Portugal tem vindo a registar uma descida preocupante da natalidade. Quando o Instituto Nacional de Estatística o ano passado divulgou o número de crianças nascidas em 2006 – ano que registou o número mais baixo de sempre, 105.449 nascimentos – logo tocaram de novo, como se fosse uma novidade, uma série de campainhas alertando para a gravidade da situação.
Num artigo ontem publicado no Público, são citados os primeiros dados relativos à natalidade de 2007, obtidos através do número de “testes do pezinho” que é um indicador, segundo a Comissão Nacional do Diagnóstico Precoce, bastante fiável das oscilações da natalidade.
Tendo em conta o número de amostras de sangue recolhido no calcanhar dos bebés nos primeiros anos de vida e a manter-se a mesma taxa de cobertura do rastreio verificada em 2006, terão ocorrido em 2007 menos de 103.000 nados – vivos. Este número constitui um novo mínimo histórico e vem reforçar um movimento consistente de descida da taxa de natalidade.
Num artigo ontem publicado no Público, são citados os primeiros dados relativos à natalidade de 2007, obtidos através do número de “testes do pezinho” que é um indicador, segundo a Comissão Nacional do Diagnóstico Precoce, bastante fiável das oscilações da natalidade.
Tendo em conta o número de amostras de sangue recolhido no calcanhar dos bebés nos primeiros anos de vida e a manter-se a mesma taxa de cobertura do rastreio verificada em 2006, terão ocorrido em 2007 menos de 103.000 nados – vivos. Este número constitui um novo mínimo histórico e vem reforçar um movimento consistente de descida da taxa de natalidade.
A crise da natalidade veio com o desenvolvimento económico, induzida por alterações importantes no funcionamento das economias e na organização das sociedades e pela mudança de papéis na família e de comportamentos e de valores que marcam a vida das novas gerações. Se acrescentarmos a esta realidade as dificuldades económicas que estamos a atravessar em Portugal, compreendemos que as pessoas “cortem” em ter filhos.
Às dificuldades económicas conjunturais, que teimam em se fixar, junta-se a falta de expectativas positivas quanto à evolução da economia e o medo de que a situação se possa agravar. Poderemos adicionar a este quadro desanimador a ausência de políticas de natalidade duradouras.
Esta é uma daquelas áreas que necessita, do meu ponto de vista, em primeiro lugar, de uma discussão muito séria envolvendo toda a sociedade. Não se trata de mais uma “reforma”, daquelas que se discutem à porta fechada da concertação social como se o assunto fosse exclusivo de um governo e dos parceiros sociais. É um assunto que interessa a todos! Em segundo lugar, seria necessário fazer uma avaliação económica e social dos resultados que nos esperam no médio e longo prazos no pressuposto de que o movimento da taxa de natalidade mantém uma trajectória descendente. Em terceiro lugar, seria igualmente necessário estudar metas de chegada e medidas a concretizar e a manter num alargado horizonte geracional e estudar os impactos desejáveis e possíveis na travagem ou inversão da descida.
Às dificuldades económicas conjunturais, que teimam em se fixar, junta-se a falta de expectativas positivas quanto à evolução da economia e o medo de que a situação se possa agravar. Poderemos adicionar a este quadro desanimador a ausência de políticas de natalidade duradouras.
Esta é uma daquelas áreas que necessita, do meu ponto de vista, em primeiro lugar, de uma discussão muito séria envolvendo toda a sociedade. Não se trata de mais uma “reforma”, daquelas que se discutem à porta fechada da concertação social como se o assunto fosse exclusivo de um governo e dos parceiros sociais. É um assunto que interessa a todos! Em segundo lugar, seria necessário fazer uma avaliação económica e social dos resultados que nos esperam no médio e longo prazos no pressuposto de que o movimento da taxa de natalidade mantém uma trajectória descendente. Em terceiro lugar, seria igualmente necessário estudar metas de chegada e medidas a concretizar e a manter num alargado horizonte geracional e estudar os impactos desejáveis e possíveis na travagem ou inversão da descida.
O quadro acima descrito deveria constituir uma alerta para reflectirmos e agirmos sobre a natalidade. Dirão alguns que não vale a pena porque é o preço do desenvolvimento ou que não há nada a fazer porque mudaram as mentalidades, dirão outros que se ficarmos de braços cruzados então é que nada acontece e outros ainda há que lembram as medidas tomadas por alguns governos europeus e os resultados obtidos.
