos amadores da eleição americana deixo uma pergunta (antes de me ir deitar ;) ). Qual será a importância do voto hispânico nesta eleição?

    Em particular, pareceu-me que a vitória do Bush se deveu ao eleitorado hispânico e ao seu conservadorismo.

    Por outro lado, vem-me à memória, uma visita enquanto estudante a Boston. Quando me dirigia para o youth hostel vindo do supermercado, assisti a uma discussão entre um grupo de hispânicos e um negros. Foi uma imagem de uma desconcertante ironia, parecia criada por algum demiurgo ou saída de um livro. A vida tem destas coisas... Eram ambos miseráveis Lembro-me do hispânico aos berros de "Nigger!" para o negro e de este o olhar com aquele tempo africano.

    A seguir com atenção...

    Cumprimentos,
    Paulo

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  7. Caro Dr. TM, pois registo com muito agrado as suas palavras amigas, principalmente, numa altura em que há quem já não me possa ver à frente (o que eu também não condeno totalmente dada a minha capacidade de exercer, afincadamente, o direito à liberdade de "expressões", como por exemplo: «O que eu gostava mesmo era de a ver [à criatura que nos dirige]entre um camião e uma parede» e como esta há outras igualmente engraçadas que não faço qualquer questão de esconder e nem o espírito natalício me demove desta ideia).

    Portanto, as palavras amigas são sempre bem-vindas.

    Caro Paulo,

    Essa ceninha aí dos "amadores" das eleições norte-americanas está escrito em que sentido? No sentido daquele que "gosta", ou no sentido do "não profissional"?... Bom, também pode ser as duas coisas, no sentido "daquele que exerce um ofício por gosto e não por paga". Seja como for, fiquei apenas curioso quanto à utilização da expressão só isso.

    Relativamente ao voto dos hispânicos, é um aspecto que tem muita força em termos de eleições e que, certamente, estará a ser tratado por todas as candidaturas mas, não faço a menor ideia de qual é a tendência actual do voto desse eleitorado (embora tenha as minhas suspeitas).

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  8. Caros Antharx e Paulo,

    Pois eu aceito sem reservas ou resentimentos o qualificativo amador que Paulo nos atribui, qq que seja o sentido cm que foi usado:
    - Considero-me mesmo um amador em matéria de eleições americanas, em especial das primárias, tenho muito a aprender com o Rui Fonseca;
    - Sigo essas eleições com o maior interesse - sou tb por este lado um amador desse tema.

    Quanto aos Hispanicos, embora a Snra Clinton ainda seja a preferida, julgo que Obama não terá dificuldade, nesse campo, em dar a volta ao texto.

    Esteja por isso à vontade, Paulo. E creio que Anthrax tb aceita, a final...

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  9. Ó Demónios!

    Pois é que é mesmo verdade! :)

    Não tenho qualquer problema com o qualificativo (até porque é verdade). Mas, não resisto à oportunidade de me meter com os outros :)

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  10. Caríssimos,

    Para memória futura, aqui fica um pedido de desculpas para uso de qualquer dos autores acima que se tenha sentido ofendido ;)

    Quando usei o termo amador foi na segunda asserção do caro TM. Por outro lado os blogues não permitem muito "profissionalismo". Mesmo quando um distinto economista nos explica certos detalhes, fá-lo com a simplicidade necessária para ignorante (como eu) aprender...

    Mas meus caros, não concordam que estas cavaqueiras, de um certo diletantismo bem informado, são uma delícia e um exercício de cidadania bem no espírito do 4R?

    Cumprimentos,
    Paulo

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  11. Optimo, caro Paulo, que se sinta bem neste planeta do debate cívico-político, aberto e plural que é o 4R!
    Apareça mais vezes, é sempre bem vindo!

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  12. Meu caro Paulo,

    "(...) um certo diletantismo bem informado, são uma delícia e um exercício de cidadania(...)".

    Adorei! É isso mesmo :)

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  13. Anthrax, eu preferiria, se não se importa, um diletantismo bem informado e certo...De acordo?

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