O clima em Portugal é, há muito, de desilusão, de descrédito, de desconfiança e até de uma certa tendência para a auto-destruição. Com estes estados de espírito - para os quais todos acabamos, consciente ou inconscientemente, por contribuir, mesmo aqueles porventura mais esperançados e optimistas - passam-nos ao lado “casos” bem sucedidos da nossa economia que mereceriam da nossa parte mais atenção.
Quero eu dizer com isto, que deveríamos – aqueles que estão em posição de o fazer – transformar esses casos em "boas notícias", essencialmente porque são bons exemplos de que os portugueses também sabem fazer coisas bem feitas, que também podem ter êxitos, que têm empresários empreendedores e que se preocupam em motivar e premiar os seus trabalhadores, que têm visão estratégica e de futuro, que também sabem competir, que também sabem reconhecer a importância da inovação e do desenvolvimento na produção de riqueza, que sabem incluir-se na globalização, que têm visão estratégica, que também querem correr riscos e que sabem investir hoje para colher amanhã.
Tenho escrito várias vezes que devemos falar das empresas e dos projectos bem sucedidos e evidenciar o empreendedorismo económico que contribuem para melhorar a produtividade e a qualidade do investimento e do trabalho.
É neste contexto que deixo aqui a notícia recente sobre o licenciamento do primeiro remédio português, um antiepiléptico cuja molécula foi descoberta e é patenteada pelos Laboratórios Bial, o maior grupo farmacêutico nacional.
Este extraordinário desempenho deve-se à visão estratégica, à capacidade de gestão e ao elevado nível de empreendedorismo da Bial que apostou forte na investigação e desenvolvimento. A empresa direcciona mais de 20% da sua facturação anual para a investigação de novos fármacos, na área do sistema nervoso central e do sistema cardiovascular.
Esta aposta culminou com aquela assinalável marca para a Bial mas também para o País, cujo valor para a melhoria da saúde foi reconhecido internacionlamente.
Segundo dados vindos a público, a Bial investiu nos últimos treze anos cerca de 450 milhões de dólares para este resultado, sem qualquer retorno até à data. O licenciamento exclusivo do novo medicamento antiepiléptico nos mercados dos EUA e do Canadá, que será feito através de uma parceria com uma empresa americana, tem um potencial de facturação que é expectável possa vir a representar 5% de quota do mercado das drogas epilépticas avaliada em 4 mil milhões de dólares.
Casos como estes devem ser notícia. Devem constituir-se como "boas notícias" e portanto serem divulgadas e trabalhadas como tal. Mas não, continuamos a anunciar programas e “choques” e a noticiar desgraças e dramas políticos, sem querermos ver que os portugueses precisam de sentir e acreditar que são exemplos como a Bial que podem realmente mudar o País!
Somos bons ??? Somos sim.
ResponderEliminarSabemos fazer bem, como fazem os outros. E às vezes, com mais obstáculos pela frente.
Também partilho da sua visão positiva, e do eco que é necessário fazer, do sucesso em português, dentro e fora do país.
Aumenta a confiança e a auto-estima de Ser Português.
E que o que sabemos fazer bem, reverta a favor da sociedade no seu todo, com desenvolvimento, com modernidade, e com qualidade de vida para todos.
Cara Pézinhos n' Areia
ResponderEliminarEspero que não leve a mal . É que no seu profile está registado o sexo. Quer dizer, já há muito tempo que sabia.
Mesmo que não estivesse no registo, já tinha descoberto porque nós, as mulheres, temos uns traços muito particulares e especiais, inconfundíveis.
Depois deste apontamento "feminino", gostava de dizer que o seu comentário é um excelente resumo de tudo o que pretendia passar no meu texto.
Afinal não precisamos de "inventar" as coisas positivas. A confiança e a auto-estima são fáceis de destruir, mas alimentá-las não é tarefa fácil. Por isso, só temos boas razões para divulgar e explicar os bons exemplos e os casos bem sucedidos. Não o fazer é realmente um desperdício. Não estamos em condições de fazer desperdícios!
Mmmmmm... eu queria dizer qualquer coisa de construtivo e positivo que fosse para além do facto de concordar com o princípio defendido pela Margarida, mas - de momento - não consigo.
ResponderEliminarVejo tudo tão negro e as pessoas normais com problemas tão graves e a serem perseguidas que - agora sim - não acredito mesmo que consigamos ir a algum lado. Já acreditei, em tempos idos. Agora já não.
O exemplo da BIAL devia ser seguido por muitos dos nossos industriais.
ResponderEliminarO Dr. Luís Portela, Presidente e dono da BIAL, para além de empreendedor e de homem da indústria, é um homem culto. Publicou já vários livros e tem uma personalidade rica. Tem objectivos precisos, soube reunir os meios, arriscou fortemente e vai vencer.
Caro Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarNum país em que tanta coisa não vai nada bem, este exemplo é um "study case" que devia, como muito bem reforça, ser seguido.
Os bons resultados não acontecem por acaso. Não há dúvidas que precisamos de (mais) cultura empreendedora, de (mais) cultura de gestão e de (mais) cultura de risco.
Por isso é para aqui que temos que dirigir as nossas atenções!
Caro Anthrax
Às vezes também partilho, até certo ponto, do seu desconforto. Mas são exemplos como estes que nos devem fazer acreditar que é possível mudarmos!