As medidas que foram tomadas pelo nosso Governo em 2007 são positivas mas inserem-se, a meu ver, numa abordagem social e não constituem um incentivo à natalidade como foram rotuladas, nem tão pouco uma "reforma". A introdução de uma prestação social para grávidas a partir dos seis meses e o aumento do “abono de família” a partir do segundo filho durante o 2º e o 3º anos de vida das crianças, em função do rendimento das famílias, são medidas de apoio social. As crianças vivem para lá dos 2º e 3º anos de vida. E depois? A vida continua. Não está provado que a natalidade aumente porque há um acréscimo de apoios sociais nos primeiros anos de vida dos filhos!
Uma política de natalidade terá que estar, a meu ver, muito virada para questões que se prendem com a repartição do tempo entre a família e o trabalho, com o acesso facilitado aos infantários e às escolas e aos cuidados de saúde (custos, localização, horários, fiscalidade, etc.) e com o acesso a novas formas de trabalho (organização, flexibilização de horários, etc.).
Uma política de natalidade terá também que estar necessariamente alinhada com muitas outras políticas, de que destaco pela sua actualidade e preocupação, as políticas de desenvolvimento regional.
Todos os anos as campainhas tocam e logo toda a gente manifesta todos os anos muita preocupação! Mas só isto não chega. Valeria a pena tentar fazer mais, discutir este assunto de forma séria, aberta e alargada. Se nada fizermos nunca saberemos o que poderia ter acontecido de diferente se tivéssemos feito alguma coisa!
As medidas que foram tomadas pelo nosso Governo em 2007 são positivas mas inserem-se, a meu ver, numa abordagem social e não constituem um incentivo à natalidade como foram rotuladas, nem tão pouco uma "reforma". A introdução de uma prestação social para grávidas a partir dos seis meses e o aumento do “abono de família” a partir do segundo filho durante o 2º e o 3º anos de vida das crianças, em função do rendimento das famílias, são medidas de apoio social. As crianças vivem para lá dos 2º e 3º anos de vida. E depois? A vida continua. Não está provado que a natalidade aumente porque há um acréscimo de apoios sociais nos primeiros anos de vida dos filhos!
Uma política de natalidade terá que estar, a meu ver, muito virada para questões que se prendem com a repartição do tempo entre a família e o trabalho, com o acesso facilitado aos infantários e às escolas e aos cuidados de saúde (custos, localização, horários, fiscalidade, etc.) e com o acesso a novas formas de trabalho (organização, flexibilização de horários, etc.).
Uma política de natalidade terá também que estar necessariamente alinhada com muitas outras políticas, de que destaco pela sua actualidade e preocupação, as políticas de desenvolvimento regional.
Todos os anos as campainhas tocam e logo toda a gente manifesta todos os anos muita preocupação! Mas só isto não chega. Valeria a pena tentar fazer mais, discutir este assunto de forma séria, aberta e alargada. Se nada fizermos nunca saberemos o que poderia ter acontecido de diferente se tivéssemos feito alguma coisa!
A região de Lisboa está a ficar muito fértil.O primeiro bébé de 2008 foi um lindo mulatinho.Não se preocupe que o pessoal em áfrica já sabe todo que basta vir cá ter a criança para ter tudo resolvido.Preocupe-se é em trabalhar muito para haver dinheiro para os impostos... pois que é e vai ser necessário fazer muito pela coesão social,animação cultural, novas oportunidades senão os chineses ainda nos ultrapassam...
ResponderEliminarCara Margarida, provávelmente o meu comentário vai leva-la a pensar que comemoro hoje o dia particular da palermice. No entanto devo assinalar em primeiro lugar, que prestei a máxima atenção ao que expõe e às considerações que apresenta em mais este excelente post. Diz a Maragarida que: Uma política de natalidade terá que estar, a meu ver, muito virada para questões que se prendem com a repartição do tempo entre a família e o trabalho, com o acesso facilitado aos infantários e às escolas e aos cuidados de saúde (custos, localização, horários, fiscalidade, etc.) e com o acesso a novas formas de trabalho (organização, flexibilização de horários, etc.).
ResponderEliminarUma política de natalidade terá também que estar necessariamente alinhada com muitas outras políticas, de que destaco pela sua actualidade e preocupação, as políticas de desenvolvimento regional.
Isto, depois de ter referido a necessidade de uma política governamental de apoio à natalidade, adequada.
Ora bem, quanto a este ponto e à sua "responsabilização" pelo não aumento do índice de natalidade, estou em desacordo. E estou em desacordo por uma única e simples razão: As maiores taxas de natalidade, relativamente ao número de habitanes, portanto, anteriormente aos fluxos de imigrantes dos países africanos, sobretudo, ocorreram antes de terem sido criados os subsídios de natalidade, assim como do abono de família, inclusivamente, quando a população portuguesa auferia de menos rendimentos e menos apoios sociais, tais como as reformas e os subsídios de subsistência. Em suma, quando a sociedade em geral era mais pobre e menos evoluída.
Transcrevi o parágrafo que escreveu, porque a meu ver, o mesmo encerra o fino sumo de toda a questão. E esse, a que eu chamo fino sumo, tem a ver com aquilo que a Margarida expressou e com algo que sem estar escrito, ressuma de uma consequência adjacente aos conceitos de tempo e família. Eram estes dois componentes que condicionavam positivamente as condições que geravam o aumento da natalidade. Eles eram influenciados e influenciávam um sem número de outras condições sociais e familiares, que por sua vez, geram a vontade. Sem pretender entrar em áreas mais extensas e que, apesar de interligadas, divergem um pouco desta a que se refere, considero que é essa vontade o "motor" para a real solução deste e de outros problemas que afectama nossa sociedade.
Afinal, se foi a vontade que fez elevar-se nos céus a passarola do padre Bartolomeu, é naturalíssimo que seja ela o ponto de apoio para que os casais se amem mais e melhor e que desse amor, sobretudo desse amor, nasçam os próximos donos do mundo.
Cara Dra. Margarida, um pouco sob a forma de "brainstorming":
ResponderEliminar- A baixa natalidade não é apenas um problema português é também (e sobretudo !) da Europa desenvolvida.
Por razões diferentes ? talvez em parte....
Agora só em relação a Portugal:
- Os jovens saiem cada vez mais, ... mais tarde da casa dos pais. Por várias razões (desemprego, difícil acesso à habitação, comodismo, etc.)
- As mulheres participam no mercado de trabalho de forma cada vez mais activa, e com funções complexas e de responsabilidade. Não há tempo para fraldas.
- A carestia de vida pressiona no sentido de não se ter filhos.
- Os apoios sociais não são ainda suficientemente apelativos, para ... ter mais filhos.
- Um certo "egoísmo", isto é, o querer viver a vida sem compromissos. Um filho é um compromisso muito sério e para toda a vida. (Eu penso assim, como mãe que sou.)
- O ter menos filhos para proporcionar melhor a cada um deles, do que tendo mais filhos.
enfim ... são algumas ideias.
Contudo, não sei, se o alargamento da CE aos novos países de leste, não virá a promover a natalidade "portuguesa", com crianças aloiradas e de pele branca. Já para não falar dos 1000 milhões de chineses, que parte deles, virão no sentido da Europa ocidental.
pronto ! é a minha opinião.
Tenha um excelente fim de semana.
Caro lusitânea
ResponderEliminarPreferia que o problema pudesse ser resolvido sem recurso à imigração. Mas será algo de inevitável.
Quanto ao trabalho não temos mesmo outra alternativa que não seja trabalharmos mais e melhor. É também inevitável que assim seja.
Caro Bartolomeu
A natalidade, para cima ou para baixo, não está em nenhuma circunstância nas mãos do Estado. A decisão de ter filhos ou de não os ter não se resolve com as leis.
A ausência de uma política de natalidade não pode ser responsabilizada pela baixa de natalidade. Quando falo em política de natalidade refiro-me a um conjunto de medidas que apoiem as pessoas no nascimento, desenvolvimento e educação dos seus filhos. Concordará Caro Bartolomeu que há factores adversos à decisão de ter filhos. Trata-se de uma decisão de grande responsabilidade. Temos que admitir que se estivéssemos mais bem organizados para tratar das crianças certamente que os casais que gostariam de ter mais filhos tomariam a decisão.
Deixo-lhe aqui um exemplo para pensarmos no que é a vida desgastante de um casal que vive na Amadora e que tem dois filhos, uma criança de dois anos e outro filho tem seis anos. É um casal relativamente jovem, classe média baixa, ambos com o 12º ano de escolaridade, estando o Pai a estudar em pós-laboral para melhorar as suas qualificações profissionais. A Mãe trabalha em Lisboa e começa a trabalhar às 8h e o Pai trabalha em Alverca em regime de turnos. A criança mais pequena está num jardim-de-infância em Alfragide e o outro filho está numa escola primária do Estado perto de Alfragide, sendo que ambos os estabelecimentos encerram às 17h. Vivem num pequeno apartamento sem apoio familiar próximo e não têm qualquer apoio doméstico. Não têm carro. Como não estão desempregados e ainda não são "pobres" não conseguiram que o filho mais novo ficasse numa creche da segurança social e não recebem qualquer subsídio para o efeito. A creche custa qualquer coisa como 200€ por mês, que os Avós ajudam a pagar com a sua já modesta pensão.
Caro Bartolomeu já pensou nos custos, no tempo dispendido diariamente e no desgaste de vida deste casal porque os filhos estão em estabelecimentos longe de casa, com horários que não se coadunam com as necessidades e com os horários de trabalho dos Pais, etc, etc. Será que no âmbito de uma política de natalidade não seria possível corrigir algumas destas coisas?
Estes Pais são, aos meus olhos, uns heróis! Ora são estes heróis que vão sendo cada vez mais raros!
Cara pézinhos n' areia
ResponderEliminarMuito obrigada pelo "brainstorming". Tudo o que diz está muito certo. Das suas "ideias" retirei estas duas:
"- A carestia de vida pressiona no sentido de não se ter filhos.
- Os apoios sociais não são ainda suficientemente apelativos, para ... ter mais filhos."
Com efeito, a carestia de vida e a falta de apoios sociais são factores que certamente influenciam a decisão de não ter filhos. Será que estes dois factores não podem sofrer alterações? Não será que estas alterações poderiam proporcionar um ambiente mais favorável à natalidade?
Bem sei que o tema é muito complexo. Creio que a discussão pública deste tema está longe de estar esgotada. Será que a melhor solução é irmos constatando ano a ano a fatalidade da baixa da natalidade?
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarEsqueci-me de lhe dizer que a inspiração e a profundidade com que nos presenteia com os seus comentários fazem a inveja de muitos palermas que por aí andam. Dia particular da palermice? Nem pensar!
Não compreendo esta preocupação com a natalidade. Há vida para além dos números.
ResponderEliminarCom tanta preocupação, um dia, ainda vão criar reservas ecológicas onde serão colocadas mulheres inseminadas prontas a parir.
Á de Moura Pina
Não haverá natalidade de jeito enquanto tivermos as mães na rua. Logo, o problema é de resolução simples: temos que meter as mães em casa. Para metermos as mães em casa precisamos de reduzir o tempo de trabalho necessário para a sobrevivência da família, o que significa subir a produtividade geral, o que significa baixar a despesa pública, o que significa reduzir os salários dos funcionários públicos. Isto, no fundo, vamos cair todos na mesma bronca económica de sempre.
ResponderEliminarAposto, no entanto, que o estado português vai tentar resolver a coisa com a subida da despesa numa porcaria qualquer sem sentido como um subsídio de 2,5 euros por filho ou algo parecido...
Cara Margarida,
ResponderEliminarSou, e digo-o com um orgulho imenso, pai de três filhos.
Do estado recebo pouco mais que os cuidados de saúde hospitalar, o que infelizmente tem sido necessário para um dos meus filhos.
O valor do abono deverá chegar para pagar o que gasto com o aquecimento do quarto deles, uma vez que é em muito inferior ao que pago à EDP.
Em suma, tivesse eu continuado a viver na área metropolitana de Lisboa e estaria hoje com uma ordem de despejo da minha casa, porque a minha ex-mulher perdeu de um ano para o outro a possibilidade de colocação como docente e as nossas depesas com habitação e infantários/ATLs ultrapassavam o valor do meu ordenado.
A solução foi o interior, onde as despesas desceram para 1/3 (o infantário custa 90 euros/mês e o ATL é suportado pela autarquia) mas onde o estado investe muito mal: Note que não reclamo mais dinheiro para o interior. São visiveis diversos exemplos de despesismo.
Em síntese, sinto que falta ao estado um programa para familias numerosas, que passasse entre outras medidas por reduções significativas a nivel de impostos para familias de médios rendimentos e em prioridade em concursos públicos nas regiões do interior, "habitat natural" daqueles que não podem pagar 300 euros por mês pelos cuidados/actividades de cada filho e gastar fortunas em combustiveis entre em deslocações labirinticas das grandes cidades.
Excelente post!
ResponderEliminarPodemos dizer que temos muita pena que não exista em Portugal uma politica de natalidade, e ainda mais como faz todo o sentido, integrada com uma politica de Desenvolvimento Regional.
Mas não foi desse sentimento que Portugal se valeu para contestar o investimento da Ota e por consequência o resultado foi outro: A deslitoralização da região de Lisboa.
Pretendo dizer com isto que somos nós, cidadãos, que teremos de nos organizar para exprimir-mos a nossa visão sobre o assunto e assim podermos ser uma mais valia na construção do projecto nacional.
Pergunto-me como pode a população crescer quando a sociedade portuguesa sofre de depressões colectivas: Despendemos a grande maioria dos nossos vencimentos entre a habitação, infantários e combustíveis; Levantamo-nos duas horas antes dos nossos compromissos profissionais e conseguimos muitas vezes chegar atrasados porque UM condutor (dos 500.000 que usa diariamente a 2ª Circular) adormeceu e embateu na viatura da frente; Somos durante todo o dia metralhados pela comunicação social sobre o que de pior acontece em Portugal.
Quem consegue, neste enquadramento, ganhar estimulo para trazer filhos ao mundo?
Tenho dito vezes sem conta que a população portuguesa vive entre o interior profundo e imobilizada sobre si. Isto é, ou vivemos nas áreas metropolitanas, em condições sub-humanas, ou num interior sem um projecto “potente” de desenvolvimento social.
Sabemos hoje que a qualidade de vida está no interior, onde todos podemos ambicionar uma casa térrea, uma vida económica e a ligação em banda larga à internet, que nos permite colaborar com as nossas organizações sem uma presença permanente nas suas sedes.
Por outro lado, derrotado que está o modelo de teletrabalho, porque o isolamento físico do trabalhador levava-o a reduzir a própria autoestima, para alem de estar em ambiente domestico em vez de um ambiente profissional, surgem agora como solução os centros de trabalho partilhado, designados por “telecentros”: Espaço internet para profissionais com salas de reunião e alguns gabinetes individuais.
Pensei aliás que os Tribunais Municipais a desactivar seriam excelentes infraestruturas para este projecto.
Dito isto, de que estamos à espera?
☺
PS: Abraza la Tierra, excelente projecto espanhol de dinamização do território do interior.
Aparentemente, o link que deixei não está a funcionar.
ResponderEliminarFica aqui novamente o acesso à página Abraza la Tierra
Cara Margarida, agradeço as suas simpaticas palavras, a forma elogiosa como a Margarida lê e corresponde aos comentários, é sem dúvida um incentivo para que os comentadores do 4R não se percam o habito.
ResponderEliminarPegando na expressão inglesa da nossa amiga Pézinhos "brainstorming" (e o meu brain, sinto por vezes que está no epicentro de uma stormingada colectiva de que difícilmente consigo tira-lo) e ainda na linha do pensamento que deixei expresso anteriormente, coloco um desafio mental: Suponhamos que acontece um cataclismo, algo do género que sucedeu em 1755, mas a nível mundial e que metade da população desaparece. É necessário reconstruír o país e, o resto do mundo está também a sacodir a cabeça, ainda não refeito da catástrofe. (nota: já bati 3 vezes na madeira com os nós dos dedos, peço a quem ler este comentário que faça o mesmo, não cortem a corrente, se o fizerem, arriscam-se a... durante 7 anos não terem filhos) Adiante.
A questão que coloco é a seguinte:
Perante este cenário e a impossibilidade de a sociedade e o estado se poder organizar de modo a prestar apoios à natalidade, deixariam os restantes casais de procriar?
Concordo Tonibler. Em parte !
ResponderEliminarE porque não (tb) os pais (homens) ?
Fiquei agradavelmente supreendida, um destes dias, ao deslocar-me a um SAP, por necessidade de fazer um penso, em resultado de acidente doméstico, que me provocou uma queimadura na mão direita, porque quando estava sentada na sala de espera, fui assistindo à entrada e tb saída da consulta, de pais jovens, com meninos e meninas (os filhos) pela mão. As mães não estavam presentes. E pensei: Talvez as mães ainda estejam a trabalhar.
Sinais de mudança. Uma mudança positiva. Refiro-me à mudança de práticas, a de os pais jovens aderirem aos cuidados directos dos seus filhos. Uma função que noutros tempos, apenas cabia às mães.
Na verdade, tb defendo o ponto de vista de que, nos primeiros anos de vida, as mães (ou os pais !!!!) deveriam poder ficar em casa, a tomar conta dos seus filhos. A sociedade teria a ganhar muito com isso. É mais um daqueles "investimentos" (o apoio económico de sobrevivência - do Estado - durante esse tempo, pelo menos nos primeiros três anos, de vida) que viria a ter retorno.
Mas para isso, é necessário que o Estado possua capacidade financeira para essa valiosa "despesa".
Será que tem ?
Por outro lado, no Norte da Europa, tanto quanto sei, já é prática este tipo de apoio social.
E a natalidade ? Tem aumentado devido a esse apoio ?
O Caro Bartolomeu com a questão que coloca do cataclismo, parece-me, que se aproxima mais do cerne deste problema:
- Não é só a variável económica que explica, a baixa natalidade, mas tb (e talvez mais) a variável cultural, esta última com "n" sub-variáveis.
Não ter filhos é mais um problema de "opção", do que uma fatalidade (por exº, a pobreza), propriamente dita.
O Caro Frederico aborda uma dimensão muito importante, deste fenómeno, dimensão tb mencionada anteriormente pelo Peter Pan. Aguardo a opinião da Cara Dra. Margarida. E depois se fôr o caso, direi tb alguma coisa ...
Caro Pina
ResponderEliminarSeja muito bem-vindo. A sua não preocupação com a natalidade é perfeitamente legítima, assim como é legítima a opinião daqueles que defendem que é "maravilhosa a escolha de não se ter filhos".
Não vejo que possa haver vida sem vida e não comungo da ideia que a natalidade se resuma a uma questão de "números"!
Caro Tonibler
Concordo que não podemos ter as "mães" na rua. Ou estão em casa a tratar dos filhos ou então estão a trabalhar.
E concordo com a nossa amiga pézinhos n areia. Os pais também não devem andar na rua. Costumam estar a trabalhar, mas deverão cada vez mais partilhar com as suas mulheres/mães a educação dos filhos e os trabalhos domésticos. As mulheres foram trabalhar e os homens o que fizeram? Continuaram a trabalhar. Seria bom que fossem também algum tempo para casa.
Concordo Caro Tonibler que não é com 2,5 euros por filho que as mães e os pais podem prescindir do rendimento do trabalho para irem para casa trabalhar!
Caro Peter Pan
Seja muito bem-vindo. A ilustração do seu caso deixa bem evidente os extremos em que se vive neste País, como muito bem nota o nosso Caro Frederico: "ou vivemos nas áreas metropolitanas, em condições sub-humanas, ou num interior sem um projecto "potente" de desenvolvimento social".
É assim que estamos, com a qualidade de vida a deteriorar-se nas cidades e com a falta de condições para reter e atrair populações no interior.
As políticas públicas das últimas décadas produziram estes resultados. Aqui o progresso ficou do lado de fora da "porta"!
Caro Frederico
Obrigada pelas suas simpáticas palavras. Excelente achega que nos dá para o “brainstorming” iniciado pela nossa amiga pézinhos n' areia.
Já reparou que não conseguimos viver descansados com a nossa demografia? Ao fenómeno da emigração que levou milhões de portugueses a despovoarem o Pais, assistimos hoje à desertificação do interior, com a concentração da população no litoral em subúrbios empobrecidos e sem qualidade de vida.
Continuo a olhar para o interior do País como um local pelo qual poderá passar o nosso futuro, a par do turismo que apresenta um elevado potencial económico. Mas ambas as áreas requerem uma visão política coerente e estável e a definição de planos de desenvolvimento bem estabelecidos, que permitam a formulação de expectativas duradouras de médio e longo prazo que mobilizem os agentes económicos e sociais para aí se fixarem. Não é com o despovoamento dessa zonas que podemos contribuir para o desenvolvimento do nosso País e ambicionar viver com mais qualidade de vida, com alternativas que passem por desconcentrar o litoral.
Caro Bartolomeu
A II Guerra Mundial deixou a Europa completamente destruída, sem pessoas e sem estruturas económicas e sociais. A reconstrução foi feita a partir das cinzas e o milagre do babyboom aconteceu sem que alguém o tivesse planeado e previsto.
O seu desafio mental deixa-me quase bloqueada numa resposta racional ao problema. Como poderei advogar uma catástrofe natural ou uma guerra para fazer crescer a natalidade! No princípio eram só dois e multiplicaram-se! E assim foi na idade da pedra, na idade média até aos dias de hoje. Os comportamentos e os valores sofreram mutações que influenciam o nosso “modus vivendis”. A dicotomia entre ricos e pobres não explica as baixas e altas taxas de natalidade! Por cá, neste rectângulo à beira mar, há uma importante parte da população que vive com muitas dificuldades e que nem por isso verifica taxas de natalidade mais elevadas. Não há uma única razão para explicar a baixa da natalidade. Se assim fosse, seria mais fácil resolver o assunto!
Cara pézinhos n' areia
O nosso Caro Tonibler talvez reconsidere a opinião. Os pais também fazem muita falta em casa!
O aumento da licença de maternidade e paternidade seria desejável, com um possível acompanhamento dos filhos nos seus três primeiros anos de vida. Esta possibilidade levanta alguns problemas/desafios que mereciam ser estudados:
- Conciliar o aumento da licença de maternidade, em particular, com a necessidade de não prejudicar o acesso das mulheres jovens ao mercado de trabalho;
- Criar uma prestação social a conceder aos pais que interrompam a sua actividade profissional para acompanharem os filhos até aos três primeiros anos de vida.
Estas medidas geram evidentemente despesa pública. Mas não é o único critério. Há que avaliar o custo/benefício. É por isso que este tipo de medidas devem ser amplamente discutidas, pois estão em causa modelos económicos e sociais que implicam da parte da sociedade a sua compreensão e aceitação. Aceitar significa estar disposto a suportar hoje uma despesa porventura superior, para no futuro ir colher o benefício. Mas é justamente para estudar e decidir sobre estas matérias que existem os governos, que também têm que arbitrar interesses e estabelecer prioridades.
Por tudo o que já por aqui foi dito, mantenho a minha opinião de que há um debate que continua por fazer sobre a natalidade!
É evidente que não há vida sem vida. Mas a vida não pode ser uma obsessão..
ResponderEliminarÁ de Moura Pina
Cara Margarida,
ResponderEliminarSe a ideia é aumentar a natalidade, então o necessário é levar as mães para casa tomar conta dos filhos. Os pais não vão resolver nada nem me parece que a figura de mãe parideira que despeja o filho em casa com o pai traga grandes vantagens face à figura da mãe parideira que despeja os filhos no infantário.
Caríssima Margarida,
ResponderEliminarPartilho consigo a mesma dúvida: Vamos continuar a aguardar que as campainhas continuem a tocar, ou vamos - tal como estamos a fazer neste instante - dedicar algum do nosso tempo numa causa que de forma supra partidária deve ser debatida e posteriormente alvo de propostas de lei?
Sentimos ou não que existe um caminho que poderemos trilhar para que a campainha possa parar de tocar?
É o meu repto.
Cara Margarida,
ResponderEliminarBom do Post.
Quanto ao resto, essa cena de meter as «mães em casa» a tomar conta dos putos é algo que nem sequer me apetece qualificar, quer seja dito a sério, quer seja dito a brincar.
Estou, também, muito de acordo com o que diz a Pézinhos mas, percebo igualmente que há coisas que não vão lá nem com o aumento dos abonos e benefícios.
Na minha opinião, há mulheres cuja realização máxima é ter um bandinho de catraios, aos berros por todo o lado e agarradinhos à barra da saia, há mulheres que esqueçam lá isso e depois há outras que não têm filhos porque simplesmente o dinheiro não chega para tudo e há que estabelecer prioridades.
No que respeita a estas duas últimas categorias, não é a abanarem com um chequezito de 500,00 € à frente dos seus narizes que as vão convencer a ter um rebento (excepto se for uma comparticipação de carácter mensal, prolongada por 18 anos e mesmo assim está, claramente, subvalorizada. Pois 108.000,00 € ao fim de 18 anos não é nada. Os pais gastam bem mais do que isso ao longo do mesmo tempo, mas pronto a ideia subjacente é a da comparticipação e não a de cobrir a totalidade dos custos).
Ter um puto, de hoje em dia, é um custo. Principalmente quando saiem cada vez mais tarde de casa e além disso, não há garantias de que sejam eles a tomar conta de nós quando formos velhinhos. Aliás pelo que se vê nos hospitais públicos, a maior parte deles quase que funciona como local de despejo de velhinhos (odeio esta figura, mas não posso fugir a ela porque é verdade).
Isto tudo para dizer o quê? Que há coisas que não se resolvem por decreto. Esta foi a sociedade que se construiu ao longo do tempo. Sociedade essa que alterou substancialmente o conceito de Familia conduzindo a uma alteração estrutural. Como em tudo, há que saber lidar com isso e eventualmente corrigir desvios.
Caro Anthrax, não percebo bem a que tipo de desvios se refere, mas se o conceito de Família se alterou, deve ser a Sociedade a encontrar respostas de ajustamento e satisfação das necessidades desse novo Conceito.
ResponderEliminarOs desvios só existirão na medida em que "sociedade" e "família" se afastem ou vivam de "costas voltadas".
Para o comentário de Tonibler:
- GOD SAVE THE QUEEN, My Dear !
(no comments ...)
:-)))
Cara Pézinhos,
ResponderEliminarSabe de uma coisa? Concordo que deva ser a sociedade a encontrar os seus próprios equilíbrios. No entanto, isso não quer dizer que não se promovam e/ou criem condições para acelerar ou travar determinadas tendências.
Outra coisa, se considerarmos que a família é a base de uma sociedade, tudo o que se passar numa família vai ter, inevitavelmente, reflexos na sociedade. Uma alteração ao conceito tradicional de família, vai também provocar alterações na sociedade. Não está bem, nem está mal, não é bom, nem é mau. É apenas uma alteração.
A baixa taxa de natalidade é um desvio. Pode-se tentar travar ou inverter a tendência, sendo que se tentarmos travar apostamos em medidas de curto prazo e distribuímos mais uns tostõezitos. Se quisermos inverter a tendência, a conversa de distribuir uns tostõezitos não chega porque as intervenções terão de ser ao nível da estrutura e a longo prazo.
Politicamente, o longo prazo é sempre uma ideia terrível porque não traz benefícios eleitorais.
Boas tardes!
ResponderEliminarJulgo que andamos todos à volta do mesmo.
A questão para mim é sintetizada da seguinte forma: Criar condições para que quem queira ter mais filhos o possa concretizar.
Sabemos que existem casais que não querem ter filhos e estão no seu direito. Mas os que querem, devem ser apoiados pelo estado no âmbito de uma politica de natalidade.
FL
Cara Margarida,
ResponderEliminarPenso que uma campanha extremamente interessante, e que merece ser seguida com atenção é aquela que começou agora a ser exibida na Alemanha: www.du-bist-deutschland.de (para uma explicação em castelhano, ver em www.gaceta.es, “Tú no eres un lujo, eres impagable”)
Caro Anthrax
ResponderEliminarNota muito bem que não havendo benefícios eleitorais o assunto perde apetite político. É mesmo assim. Mas é por isso mesmo que é necessária a coragem de discutir a questão da natalidade de forma séria, aberta e alargada. As decisões ou não decisões de hoje têm efeitos amanhã. É preciso que haja uma consciência colectiva dos problemas – que não são um exclusivo deste ou daquele grupo, mas sim um “exclusivo”, isso sim, de toda a sociedade - de possíveis medidas que os poderão atenuar, dos custos envolvidos que queremos ou não assumir e o mesmo em relação aos benefício que se podem ou não gerar.
Cara Pezinhos n' Areia
Nota muito bem que compete à sociedade encontrar os ajustamentos que em cada momento melhor ajudem a uma melhor compatibilização da sua própria evolução com a necessidade de assegurar uma evolução mais humanizada.
Caro Frederico
Sintetizou muito bem:
“A questão para mim é sintetizada da seguinte forma: Criar condições para que quem queira ter mais filhos o possa concretizar.
Sabemos que existem casais que não querem ter filhos e estão no seu direito. Mas os que querem, devem ser apoiados pelo estado no âmbito de uma politica de natalidade.”
Caro Jorge Ribeirinho Machado
ResponderEliminarSeja muito bem vindo. Muito obrigada pelo contributo.
A sua chamada de atenção para a campanha (tradução do alemão para o espanhol) “Tú no eres un lujo, eres impagable” é muito útil para o "brainstorming" que temos vindo a fazer aqui no 4R sobre a natalidade.
E é muito oportuna nestes tempos em que precisamos de nos encantar com a riqueza da vida.
Trata-se de uma campanha muito humana e afectuosa, muito inteligente, que desperta para aspectos tão essenciais da vida como é a felicidade.
A natalidade não se decreta, vive-se. Vale a pena lembrar!
o peter pan e a seguir o frederico mencionaram directa ou indirectamente, uma parte da solução (que eu tb partilho) para o problema da natalidade (e não só !):
ResponderEliminar- Tornar o Portugal do interior, o Portugal profundo de fraca densidade populacional, numa prioridade política, de forma coordenada (inter e intra regiões), em termos de projectos económicos, acessibilidades, serviços públicos (deslocalizando de zonas urbanas), benefícios fiscais, programas de apoio ao emprego, à habitação, à educação, à 3ª idade, etc.
Há mais vida para além do Terreiro do Paço ....
:-)
Caríssima Pézinhos N'Areia,
ResponderEliminarAgradeço-lhe sinceramente as palavras.
É uma luta longa, ainda mais porque é supra partidária.
:-)
uma notícia que merece reflexão, do ponto de vista do tema da natalidade, proposto pela Cara Margarida.
ResponderEliminarhttp://www.lefigaro.fr/actualites/2008/01/15/01001-20080115ARTFIG00334-les-francais-font-plutot-des-bebes-hors-mariage.php
Cara Pézinhos n' Areia
ResponderEliminarObrigada pelo link. O tema insere-se na natalidade, mas é bem mais profundo porque estão em causa alterações profundas no conceito tradicional de "família".
Os números publicados reflectem uma tendência que tem vindo a ganhar relevo na "antiga" Europa. Segundo a notícia, em França os nascimentos fora do casamento (50,5%) ultrapassaram os nascimentos dentro do casamento (48,4%).É a primeira vez que tal acontece.
Cara Pézinhos n' Areia
Um dia destes voltarei a este tema. Há muito para discutirmos.